sexta-feira, 18 de abril de 2014

Joan Fontaine (1917–2013)





Joan Fontaine, nome artístico de Joan de Beauvoir de Havilland foi uma premiada actriz anglo-americana, nascida no Japão. É a única actriz que conseguiu ganhar um Óscar (o de melhor actriz principal) pela performance num filme de Alfred Hitchcock, o chamado mestre do suspense, que a dirigiu em "Rebecca" (1940) e "Suspeita" ("Suspicion", 1941), tendo sido este último o que lhe rendeu o prémio.

Joan nasceu em Tóquio, a 22 de Outubro de 1917, e morreu em Carmel-by-the-Sea (Califórnia), a 15 de Dezembro de 2013. Era a filha mais nova da também actriz Lillian Fontaine e irmã da duplamente premiada com Óscar e Globo de Ouro, Olivia de Havilland.

Baptizada como Joan de Beauvoir de Havilland, é a filha mais nova de Walter Augustus de Havilland (1872 - 1968), e de Lilian Augusta Ruse (1886 - 1975). O pai era um advoga do de patentes inglês que trabalhava no Japão, enquanto a mãe era uma actriz, também de nacionalidade inglesa, que actuava no teatro. Os seus pais casaram-se em 1914, tendo-se divorciado em 1919. A sua irmã mais velha é a também famosa actriz Olivia de Havilland (1916), uma das estrelas do filme "E tudo o vento levou" (1939). O seu primo paterno é Sir Geoffrey de Havilland (1882 - 1965), pioneiro da aviação britânica e projectista do famoso avião De Havilland Mosquito.

Quando era ainda bebê, Joan sofreu de uma anemia, pelo que, por indicação médica, a família acabou por se mudar para os Estados Unidos. Estabeleceram-se na cidade de Saratoga, estado da Califórnia. A saúde de Joan melhorou logo depois que a família emigrou. O pai voltou, passado algum tempo, para o Japão, e o casamento foi-se dissolvendo aos poucos.

Embora tivesse deixado a profissão de actriz para se dedicar à educação das crianças, a sua mãe, ainda assim, não deixou de valorizar as artes, pois nunca deixou de ler Shakespeare para as filhas, para além de lhes ensinar dicção e colocação de voz. Em 1925, as meninas "ganharam" um padrasto, pois a mãe casou novamente, desta vez com George M. Fontaine, dono de uma loja de departamentos. Foi do sobrenome dele que, anos mais tarde, Joan "se apossaria" para usar no nome artístico.

Joan e Olivia estudaram na Los Gatos High School e na Notre Dame Convent Roman Catholic Girls School em Belmont, Califórnia.
Aos quinze anos, Joan voltou ao Japão onde viveu com o pai durante dois anos. Quando voltou aos Estados Unidos, seguiu os passos de sua irmã e começou a aparecer em filmes.

Foi aparecendo, em pequenos papéis, numa dúzia de filmes, mas não conseguiu deixar uma forte impressão, e o seu contrato não foi renovado quando terminou, em 1939.

Mas a sua sorte mudou na noite de uma festa em casa de Charlie Chaplin, onde jantava sentada ao lado do produtor David O. Selznick. Começaram a discutir a novela de Daphne du Maurier "Rebecca", e Selzinick convidou-a para fazer um teste para a versão cinematográfica do romance, que marcaria a estreia americana do do realizador inglês Alfred Hitchcock. Joan enfrentou uma cansativa série de testes para o filme durante seis meses, junto a centenas de outras actrizes, entre elas Vivien Leigh e Anne Baxter, antes de finalmente ser escolhida para o papel. Em 1940, o filme foi lançado com críticas brilhantes, e, pela sua performance, Fontaine foi nomeada para o Óscar de melhor actriz, embora não tenha vencido (foi Ginger Rogers quem levou o prémio naquele ano pela sua actuação no filme "Kitty Foyle").

Depois de "Rebecca", Joan Fontaine voltou a ser dirigida por Hitchcock no filme "Suspeita" ("Suspicion", 1941), tornando-se, junto com Madeleine Carroll, Ingrid Bergman, Grace Kelly, Vera Miles e Tippi Hedren, uma das únicas artistas que "estrelaram" mais de um filme do "mestre do suspense". Pelo seu desempenho em "Suspeita", Fontaine foi novamente indicada para o Óscar de melhor actriz, concorrendo com outras actrizes como Bette Davis, e a sua irmã Olivia de Havilland, que foi nomeada pela actuação em "A porta de ouro ("Hold Back the Dawn", 1941). Olivia era a "preferida" dos jurados da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas; só que, na última hora, eles se convenceram de que seria Fontaine quem deveria levar a estatueta. O crítico brasileiro de cinema Rubens Ewald Filho explicou recentemente: "Joan Fontaine foi premiada com o Óscar pela sua actuação em "Suspeita", mas foi uma espécie de 'prémio de consolação' por ela não ter levado a estatueta pelo seu papel em "Rebecca", também do mesmo Alfred Hitchcock, que a tinha transformado em estrela. […] Mas ela realmente funciona em papéis de vítima, como a mulher apaixonada, frágil e desorientada que não sabe como lidar com a suspeita de que o marido (Cary Grant) seja um assassino […]".

