quarta-feira, 16 de abril de 2014

Nicholas Ray (1911–1979)





Nicholas Ray, nome artístico de Raymond Nicholas Kienzle, foi um cineasta norte-americano que dirigiu vários clássicos de Hollywood, como "Rebel Without a Cause" ("Fúria de viver"), em 1955, e "Wind Across The Everglades" "A Floresta Interdita"), em 1958, entre muitos outros.

Nasceu em Galesville (Wisconsin), a 7 de Agosto de 1911, e morreu em Nova York, a 16 de Junho de 1979. 

Nicholas Ray estudou arquitectura com Frank Lloyd Wright e trabalhou no teatro, como actor, sob a direcção de Elia Kazan e John Houseman.

Começou a fazer cinema depois do término da Segunda Guerra Mundial. O seu primeiro filme data de 1948. Tornou-se, rapidamente, um realizador com marcas distintivas fortes: heróis frágeis, palpáveis, que tentam sobreviver num mundo cuja chave de decifração não detêm. Nesse mundo, a omnipresente violência física e mental convive com a possibilidade de uma paixão arrebatadora.

Os seus primeiros filmes, frequentemente, focalizavam tipos marginalizados como heróis. No seu primeiro filme como realizador, o lírico "Filhos da noite", de 1948, Farley Granger fazia o papel de uma assaltante de bancos indeciso na sua fuga com a namorada. Em "Matar ou não matar", de 1950, Humphrey Bogart era um argumentista auto-destrutivo acusado de assassinato. Em "Cega Paixão", de 1951, Robert Ryan era um policial amargo, e "Johnny Guitar", de 1954, trazia Joan Crawford como uma conivente dona de saloon.

Em "Matar ou não matar", a estrutura básica de "Fúria de viver" estava montada: um policia (Robert Ryan), nitidamente afectado pelo desencanto e pelo ambiente em que vive, passa a agredir violentamente os criminosos que persegue. Depois do enésimo caso de violência acima do aceitável, é conduzido a uma investigação no campo onde encontrará uma mulher cega (Ida Lupino), por quem se apaixonará, mesmo que isso implique reconsiderar a sua relação com a violência e o seu poder auto-destrutivo. O talento e a fluência de Nicholas Ray para filmar essas cenas extremas - tanto os arroubos de violência quanto os delicados momentos da paixão nascente - não fascinou, inicialmente, a crítica norte-americana, mas encantou os então jovens críticos da revista Cahiers du Cinéma, que o classificaram, desde logo, como o mais importante cineasta do pós-guerra (Éric Rohmer, na sua crítica sobre "Fúria de viver", Cahiers nº 59). Jean-Luc Godard acreditava mesmo que Ray era a expressão pura do cinema.

Em "Fúria de viver", Nicholas Ray encontrou um actor perfeito para designar todos os estados de espírito com os quais mais gostava de trabalhar: James Dean que é, ao mesmo tempo, um rosto de criança abandonado pela vida e, inversamente, a possibilidade de uma explosão de violência quando menos se espera. Mal ou bem, os protagonistas mais importantes de Nicholas Ray, de 1949 a 1955, são adultos abandonados, como Sterling Hayden, Humphrey Bogart ou Robert Ryan.

Os seus últimos filmes foram duas super-produções rodadas em Espanha, nos quais não teve total controle directo na realização, devido às imposições do produtor Samuel Bronston: "King of Kings" ("Rei dos Reis"), de 1961, é, no entanto, um belo filme sobre a vida de Cristo, cujo ponto marcante é a cena do Sermão da Montanha, que Ray dirigiu com muita competência, recorrendo, para além dos actores, a sete mil figurantes, além da bela trilha sonora de Miklos Rozsa, e "55 Dias em Pequim", de 1962, sobre a ocupação inglesa e norte-americana na China, na época dos boxers. Neste seu último filme, Ray sofreu, durante as filmagens, um enfarte.

Abandonando a realização e Hollywood, dedicou-se ao ensino universitário, leccionando Cinema e Realização até meados dos anos 70, quando descobriu que tinha cancro. Wim Wenders, que muito o admirava, colocou-o, como actor, no seu filme "O Amigo Americano", de 1977,  e co-realizou com ele o documentário "Lightning Over Water", editado em 1980, e que reflecte os últimos momentos de Nicholas Ray e sua luta contra o cancro, a que, finalmente, sucumbiu. Foi cremado e as suas cinzas enterradas no jazigo da sua mãe.

