sábado, 19 de abril de 2014

Michelangelo Antonioni (1912–2007)





Michelangelo Antonioni - nascido em Ferrara, a 29 de Setembro de 1912, e falecido em Roma, a 30 de Julho de 2007 -  foi um cineasta italiano.
Graduou-se em economia na Universidade de Bolonha. Chegando a Roma em 1940 estudou no Centro Sperimentale di Cinematografia, na Cinecittà, onde conheceu alguns dos artistas com quem acabou cooperando nos anos futuros; entre eles Roberto Rossellini.

O primeiro grande sucesso de Antonioni foi "L'avventura" (1960), que foi seguido por "La notte"(1961) e "L'eclisse" (1962), que compreendem uma trilogia sobre o tema da alienação. O seu primeiro filme colorido "Il deserto rosso" (1964), também explora temas modernistas da alienação, pelo que, juntamente com os três filmes anteriores, forma uma tetralogia. A actriz Monica Vitti aparece nos quatro filmes da tetralogia, actuando em papéis de mulheres desconexas que lutam para se ajustar ao isolamento da modernidade.

O seu primeiro filme em inglês, "Blowup - História de um fotógrafo" (1966), foi. também, um grande sucesso. Embora tenha enfrentado o difícil tema da impossibilidade da percepção objectiva das coisas, o filme teve boa recepção popular, parcialmente devido a sua sexualidade explícita, atendendo aos padrões da época, e também por causa da actriz Vanessa Redgrave.

"Zabriskie Point" (1970), o seu primeiro filme rodado nos Estados Unidos, teve menos sucesso, mesmo com a inclusão de uma trilha sonora composta por artistas populares tais como a banda Pink Floyd (que compôs músicas especialmente para o filme), Grateful Dead, e os Rolling Stones.

"Profissão: repórter" ("The Passenger", 1975), estrelado por Jack Nicholson, também não obteve sucesso.

Em 1985, um acidente vascular-cerebral deixou-o parcialmente paralítico e quase impossibilitado de falar. No entanto, não encerrou suas actividades e, ajudado por seu amigo Wim Wenders, realizou "Além das Nuvens" em 1995. Nesse mesmo ano, é premiado com um Óscar pelo conjunto da sua obra. O seu último filme "Eros", de 2004, foi realizado juntamente com Wong Kar-Wai e Steven Soderbergh, quando Antonioni tinha 92 anos.

Antonioni vem a falecer a 30 de Julho de 2007, aos 94 anos, no mesmo dia em que faleceu Ingmar Bergman. Encontra-se sepultado no Cimitero della Certosa, Ferrara, Emília-Romanha, em Itália.

Antonioni descrevia-se a sipróprio como um intelectual marxista, mas alguns autores colocam algumas dúvidas em relação à sua real adesão às ideias do Marxismo. Em contraste com os seus contemporâneos, incluindo os neo-realistas e também Federico Fellini, Ermanno Olmi e Pier Paolo Pasolini, cujas histórias geralmente tratavam da vida da classe trabalhadora e a rejeição e incompreensão da sociedade, os filmes mais notáveis de Antonioni mostravam a elite e a burguesia urbana. Porém, ao contrário do que alguns críticos dizem, os seus filmes descrevem os personagens ricos como pessoas vazias e sem alma, ao invés de romantizar esses personagens.

"La notte" descreve a desintegração de um casal rico que não consegue conviver em harmonia; "L'avventura" descreve a história de uma mulher que se perde durante uma luxuosa viagem de iate, e do seu noivo e da sua melhor amiga que mantêm uma relação sexual enquanto procuram por ela, mas são incapazes de se amar mutuamente; "Blowup" descreve o mundo superficial de um fotógrafo de moda dos anos 60, que, no final do filme, se mostra indiferente quando chamado a denunciar um possível crime. De um modo similar, "Zabriskie Point" é interpretado como a uma crítica do capitalismo americano, e, por outro lado, condescendente com os hippies, descrevendo de forma simpática o seu desejo de fuga.

Os filmes de Antonioni também mostram a beleza das paisagens, como no deserto da Califórnia em "Zabriskie Point", ou as ilhas rochosas em "L'avventura", mas o objectivo não é apenas impressionar o público com a qualidade visual do seu trabalho, mas também descrever a arrogância das "almas perdidas" que, em vão, tentam impor a sua finitude sobre uma natureza inflexível e sublime.

Apesar dos críticos, os filmes de Antonioni dissecam os ricos de forma cruel, com uma reprovação de fundo marxista, mesmo enquanto a sua câmara mostra uma certa fascinação pelas belas coisas da classe rica.

O realizador Ingmar Bergman revelou que admirava alguns dos filmes de Antonioni por serem desinteressados e, algumas vezes, visionários. Os seus filmes tendem a ter muito poucos planos e diálogos, sendo muito do tempo gasto em longas e lentas sequências, como uma sequência contínua de dez minutos em "Profissão: repórter" ("The Passenger"), ou muitas cenas em "La notte" que mostram uma mulher simplesmente vagueando, silenciosamente, pela cidade a observar outras pessoas. Apesar dos seus filmes serem repletos de beleza visual, e de terem uma captação perfeita da alienação dos personagens, o estilo com pouco movimento, e de ritmo lento, pode tornar-se cansativo para algumas pessoas.



Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia e na IMDB.


T O P    F I V E   (Recomendado)


A Aventura (1960)

A Noite (1961)

O Deserto Vermelho (1964)

História de Um Fotógrafo (1966)

Deserto de Almas (1970)



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