Olivia de Havilland não escondeu a sua decepção em relação à perda. A vitória de Joan Fontaine deixou surpresos muitos que esperavam que a grande vencedora fosse De Havilland, e até mesmo a própria Fontaine confessou que não esperava que acabasse saindo vencedora. Dessa forma, a actriz tornou-se o único intérprete a ganhar um Óscar de actuação por um filme dirigido por Alfred Hitchcock. Em 1961, Janet Leigh, num filme de Hitchcock, seria nomeada ao Óscar de melhor actriz (coadjuvante/secundária) pela actuação no filme "Psico" ("Psycho", 1960), o famoso filme de suspense com a cena da rapariga esfaqueada durante o banho de chuveiro, mas não ganharia.

Joan continuou a fazer sucesso ao longo da década de 1940, destacando-se mais em filmes românticos. Entre os seus trabalhos memoráveis durante este período, também estão "De amor também se morre" ("The Constant Nymph", 1943, pelo qual recebeu a sua terceira e última nomeação ao Óscar), Jane Eyre (Idem, 1944), Ivy, a história de uma mulher ("Ivy", 1947), e Carta de uma desconhecida ("Letter from an Unknown Woman", 1948).

No cinema, a actriz contracenou com sua mãe, Lillian Fontaine, em duas ocasiões: em 1947, no filme "Ivy, a história de uma mulher", e em 1953, em "The Bigamist" ("O bígamo").

Em meados dos anos 50, quando o seu sucesso no cinema diminuiu um pouco, passou a dar mais destaque ao teatro e também à televisão, onde participou em inúmeros episódios de séries de sucesso. Em 1954, actuou na Broadway, ao lado de Anthony Perkins, na peça "Chá e Simpatia", que foi um sucesso e lhe rendeu vários elogios.

Em 1956, ela apareceu com Eduard Franz na antológica série da NBC "The Joseph Cotten Show". Ela apareceu como ela mesma, em 1957, no sitcom da CBS "Mr. Adams and Eve", estrelado por Howard Duff e Ida Lupino.

Nos anos 60, continuou a fazer sucesso na Broadway com diversas peças, entre as quais "Dial M for Murder", "Private Lives", "Cactus Flower" e uma produção austríaca de "The Lion in Winter". Nessa mesma década, começou a investir em frutas cítricas, fazendas de gado, petróleo e imóveis. Tornou-se presidente da Oakhurst Enterprises, uma Corporação da Califórnia formada para gerir suas diversas empresas. Tirou brevet de piloto, foi campeã de "balonismo", fez decoração de interiores como profissional, ganhou prémios em torneios de pesca e ainda ganhou um título de Cordon Bleu em culinária.

O seu último trabalho ocorreu em 1994, no filme para a TV "Good King Wenceslas".

Possui uma estrela no Passeio da Fama de Hollywood, localizada em 1645 Vine Street.

Joan Fontaine casou-se e divorciou-se 4 vezes, com:
Brian Aherne (1939 - 1945), actor britânico;
William Dozier (1946 - 1951), actor e produtor de televisão, com quem teve 1 filha;
Collier Young (1952 - 1961), produtor cinematográfico, ex-marido de Ida Lupino;
Alfred Wright, Jr. (1964 - 1969), editor de uma revista.

Da união com William Dozier nasceu sua filha, Deborah 'Debbie' Leslie Dozier (nascida em 1948). Fontaine também adoptou uma garota peruana que havia fugido de casa, Martita.

Das duas irmãs, Olivia foi a primeira a se tornar actriz. Quando Joan tentou seguir a mesma profissão, sua mãe, que, supostamente, favorecia Olivia, recusou-se a deixá-la usar o nome da família. Assim, Joan viu-se obrigada a inventar um nome, tendo primeiro optado por Joan Burfield e, posteriormente, por Joan Fontaine. Segundo o que conta o biógrafo Charles Higham em sua obra "Sisters: The Story of Olivia De Haviland and Joan Fontaine", as irmãs sempre tiveram uma relação difícil, começando na infância, quando Olivia teria rasgado uma roupa de Joan, forçando-a a costurá-la novamente. A rivalidade e o ressentimento entre as irmãs também, alegadamente, resultava da percepção de Joan em relação ao facto de Olivia ser a filha favorita de sua mãe.

Joan Fontaine faleceu a 15 de Dezembro de 2013, aos 96 anos de idade. Conforme informou Susan Pfeiffer, assistente da actriz, Fontaine faleceu de causas naturais, enquanto dormia. Segundo a amiga Noel Beutel, Joan faleceu "tranquilamente", em sua casa, depois de algumas semanas em que a sua saúde se vinha deteriorando. Ela era uma mulher incrível, tinha um coração enorme, e fará falta, disse Beutel à Reuters, acrescentando que almoçara com a actriz uma semana antes de sua morte.

O seu corpo foi cremado e as cinzas espalhadas no Oceano Pacífico, em Carmel-by-the-Sea, Califórnia no Estados Unidos.



Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia e na IMDB.


T O P    F I V E   (Recomendado)


Rebecca (1940)

Suspeita (1941)

A Paixão de Jane Eyre (1943)

Carta de Uma Desconhecida (1948)

Ivanhoe (1952)



Sem comentários:

Enviar um comentário