domingo, 22 de junho de 2014

Stanley Kubrick (1928–1999)





Stanley Kubrick - nascido em Nova Iorque, a 26 de Julho de 1928, e falecido em St Albans, Hertfordshire (Inglaterra), a 7 de Março de 1999 - foi um cineasta, argumentista, produtor de cinema e fotógrafo americano. Considerado um dos mais importantes cineastas de todos os tempos, foi autor de grandes clássicos do cinema, como "Spartacus" (1960), "Dr. Estranho Amor" (1964), "2001 - Uma Odisseia no Espaço" (1968), "Laranja Mecânica" (1971), "Barry Lyndon" (1975), "Shining" (1980), entre outros. A sua originalidade e persistência, aliadas a uma técnica meticulosa, profunda e paciente colocam-no no panteão dos mais influentes realizadores da história.

Na sua infância, no bairro do Bronx, não era o que se podia chamar de "aluno exemplar". Raramente fazia os trabalhos de casa e as suas notas não eram das melhores. Mas, apesar disso, tinha o reconhecimento do pai pela sua mente criativa. Foi este quem o encorajou a aprender xadrez (tornou-se um especialista) e lhe deu a sua primeira máquina fotográfica. Ainda na adolescência, visando a carreira de fotógrafo, conseguiu emprego na conceituada revista Look, mas logo Kubrick descobriu que o seu futuro estava ligado a outro tipo de câmara.

Estreou-se como cineasta com curtas-metragens, aos 22 anos. Aos 25, obteve uma grande ajuda financeira do pai, que penhorou a casa para a produção de "Medo e Desejo" ("Fear and Desire"), de 1953, a sua primeira longa-metragem. Considerou o trabalho amador e, mesmo com algumas boas críticas, logo tratou de retirar o filme de circulação. Até hoje, o filme permanece fora de catálogo, tendo sido exibido poucas vezes em festivais ou distribuído ilegalmente. 

Logo após, Kubrick realizaria outra longa metragem, Killer's Kiss ("O Beijo Assassino"), de 1955, outro filme pouco divulgado e de difícil acesso. Mas é a partir de The Killing ("Um Roubo no Hipódromo"), de 1956, que a sua carreira começa a "descolar". A trama, que anda à volta de um plano de assalto, chamou a atenção de alguns produtores. Apesar disso, teve dificuldades com a adaptação da novela "Paths of Glory". O filme homónimo ("Horizontes de Glória") foi "estrelado" pelo astro Kirk Douglas, que o ajudou a levar o projecto a bom porto, depois deste ter sido rejeitado pelos estúdios. Kubrick acabou por fazer um dos filmes anti-guerra mais poderosos que o mundo do cinema já viu. Focado não em heróis, mas sim em covardes. Apesar das excelentes críticas, "Paths of Glory", de 1957, foi proibido em alguns países, incluindo a "liberal" França.

Kirk Douglas gostou muito de trabalhar com Kubrick, pelo que o convidou para realizar o épico "Spartacus" (1960), logo após a "tensa" demissão do veterano realizador Anthony Mann. Mann já havia filmado boa parte da produção quando Kubrick, com apenas 29 anos, assumiu o seu lugar. A boa relação com Douglas viria por água a baixo quando "diferenças criativas" se confrontaram. Kubrick perdeu a batalha e viu-se obrigado a filmar sem poder colocar algumas das suas ideias em prática. Mesmo com o sucesso do filme, decidiu que, dali por diante, só iria aceitar projectos nos quais pudesse ter total liberdade criativa. 

Foi com esse pensamento que se mudou para Inglaterra, em 1962. No mesmo ano, começa as filmagens de "Lolita" (1962), clássico da literatura escrita por Vladimir Nabokov. A curiosidade sobre a adaptação da obra de Nabokov deu grande visibilidade ao filme, que, mesmo imerso em polémicas (a relação entre um homem de meia-idade e uma adolescente era a principal delas), se torna outro grande sucesso de crítica. Dois anos depois, lança outro clássico absoluto: "Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb" ("Dr. Estranho Amor"), 1964. Tendo como tema a ameaça nuclear, o filme é uma comédia de humor negro com actuações e argumento primorosos. Para actuar, Kubrick chamou o comediante inglês Peter Sellers, que se desdobra em três papéis, incluindo o de presidente dos Estados Unidos e George C. Scott (que alguns anos mais tarde se destacaria de vez em "Patton"). Entre os vários momentos clássicos, está o final, com direito a um "major cowboy" montado numa bomba atómica, em pleno ar. Este trabalho rendeu a Kubrick a sua primeira nomeação ao Óscar de melhor realizador.

Cinco anos de produção foram necessários para o desenvolvimento de "2001: A Space Odyssey" ("2001: Uma Odisseia no Espaço"), de 1968, para muitos o melhor filme de ficção científica até hoje filmado. Foi escrito ao mesmo tempo em que o livro homónimo de Arthur C. Clarke estava em produção. Clarke, inclusive, deu assistência na criação do argumento. "2001" teve uma recepção fria da crítica, mas obteve sucesso junto ao público. Até hoje, possui - como sua força maior - as músicas de Richard Strauss, "Assim falou Zaratustra" e de Johann Strauss II, "Danúbio Azul". Os efeitos especiais, inovadores para a época, garantiram ao filme o Óscar dessa categoria.

