domingo, 16 de março de 2014

Yasujiro Ozu (1903 - 1963)





Yasujirō Ozu foi um importante realizador de cinema e argumentista japonês. Começou a sua carreira ainda durante a era do cinema mudo. Ozu fez cinquenta e três filmes: vinte e seis nos seus primeiros cinco anos como realizador. Ozu começou por fazer uma série de comédias curtas, antes de se dedicar a temas mais sérios - sua imagem de marca - a partir da década de 1930. 

Nasceu em Tóquio, a 12 de Dezembro de 1903, e morreu em Tóquio, a 12 de Dezembro de 1963.

Temas como o casamento e família, especialmente as relações entre as gerações, são recorrentes na sua obra. Fez grande uso de "reticências" ("elipses cinematográficas"), pois muitos eventos não são representados visualmente. Também usou um estilo de cinema em que a câmara raramente se move e é geralmente posicionada abaixo do nível dos olhos dos actores.
A sua reputação, e respeito dos seus pares, continuou a crescer após a sua morte, sendo amplamente considerado como um dos realizadores mais influentes do mundo.

Nasceu em Fukagawa, em Tóquio, filho de um comerciante de adubo, e foi educado num colégio interno em Matsusaka, não tendo sido um aluno particularmente bem sucedido. Desde cedo, se interessou pelo cinema, aproveitando o tempo livre para ver o máximo de filmes que podia. Trabalhou, por um breve período, como professor, antes de voltar para Tóquio em 1923, onde se juntou à Companhia cinematográfica Shochiku. 

Trabalhou, inicialmente, como assistente de fotografia e de realização. Três anos depois, dirigiu o seu primeiro filme, "Zange no yaiba" ("A espada da penitência"), um filme histórico, em 1927. Os cinéfilos em geral indicam como o seu primeiro filme importante "Rakudai wa shita keredo" de 1930. 

Em Julho de 1937, numa altura em que os estúdios demonstravam algum descontentamento com o insucesso comercial dos filmes de Ozu, apesar dos louvores e prémios com que a crítica o celebrava, é recrutado, com 34 anos, para servir como cabo de infantaria, na China, durante dois anos. A sua experiência militar levou-o a escrever um extenso diário onde se inspirará mais tarde para escrever guiões cinematográficos. 

O primeiro filme realizado por Ozu ao regressar, "Toda-ke no Kyodai" (1941), foi um sucesso de bilheteira e de crítica. Em 1943, foi, de novo, alistado no exército para realizar um filme de propaganda em Burma. Em vez disso, porém, foi enviado para Singapura onde passou grande parte do seu tempo a ver filmes norte-americanos confiscados pelo exército. De acordo com Donald Richie, o filme preferido de Ozu era a obra-prima de Orson Welles', "Citizen Kane" ("O Mundo a Seus Pés").

Ozu começou por realizar comédias, originais no seu estilo, antes de se dedicar a obras com maiores preocupações sociais na década de 1930, principalmente ao focar dramas familiares (género próprio do cinema japonês, chamado "Gendai-Geki"). Outros temas caros ao mestre japonês são a velhice, o conflito entre gerações, a nostalgia, a solidão e inevitabilidade da decadência, como se verifica, de imediato, nos títulos dos seus filmes que evocam o passar do tempo: é frequente que os seus filmes terminem num local ou numa situação directamente ligada com o início, acentuando o carácter temporal "circular" (como as estações do ano ou a alternância das marés) destas obras.

Trabalhou frequentemente com o argumentista (guionista) Kogo Noda; entre outros colaboradores regulares contam-se o director de fotografia Yuharu Atsuta e os actores Chishu Ryu e Setsuko Hara. Os seus filmes começaram a ter uma recepção mais favorável a partir do final da década de 1940, com filmes como Banshun ("Primavera tardia" (1949), "Tokyo monogatari" ("Viagem a Tóquio") (1953)  - considerado a sua obra prima -, e "Ochazuke no Aji" ("O gosto do saké, 1952), "Soshun" ("Primavera prematura") (1956), "Ukigusa" ("Ervas flutuantes") (1959) e "Akibiyori" ("Dia de Outono") (1960). O seu último filme foi "Sanma no aji" (1962). 

Morreu, vítima de cancro, no dia do seu 60º aniversário e foi sepultado no templo de Engaku-ji em Kamakura.

Enquanto realizador era considerado excêntrico e declaradamente perfeccionista. É muitas vezes referido como o "mais japonês dos realizadores de cinema", o que não foi favorável para a sua divulgação no estrangeiro - só tardiamente se começou a mostrar a sua obra no ocidente, a partir da década de 1960. Foi relutante em aceitar a revolução do cinema sonoro - o seu primeiro filme com som foi "Hitori musuko" ("Filho único"). 

O seu primeiro filme a cores foi também tardio: "Higanbana" ("Flores do equinócio"), em 1958. Destaca-se, no seu estilo, um género de plano, filmado a baixa altura, com o operador de câmara de cócoras, o que provoca um determinado efeito de identificação do espectador com o ponto de vista da câmara. Defendia insistentemente os planos estáticos, sem movimento da câmara e composições meticulosamente definidas que não permitiam aos actores dominarem individualmente a cena. É também sua imagem de marca a frontalidade do plano (falsos raccords): num campo-contracampo, por exemplo, quando vemos alternadamente uma pessoa a falar com outra, é dada a impressão que o actor se dirige ao espectador e não à personagem do filme.

A influência de Ozu no cinema oriental é indubitável: Akira Kurosawa e Kenji Mizoguchi, que despertaram primeiramente a curiosidade cinéfila europeia em relação ao cinema japonês são, de certa forma, tributários do seu estilo. Verifica-se que muitos cineastas ocidentais tomaram Ozu como mestre. Wim Wenders filmou "Tokyo-Ga", um documentário sobre Ozu. Jim Jarmusch e Hal Hartley seguem de perto os seus ensinamentos, nos Estados Unidos da América. Em Portugal, João Botelho inspirou-se no seu filme "Viagem a Tóquio" para realizar "Um adeus português".



Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia e IMDB.


T O P    F I V E   (Recomendado)



Sinfonia de Tóquio (1931)

Primavera Tardia (1949)

Bakushû (1951)

Viagem a Tóquio (1953)

O Gosto do Saké (1962)




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