domingo, 23 de fevereiro de 2014

Clark Gable (1901 -1960)






William Clark Gable foi um dos mais populares actores do cinema norte-americano. Nasceu em Cadiz (Ohio), a 1 de Fevereiro de 1901 e morreu em Los Angeles (Califórnia), a 16 de Novembro de 1960.

Em 1999, o prestigioso Instituto Americano de Cinema considerouou-o como a sétima maior estrela masculina do cinema de todos os tempos.

Gable era filho do fazendeiro e perfurador de petróleo William Henry Gable e de Adeline Hepshelman, descendente de alemães e irlandeses. O verdadeiro apelido do pai de Clark era Goebel, mas foi "anglicizado", nos Estados Unidos, para Gable. O departamento de publicidade da MGM "criou" a ideia de que Gable era descendente de holandeses e irlandeses, e não de alemães, devido à ascendência do nazismo na época do sucesso de Gable, facto que poderia sugerir proximidade com o nome de Joseph Goebbels. Clark era o sobrenome de solteira da sua avó.

Com alguns meses de vida, Clark perdeu a sua mãe, devido à fragilidade, às condições do parto que a debilitaram, e à epilepsia. Há a probabilidade de ela ter falecido de um tumor cerebral. Antes de morrer, a mãe batizou-o na religião católica, mas após sua morte, o lado paterno da família não aceitou tal baptismo, o que originou problemas com a família de Adeline, que só foram resolvidos quando o pai mandou Clark morar com o tio materno, Charles Hershelman, em Vernon, na Pensilvânia. 

Até aos dois anos, Clark esteve sob cuidados dos tios maternos, tendo então o seu pai acabado por o levar de volta para Hopedale (Ohio). O pai tinha casado novamente, em Abril de 1903, com a chapeleira Jannie Dunlap, mulher culta e gentil, que criou Clark como se fosse seu filho.

Gable estudou na Hopedale Grade School, e depois na Edinburg High School. Na escola, fez parte de uma equipa desportiva, para além de tocar trompete. Um dos seus amigos, Andy Means, tinha conseguido emprego numa fábrica de pneus, B. F. Goodrich, em Akron, e Gable resolveu acompanhá-lo, abandonando os estudos aos dezasseis anos.

Em Akron, assistiu à peça "The Bird of Paradise", e decidiu que queria ser actor. Conseguiu um pequeno trabalho, à noite, na companhia teatral, como "moço de recados". Passado um ano, a sua madrasta morreu e Clark, acompanhado do pai, foi a contragosto para os campos petrolíferos de Tulsa. Chegou a trabalhar nos poços de petróleo, e como domador de cavalos, mas nunca deixou de lado a sua ideia de se tornar actor.

Com 21 anos, herdou do avô 300 dólares. Abandonou os negócios do pai, e foi para Kansas City. O pai, frustrado, chegou a ficar dez anos sem falar com Clark
.
Em Kansas City, Clark integrou uma companhia de teatro ambulante, a Jewell Players, que acabou por se dissolver, passados dois meses.Partiu então para o estado do Oregon,onde chegou a ser vendedor de gravatas numa loja, Meier & Frank. Um colega da loja, Earle Larrimore, juntou-se a um pequeno grupo de teatro de partida para Astoria, e Gable decidiu acompanhá-lo. Uma das integrantes do grupo, a actriz Franz Dorfler, apaixonou-se por ele, e chegaram a ficar noivos, não chegando,no entanto, a casar. Posteriormente, Dorfler escreveria um artigo intitulado "Eu fui namorada de Billy Gable", publicado no livro "The Films of Clark Gable", de Gabe Essoe.

Em Portland (Oregon), Gable trabalhou para um jornal e para a companhia telefónica local, enquanto tinha lições de canto. Filiou-se a outro grupo de teatro, dirigido pela ex-atriz Josephine Dillon, 14 anos mais velha que ele, mas que o influenciaria muito. Josephine ensinou-lhe postura, entoação, representação, financiou o "arranjo" dos seus dentes e "corrigiu" o seu estilo de cabelo, preparando-o para uma futura carreira cinematográfica.

Em 1924, quando Josephine Dillon foi para Hollywood, Gable acompanhou-a e, a 13 de Dezembro daquele ano, acabaram por casar. Foi nessa altura que trocou o seu nome de W. C. Gable para Clark Gable". Com a influência de Josephine, conseguiu participação como figurante em filmes como The Plastic Age (1925), estrelado por Clara Bow, "Forbidden Paradise" e uma série intitulada "The Pacemakers".

Entre 1927 e 1928, Gable actuou com a Laskin Brothers Stock Company, em Houston, onde fez diversos papéis, ganhando considerável experiência e tornando-se num ídolo local. Gablefoi então, para Nova Iorque e conseguiu trabalho na Broadway. O Morning Telegraph escreveu sobre ele: "He's young, vigorous and brutally masculine".

Em 1930, após uma impressionante actuação como Killer Mears na peça "The Last Mile", lançada pela sua esposa, em Los Angeles, Gable teve óptima recepção da crítica, o que lhe angariou vários testes para o cinema. Um desses testes ficou famoso, quando Darryl F. Zanuck o testou para o papel de "Little Caesar", em 1931, e o rejeitou, alegando: "Não serve para o Cinema. As orelhas são grandes e parece-se com um macaco".