Novamente nomeado para melhor realizador, Kubrick vê o seu prémio escapar. Logo após, aborrecido com o cancelamento da longa metragem sobre Napoleão Bonaparte que tinha em mãos, avançou para outra adaptação. Dessa vez o livro é "A Clockwork Orange" ("Laranja Mecânica"), de 1971, de Anthony Burgess, focado na violência humana, principalmente, na juvenil. Causou grande polémica na época de seu lançamento e foi acusado de "incitar à barbárie". Na história, quatro jovens da classe trabalhadora passam as noites cometendo as maiores atrocidades: brigar, roubar, violar… são apenas algumas delas. A vida de um deles, Alex, (Malcolm McDowell) toma um rumo diferente quando o mesmo vai para a cadeia. Considerado o seu trabalho mais controverso, rendeu-lhe outra nomeação ao Óscar e... outra derrota.

Nos anos seguintes, três filmes totalmente diferentes: um longuíssimo filme de época, uma fita de terror de "gelar a espinha" e a sua visão da Guerra do Vietname. 

O primeiro é "Barry Lyndon" (1975), uma belíssima obra saída de uma novela de William Makepeace Thackeray. Apesar de ser pouco conhecido, o filme é considerado por muito dos fãs de Kubrick, entre eles Martin Scorsese, como o seu melhor trabalho. Isto porque nele nele é perfeitamente visível o seu perfeccionismo, característica marcante na sua carreira. "Barry Lyndon", interpretado magistralmente por Ryan O'Neal, é uma espécie de "talentosa fraude" que inevitavelmente é expulso de onde quer que se meta. A fotografia do filme, dirigida por John Alcott - trabalhando sob a orientação técnica de Kubrick - saiu vencedora do Óscar da categoria, e é outro momento inesquecível. Kubrick usou lentes criadas pela NASA para poder filmar alguns interiores que - detalhe importantíssimo - foram iluminados apenas com velas. Mesmo com todo o esmerado cuidado de produção, "Barry Lyndon" fracassou nos Estados Unidos, mas obteve relativo sucesso na Europa. Ganhou quatro estatuetas douradas, mas de novo o admirável trabalho de Stanley como realizador não foi reconhecido pela maioria votante. 

Voltou a ter um novo sucesso mundial com o clássico "Shining" (1980), adaptação da obra de Stephen King, que conta a história de uma família que passa a temporada de Inverno num hotel nas montanhas, isolada do mundo. Até hoje, "Shining" continua a fazer sucesso onde quer que seja exibido. 

Quase no final dos anos 1980, Kubrick ressurgiu, dando ênfase à guerra: desta vez a do Vietname. Saída do livro de Gustav Hasford, "Full Metal Jacket" ("Nascido Para Matar"), de 1987, quase que uma versão "kubrickiana" de "Apocalypse Now". O filme é praticamente dividido em duas partes: a preparação para a guerra na fase da recruta de um batalhão e o ambiente de combate. Kubrick assumiu, mais tarde, ter ficado frustrado com o facto de que o facto de, antes da estreia do seu filme, terem estreado duas outras longas metragens sobre o tema que vieram a ter muito sucesso - "The Killing Field" ("Terra Sangrenta"), de 1984, e "Platoon", de 1986 - retiraram algum "impacto" à sua fita. Como destaque desta produção está o imenso set erguido em Londres para a batalha final.

Entre este filme e a sua última longa-metragem até "Eyes Wide Shut" ("De Olhos Bem Fechados"), em 1999, passou-se um longo período de 12 anos sem surgir nada assinado por Stanley. Lançado em 1999, o filme protagonizado pelo (até então) casal número um dos Estados Unidos, causou uma grande comoção entre os amantes da sétima arte. Tom Cruise e Nicole Kidman interpretam um casal em crise, na adaptação de um romance escrito por Arthur Schnitzler, chamado "Traumnovelle". Dois anos foi o longo período de filmagens, tempo que o perfeccionismo de Kubrick achou necessário para a conclusão do filme, mas não o necessário para agradar à crítica e ao público. 

Kubrick faleceu enquanto dormia, devido a um ataque cardíaco, no dia 7 de Março de 1999, não testemunhando a fria recepção que o seu último trabalho obteve. O último projecto cinematográfico em que esteve envolvido, mas que por questões de saúde não dirigiu, foi "AI:Inteligência Artificial", mais tarde realizado por Steven Spielberg que procurou fazer o filme como Kubrik o gostaria de ter feito. Encontra-se sepultado em Childwickbury Manor, (Hertfordshire) em Inglaterra.




Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia e na IMDB.


T O P    F I V E   (Recomendado)


Lolita (1962)

2001: Odisseia no Espaço (1968)

Laranja Mecânica (1971)

Shining (1980)

Full Metal Jacket - Nascido Para Matar (1987)




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