Cary Grant (1904 - 1986)

Cary Grant, nome artístico de Archibald Alexander Leach, foi um actor norte-americano nascido, de origem britânica, dado ter nascido em Bristol, a 18 de Janeiro de 1904. Morreu em Davenport, a 29 de Novembro de 1986. 

Quando criança, Archibald costumava ser vestido como uma menina pela mãe, o que acabaria por lhe causar, na idade \adulta, dúvidas quanto à sua sexualidade. Aos seis anos, o pai levou-o a assistir a um espetaáculo de pantomima que ele adorou. O produtor, Robert Lomas, precisava de mais uma criança pelo que o pai assinou uma guarda provisória, entregando-lhe o filho. Assim, Archie foi integrado na companhia de Lomas que se deslocou para Berlim, na Alemanha. Aí a trupe foi vista pelo empresário americano Jesse Lasky, que os convidou para actuar em Nova Iorque. Com sete anos, o pequeno Archie viu-se, então, a bordo do Lusitânia, com destino à  famosa Broadway.

Acabada a temporada, Archie regressou a casa, em Bristol,, e aos estudos. Com nove anos, passou a viver apenas com o pai pois, certo dia, ao chegar da escola, foi informado que a sua mãe tinha ido passar uma temporada no litoral. Na realidade, tinha sido internada numa instituição para doentes mentais.

Aos treze anos, Archie deixou a escola e, forjando a assinatura do pai, conseguiu entrar para a trupe do comediante Bob Pender. Durante dois anos apresentou-se em diversas cidades de Inglaterra até que, em Julho de 1920, aos dezasseis anos, foi uma das oito pessoas escolhidas por Pender para uma bem-sucedida tournée de dois anos pelos Estados Unidos, no fim da qual decidiu não voltar para Inglaterra.

Trabalhou então como "arrumador" num cinema, vendeu gravatas e fez vários espectáculos de variedades. Ao mudar-se para Hollywood, a\sua bela aparência chamou a atenção de Ben Schulberg, da Paramount. O seu nome, porém, era um obstáculo: era urgente mudá-lo, e foi assim que nasceu "Cary Grant".

A estreia na carreira artística ocorreu em 1932, no obscuro musical "Esposa Improvisada", mas a primeira grande oportunidade chegaria com o reralizador Josef von Stenberg, que o escolheu para fazer par com Marlene Dietrich em "Vênus Loira." Em seguida, actuou em cerca de vinte filmes até chegar ao estrelato em 1935, com o filme "Sylvia Scarlett", ao lado de Katharine Hepburn.

Em 1933, durante um almoço no estúdio, conheceu o actor Randolph Scott, o qual, segundo se sabia, era amante do milionário Howard Hughes. Acredita-se que a atracção entre eles foi imediata e recíproca, e os dois passaram a ter uma relação homossexual. Scott até se mudou para o apartamento de Grant. Muitos produtores chegaram a ameaçá-los de não lhes oferecerem trabalho se não passassem a morar em casas separadas. Assim, face às pressões impostas pela sociedade, Grant nunca chegou a assumir publicamente o que teria sido o grande amor secreto de sua vida.

Em Fevereiro de 1934, os executivos da Paramount basicamente o forçaram a casar com a actriz Virginia Cherrill, mas o falso casamento apenas chamou ainda mais a atenção sobre o "casal" pois, alguns meses depois, Cary Grant tentou o suicídio, ingerindo pílulas para dormir. Em Março de 1935, Cary divorciou-se e voltou a morar com Randolph Scott. Em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, tornou-se cidadão norte-americano e, em 8 de Julho de 1942, casou-se com a milionária Barbara Hutton, de quem se divorciou três anos mais tarde.

A fama internacional foi conquistada em 1946, quando actuou ao lado de Ingrid Bergman no filme de Alfred Hitchcock, "Notorious". Essa fama foi, depois, consolidada em 1957 com "Tarde Demais para Esquecer". Nesse ano, quando estava casado com a actriz Betsy Drake, apaixonou-se perdidamente por Sophia Loren, mas esta não o quis por já se achar seriamente envolvida com o produtor italiano Carlo Ponti. Em seguida, casou-se a actriz Dyan Cannon, sua quarta esposa, da qual se divorciou em 1976. Teve com ela uma filha, Jennifer Grant. Em 15 de Abril de 1981, Cary casou-se pela última vez, com a actriz Barbara Harris.

Ficou mais conhecido pelas suas parcerias com grandes realizadores, como Alfred Hitchcock e Howard Hawks, e pela elegância que sempre evidenciou nas telas. Foi nele que o escritor inglês Ian Fleming se baseou para criar o personagem 007. O convite para a interpretar no cinema foi-lhe feito, mas foi recusado, vindo depois a ser aceite por Sean Connery

Foi nomeado por duas vezes ao Óscar de melhor actor, nos anos 40, pelos filmes "Serenata Prateada" (Penny Serenade, 1941), e "Apenas Um Coração Solitário" (None but the lonely heart, 1944)], mas, talvez por ser um dos primeiros actores independentes dos grandes estúdios, nunca obteve esse prémio durante os seus anos de actividade. Somente em 1970 a Academia lhe concedeu um Óscar pela sua carreira.

Cary Grant encerrou a sua carreira no cinema em 1966 com o filme "Walk, Don't Run", pois, segundo ele, "estava velho para interpretar papéis principais e os seus fãs não aceitariam vê-lo como secundário"
.

Todavia, Cary Grant quase morreu no palco. Teve uma hemorragia cerebral fulminante ao sair do Teatro Adler, em Davenport, Iowa, onde ensaiava o espectáculo "Uma conversa com Cary", aos 82 anos. O seu corpo foi levado para Los Angeles onde, conforme sua vontade, foi cremado sem qualquer cerimónia fúnebre.

Grant avisou a esposa sobre as coisas horríveis que iriam dizer sobre ele depois de morto. "Os mortos não se podem defender", escreveu. "Mesmo que os mais íntimos nos defendam das mentiras, o estrago permanece. Sempre disse à minha mulher e à minha filha para esperarem o pior sobre mim". Cary não as\avisara em vão e sabia sobre o que iriam falar de si.

No entanto, para sua sorte, no cinema o que conta é o que aparece na tela. E nesta ele será sempre o galã irrepreensível que contracenou com Grace Kelly e Audrey Hepburn.

Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia e IMDB.

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