No entanto, a agente Minna Wallis viu o teste e ficou bem  impressionada, levando-o para a Pathé, O seu primeiro papel num filme sonoro foi o de vilão num western de William Boyd "The Painted Desert", em 1931. Por essa altura, passou a receber diversas cartas de fãs, em resultado de sua voz e actuação.

Gable despertou então o interesse da MGM, que resolveu confiar-lhe um papel em "The Easiest Way"(1931), ao lado de Constance Bennett, Robert Montgomery e Anita Page. O seu nome, porém, era o último do elenco. O seu sucesso fez com que a MGM renovasse o seu contrato por mais dois anos.

Após alguns papéis de vilão em diversos filmes, Gable alcançou fama como o marginal de "A Free Soul" ("Uma Alma Livre"), em 1931, quando dominou o filme, ao lado de Norma Shearer. Houve mesmo tentativas do então marido da actriz, o produtor Irving Thalberg,, a tentar modificar o argumento "distanciando-o" de Shearer o mais possível.

Louis B. Mayer e o diretor de publicidade Howard Strickling - que se tornaria num dos grandes amigos de Gable - tiveram a ideia de lançar um novo tipo de galã, movido menos pelo romantismo e mais pelo cinismo, domínio e sex-appeal agressivo, características mais compatíveis com o período de violência e agitação da Grande Depressão. Gable abriu as portas, portanto, para outros heróis do período, tais como James Cagney, Humphrey Bogart, Spencer Tracy e George Raft.

Em 1933, devido às suas insubordinações e tentativas de escolher ele próprio os seus papéis, Gable foi "emprestado", como "castigo", para a então modesta Columbia, para o papel do repórter Peter Wayne no premiado "Aconteceu uma noite" ("It Happened One Night"), de Frank Capra, o qual lhe valeu o Óscar de actor. Robert Montgomery tinha sido a primeira escolha, antes, para o papel de Wayne, mas recusou-o por achar o "argumento pobre".Sobre a actuação de Gable neste filme há uma lenda que persiste até hoje: Gable exerceu um profundo efeito sobre a moda masculina da época, quando, neste filme, apareceu numa cena em tronco nu, contrariando o costume então vigente. Vendedores de roupas masculinas de todo o país confirmaram que houve uma queda na venda de camisas nesse período.

Gable, transformado por Capra em grande comediante, fugia assim do estereótipo de galã que até então utilizara, transformando-se no galã romântico que viria a ser a sua "imagem de marca".

Mas ainda estava para interpretar o grande papel da sua vida. Apesar da sua relutância inicial em desempenhar o papel de Rhett Butler em "Gone With the Wind" ("E tudo o Vento Levou"), em 1939, é com este papel que consagra, definitivamente, Gable na história do cinema  Rhett Butler, para além de ter sido o "papel da sua vida", valeu-lhe uma nova nomeação ao Óscar. Carole Lombard, a sua esposa, que sonhava ser escolhida para o papel de Scarlett O'Hara, terá sido a primeira a aconselhá-lo a aceitar. No entanto, apesar de Gable ter aceite o papel, Carlole viu a sua desejada personagem fugir para uma então "quase desconhecida" actriz inglesa que dava pelo nome de Vivien Leigh.

Diz a lenda que a primeira escolha para o papel de Rhett tinha recaído em Errol Flynn, mas que, mercê de uma espécie de "votação" do público "promovida"pela revista Photoplay que apontava Gable como o actor mais desejado para esse papel, os responsáveis do estúdio terão então optado por o contratar. No entanto, as negociações foram complicadas, tendo o produtor pago 40 milhões de dólares à MGM, com quem Gable tinha contratado, para que esta produtora o "emprestasse" para este mítico filme que se viria a tornar num dos maiores clássicos da história da sétima arte.

O último filme de Clark Gable foi The Misfits ("Os Inadaptados"), em 1960 - escrito por Arthur Miller e realizado por John Huston - tinha no elenco Marilyn Monroe e Montgomery Clift. Este filme foi, curiosamente, também, o último filme para estes dois actores. Fica assim na "história" como uma espécie de "filme maldito"...

Dez dias depois de rodar este filme, rodado no deserto sob altas temperaturas, Gable sofreu um enfarte de miocárdio e morreu, vindo a ser sepultado no mausoléu que mandara construir para a sua esposa Carole Lombard e a mãe que, anos antes, tinham morrido num acidente de aviação, perto de Las Vegas. Amigos do actor dizem que ele nunca tinha conseguido recuperar dessa irreparável perda. 

Ao longo de sua carreira de 30 anos, Gable fez 67 filmes, excluídas as "figurações" que efectuou em alguns filmes ainda na época do cinema mudo.



Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia e IMDB.



T O P    F I V E   (Recomendado)



Uma Noite Aconteceu (1934)

Revolta na Bounty (1935)

E Tudo o Vento Levou (1939)

Mogambo (1953)

Os Inadaptados (1961)



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