Curiosidades:

Nick Ray casou-se quatro vezes:
- Jean Evans foi a sua primeira esposa, de 1930 a 1940, e de quem se divorciou;
- Gloria Grahame, actriz, com quem foi casado entre 1948 a 1952, e de quem também se divorciou;
- Betty Utey, dançarina e coreógrafa, com quem casou em fins dos anos de 1950, e de quem também se divorciou;
- Susan Ray, com quem casou em 1969, e com quem viveu até seu falecimento, em 1979.

Teve quatro filhos:
- Anthony Ray, que se tornou produtor;
- Timothy Ray, que se tornou cameraman;
- Nica Ray, actriz;
- Julie Ray.

Em 1960, Gloria Grahame, ex-mulher de Nicholas Ray, casou-se com Anthony Ray, filho de Nick e seu ex-enteado, causando um grande escândalo em Hollywood.

Um dos filmes menores de Ray, "The True Story of Jesse James" ("A Justiça de Jesse James"), de 1957, trazia os dois jovens galãs da 20th Century Fox, Robert Wagner e Jeffrey Hunter, como os irmãos foras-da lei Frank e Jesse James. Sempre afeito aos problemas da delinquência juvenil e da adolescência desamparada, Ray queria dar um tratamento humano para Jesse James, mostrando-o como uma vítima da violência e das injustiças sociais, que agia movido pelas circunstâncias da Guerra Civil Americana. Os produtores não concordaram com tanta "generosidade" para com o personagem e alteraram a montagem original e, o filme que era para ser de 105 minutos, foi lançado com metragem de apenas 92 minutos.

Jeffrey Hunter foi sugestão do próprio Ray para interpretar Jesus Cristo no filme Rei dos Reis, seu penúltimo filme, embora não tivesse controle total na realização da película. Há quem diga que foi John Ford que sugeriu a Ray o jovem e belo actor de olhos azuis e triste destino, pois Hunter morreu aos 43 anos, em 1969, após cair de uma escada em sua casa. As principais cenas do filme, dirigidas por Ray, foram O Sermão da Montanha, A Última Ceia, A Dança de Salomé, e a Crucificação de Cristo.

Para a cena do Sermão da Montanha, o próprio Ray coordenou cerca de sete mil figurantes para acompanhar Jeffrey Hunter, o intérprete de Cristo, na descida da montanha, onde uma equipa de operadores construiu cerca de 60 metros de trilhos ao longo das encostas.
Foi o único filme religioso no currículo de Ray, que gostaria de ter dado um tratamento mais humano para o personagem de Jesus, mas submeteu-se às exigências do produtor Samuel Bronston. O filme foi rodado em Espanha e Ray visitou museus e catedrais locais, atento às pinturas de grandes artistas renascentistas, e obras de arte religiosa, como inspiração para a composição e filmagens das sequências da película sacra.

Ray sentiu muito a morte do actor James Dean, pois os dois tinham-se tornado muito bons amigos, inclusive planeavam trabalhar juntos novamente.

A bailarina Betty Utey, com quem foi casado, fez a coreografia da actriz Brigid Bazlen, para a sua personagem Salomé, que dança para o rei Herodes Antipas, pedindo a cabeça de São João Baptista, interpretado por Robert Ryan.

Humphrey Bogart e Robert Ryan foram os actores favoritos de Nicholas Ray.

Robert Ryan, um atcivista de Hollywood, e um actor que gostava de desafios, interpretando personagens que nada tinham a ver com sua personalidade, de início receou o convite de Ray para interpretar o profeta São João Baptista, no bíblico "King Of Kings". Por ser excelente a interpretar vilões, Ryan desejava interpretar Judas, mas Ray manteve a sua intenção em colocar o talentoso actor na pele do profeta do Novo Testamento.

O último filme de Ray, "55 Dias em Pequim", não obteve sucesso, nem de crítica, nem de público. A película, "estrelada" por Charlton Heston, Ava Gardner e David Niven, filmada como uma autêntica superprodução, ajudou a falir os estúdios de Samuel Bronston, em Espanha. Além disso, a película não era fiel aos eventos históricos sobre os boxers.

Quando Ray se retirou em definitivo de Hollywood, passou a dar aulas e a fazer palestras em universidades sobre a arte da realização, e realizou alguns filmes curta-metragens com os seus próprios alunos.




Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia e na IMDB.


T O P    F I V E   (Recomendado)



Matar ou Não Matar (1950)

Johnny Guitar (1954)

Fúria de Viver (1955)

Rei dos Reis (1961)

55 Dias em Pequim (1963)




Sem comentários:

Enviar um comentário