quarta-feira, 7 de maio de 2014

Orson Welles (1915–1985)





George Orson Welles - nascido em Kenosha (Wisconsin), a 6 de Maio de 1915, e falecido em Hollywood, a 10 de Outubro de 1985 - foi um popular e talentoso cineasta norte-americano.

Para além de realizador (46 créditos), foi também foi argumentista (50 créditos), produtor (19 créditos) e actor (119 créditos). Iniciou a sua carreira no teatro, em Nova Iorque, em 1934.

Órfão aos quinze anos, após a morte do seu pai - a sua mãe morreu quando ainda tinha 9 anos - George Orson Welles começou a estudar pintura em 1931, primeira arte em que se envolveu. Adolescente, não via interesse nos estudos e, em pouco tempo, passou a actuar. Tal paixão levou-o a criar sua própria companhia de teatro em 1937. 

Em 1938, Orson Welles produziu uma transmissão radiofónica intitulada "A Guerra dos Mundos", adaptação da obra homónima de Herbert George Wells e que ficou famosa mundialmente por provocar pânico nos ouvintes, que imaginavam estar enfrentando uma invasão de extraterrestres. Um Exército que ninguém via, mas que, de acordo com a dramatização radiofónica, em tom jornalístico, acabara de desembarcar no nosso planeta. O sucesso da transmissão foi tão grande que, no dia seguinte, todos queriam saber quem era o responsável pela tal "partida". A fama do jovem Welles começava. Foi casado com a actriz Rita Hayworth e tiveram uma filha (Rebecca). O casal divorciou-se em 1948.

A sua estreia no cinema, em filmes de longa metragem, ocorreu em 1941 com "Citizen Kane" ("O Mundo a seus Pés"), considerado pela crítica como um dos melhores filmes de todos os tempos e o mais importante dirigido por Welles.

Os elogios a Citizen Kane, assentam em três razões:
Inovação
Welles inovou a estética do cinema, com técnicas até então raríssimas nas produções cinematográficas, como: Ângulos de câmara (uso de plongée (picado) e contra-plongée (contra-picado); exploração do campo (campo e contra-campo), narrativa não linear, edição/montagem (muito sofisticada para e época de sua realização, devido a não linearidade da narrativa).
Coragem
Orson Welles retratou em "Citizen Kane" a vida e a decadência de um magnata da comunicação norte-americana, baseado na história do milionário William Randolph Hearst. O filme foi um marco na carreira do actor. Mesmo estando pronto, "Citizen Kane" quase não saiu, fruto de problemas com Hearst. O filme teve nove nomeações para os óscares, mas apenas ganhou um, o de melhor argumento original. A sua coragem de realizar esta obra prima acabou resultando no fechar de muitas portas no futuro, condenando a Welles a um quase ostracismo no fim da vida.
Dinamismo
Foi realizador, co-argumentista, produtor e actor em "Citizen Kane". O que é surpreendente, pois no cinema quase sempre o acumular de funções acaba por influenciar, de maneira negativa, o resultado final. Mas no caso de Welles surgiu uma obra completamente à frente do seu tempo.

Logo após "Citizen Kane", Welles passou uma temporada no Brasil, onde pretendia filmar o famoso Carnaval carioca para acrescentar ao seguimento "My Friend Bonito", do documentário "It's All True". Mas algo desastroso ocorreu. Sobre o facto, Welles comentou em entrevista ao crítico de cinema, André Bazin: "Era co-dirigido por mim e Norman Foster. Era uma história entre um pobre menino e o seu touro. Depois fizeram outra versão, modificando todas as ideias e refazendo tudo ao modo deles. Eu tinha rodado durante três meses, mas a RKO (estúdio) me despediu. Quando retomaram a ideia não queriam saber mais nada de mim. Tampouco me pagaram nenhum tipo de direitos e actuaram como se fosse uma história original". Esse tipo de problema iria ser uma constante na carreira de Welles, que logo após o fracasso de público de "A Dama de Xangai" (1948) raramente conseguiria realizar um filme à sua maneira, dirigindo quase sempre em condições precárias.

Para se ter um exemplo, as filmagens de Dom Quixote (1959-1972) (Don Quijote de Orson Welles) duraram mais de dez anos, e, mesmo assim, somente uma cópia do filme pode ser vista (hoje já está disponível em DVD).

Tentando continuar a sua carreira, Orson passou as décadas seguintes aceitando papéis de actor, no qual a sua presença e voz marcante, mesmo quando as participações eram pequenas, nunca passavam sem chamar atenção. Ao voltar a Hollywood, depois de uma temporada na Europa, Welles actuaria como um dos co-protagonistas do premiado "The Long, Hot Summer" (1958), dirigiu e actuou em "A Sede do Mal", famoso por ter incluído um plano-sequência de três minutos com um desfecho impactante, e teria um de seus melhores desempenhos em cena no filme "Compulsion", de 1959.

Em 1962 realizou "The Trial", filme baseado na obra " O Processo" de Franz Kafka. Welles considerou este um dos seus mais gratificantes filmes realizados. Em 1979 teve um pequeno papel no filme "The Secret Life of Nikola Tesla."

Orson Welles morreu, de ataque cardíaco, na sua casa em Hollywood, Califórnia, a 10 de Outubro de 1985, aos 70 anos, e, segundo a lenda, teria feito o seguinte comentário sobre a sua profissão antes de morrer: "Este é o maior comboio eléctrico que um menino já teve."

O seu último trabalho foi dobrando a voz do planeta Unicron no desenho animado de longa metragem de 1986 "The Transformers: The Movie".




Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia e na IMDB.



T O P    F I V E   (Recomendado) - como realizador (e também actor)


O Mundo a Seus Pés (1941)

A Dama de Xangai (1948)

Relatório Confidencial (1955)

A Sede do Mal (1958)

O Processo (1962)


Sem comentários:

Enviar um comentário