quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Jean Cocteau (1889–1963)





Jean Maurice Eugène Clément Cocteau - nascido em Maisons-Lafitte, a 5 de Julho de 1889 e falecido em Milly-la-Forêt, a 11 de Outubro de 1963 - foi um poeta, romancista, cineasta, designer, dramaturgo, actor, e encenador de teatro francês. 

Em conjunto com outros Surrealistas da sua geração - Jean Anouilh e René Char, por exemplo - Cocteau conseguiu conjugar, com mestria, os novos e velhos códigos verbais, a linguagem de encenação e as tecnologias do modernismo para criar um paradoxo: um avant-garde clássico. O seu círculo de associados, amigos e amantes incluiu Jean Marais, Henri Bernstein, Édith Piaf e Raymond Radiguet.

As suas peças foram levadas aos palcos dos Grandes Teatros, nos Boulevards da época parisiense em que viveu e que ajudou a definir e a criar. A sua abordagem versátil e nada convencional e a sua enorme produtividade trouxeram-lhe fama internacional.

Nascido numa pequena vila próxima de Paris, Jean Cocteau foi um dos mais talentosos artistas do século XX. Actuou, activamente, em diversos movimentos artísticos, nomeadamente o conhecido Groupe des Six (grupo dos seis) cujo núcleo era constituído por Georges Auric (1899–1983), Louis Durey (1888–1979), Arthur Honegger (1892–1955), Darius Milhaud (1892–1974), Francis Poulenc (1899–1963), Germaine Tailleferre (1892–1983).

Foi eleito membro da Academia Francesa em 1955.

Homossexual assumido, nunca escondeu sua orientação sexual. Manteve uma estreita amizade com Jean Marais, o seu actor preferido. Teve como amigos grandes nomes da cultura francesa como Edith Piaf, Jean Genet, etc.

Cocteau realizou sete filmes e colaborou - enquanto argumentista e/ou narrador - em mais alguns. Todos ricos em simbolismos e imagens surreais. É considerado um dos mais importantes cineastas de todos os tempos.

Cocteau começou a escrever aos dez anos e, aos dezasseis, já publicava as suas primeiras poesias, um ano depois de abandonar a casa familiar. Apesar de se distinguir em virtualmente todos os campos literários e artísticos, Cocteau insistia que era fundamentalmente um poeta e que toda a sua obra era poesia. Em 1908, com dezanove anos, publicou o seu primeiro livro de poesia, La lampe d'Aladin. O seu segundo livro, Le prince frivole ("O princípe frívolo")), editado no ano seguinte, daria origem à alcunha que tinha nos meios Boémios e nos círculos artísticos que começou a frequentar e em que rapidamente ficou conhecido. Por esta altura conheceu os escritores Marcel Proust, André Gide, e Maurice Barrès. Edith Wharton descreveu-o como um homem "para quem todos os grandes versos eram um nascer-do-sol, todos os por-do-sol a fundação para a Cidade Celestial…"

Durante a Primeira Guerra Mundial, Cocteau prestou serviço na Cruz Vermelha como condutor de ambulâncias. Neste período conheceu o poeta Guillaume Apollinaire, os pintores Pablo Picasso e Amedeo Modigliani e numerosos outros escritores e artistas com quem mais tarde viria a colaborar. O empresário russo de ballet, Sergei Diaghilev, desafiou Cocteau a escrever um argumento para um novo bailado: "Surpreende-me", teria dito Diaghilev. O resultado foi "Parade", que seria produzido por Diaghilev em 1917, com cenografia de Picasso e música de Erik Satie.

Expoente importante do Surrealismo, teve enorme influência na obra de outros artistas, incluindo o grupo de amigos de Montparnasse, que ficou conhecido Les Six. O termo "Surrealismo" foi criado por Guillaume Apollinaire no prólogo de Les mamelles de Tirésias , uma obra começada em 1903 e completada em 1917, menos de um anos antes da sua morte. 

As experiências de Cocteau com a voz humana tiveram o seu apogeu na homónima peça de teatro que ainda hoje é o seu ex-libris  Nela, uma mulher sozinha em palco, fala ao telefone com o seu (invisível e inaudível) amante perdido, que a deixou para casar com outra mulher. O telefone mostrou ser o perfeito adereço que permitiu a Cocteau explorar as suas ideias, sentimentos e a "álgebra" da comunicação humana de realidades e sentimentos. A voz humana é enganadoramente simples - apenas uma actriz em palco durante uma hora, falando ao telefone. 

Cocteau reconheceu, na introdução ao manuscrito, que a peça era motivada, em parte, pela queixas de actrizes de que as suas obras privilegiavam o escritor/encenador, não permitindo que os actores explorassem os seus talentos. A voz humana foi escrita, na realidade, como uma extravagante homenagem a Madame Berthe Bovy. Antes disso havia escrito Orphée, que seria mais tarde um dos seus mais bem sucedidos filmes; depois escreveu La Machine Infernale, provavelmente a sua obra de arte melhor conseguida.

Na década de 1930, Cocteau teve um surpreendente caso com a Princesa Natalie Paley, a linda filha de um Grão Duque da família Romanov, uma modelo, por vezes actriz, anteriormente casada com o costureiro Lucien Lelong. Natalie ficou grávida mas, com grande perturbação para Cocteau e desgosto para ela própria, abortou. As relações mais prolongadas de Cocteau foram com os actores franceses Jean Marais e Edouard Dermit, que Cocteau adoptou formalmente. Cocteau utilizou Marais como actor nos seus filmes L'Éternel Retour ("O Eterno Regresso") (1943), La Belle et la Bête ("A Bela e o Monstro") (1946), Ruy Blas (1947) e Orphée ("Orfeu") (1949).

Em 1940, Le Bel Indifférent, a peça de teatro que Cocteau escreveu para Édith Piaf, teve um tremendo sucesso. Trabalhou também com Pablo Picasso em diversos projectos e fez amizade com inúmeros artistas europeus. Lutou contra o seu vício de ópio durante toda a sua vida adulta e foi abertamente gay, embora tenha tido breves e complexos romances com várias mulheres, para além de Paley. Publicou um considerável número de ensaios criticando a homofobia.

Os filmes de Cocteau - que na sua maioria foram escritos e realizados por ele próprio - foram particularmente importantes para a introdução do Surrealismo no Cinema francês, e influenciaram até , de certa forma, o futuro movimento "Nouvelle Vague", tão marcante no cinema francês e não só.. 

Cocteau morreu de enfarte do miocárdio na sua mansão de Milly-la-Foret, em 11 de Outubro de 1963, com a idade de 74 anos, apenas algumas horas depois de saber da morte da sua grande amiga Édith Piaf. Está sepultado na Capela de Saint Blaise des Simples, em Milly-la-Foret, em Essone (França). No epitáfio da sua pedra tumular está escrito: "Fico entre vós".

Ao longo da vida foi diversas vezes agraciado e alvo de várias homenagens.

Em 1955, Cocteau foi eleito membro da Académie française e da Académie royale de Belgique. Foi agraciado com o grau de comandante da Legião de Honra (França), membro da Academia Mallarmé, da Academia alemã (Berlim) da Academia americana Mark Twain, presidente honorário do Festival de Cinema de Cannes e da Associação de Amizade França-Hungria, e presidente da Academia de Jazz e da Academia do Disco.




Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia e IMDB.


T O P    F I V E   (Recomendado)




O sangue de um poeta (1932)

A Bela e o Monstro (1946)

Orfeu (1950)

Les Enfants terribles (1950)

Thomas, o impostor (1965)





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