sábado, 19 de abril de 2014

Michelangelo Antonioni (1912–2007)





Michelangelo Antonioni - nascido em Ferrara, a 29 de Setembro de 1912, e falecido em Roma, a 30 de Julho de 2007 -  foi um cineasta italiano.
Graduou-se em economia na Universidade de Bolonha. Chegando a Roma em 1940 estudou no Centro Sperimentale di Cinematografia, na Cinecittà, onde conheceu alguns dos artistas com quem acabou cooperando nos anos futuros; entre eles Roberto Rossellini.

O primeiro grande sucesso de Antonioni foi "L'avventura" (1960), que foi seguido por "La notte"(1961) e "L'eclisse" (1962), que compreendem uma trilogia sobre o tema da alienação. O seu primeiro filme colorido "Il deserto rosso" (1964), também explora temas modernistas da alienação, pelo que, juntamente com os três filmes anteriores, forma uma tetralogia. A actriz Monica Vitti aparece nos quatro filmes da tetralogia, actuando em papéis de mulheres desconexas que lutam para se ajustar ao isolamento da modernidade.

O seu primeiro filme em inglês, "Blowup - História de um fotógrafo" (1966), foi. também, um grande sucesso. Embora tenha enfrentado o difícil tema da impossibilidade da percepção objectiva das coisas, o filme teve boa recepção popular, parcialmente devido a sua sexualidade explícita, atendendo aos padrões da época, e também por causa da actriz Vanessa Redgrave.

"Zabriskie Point" (1970), o seu primeiro filme rodado nos Estados Unidos, teve menos sucesso, mesmo com a inclusão de uma trilha sonora composta por artistas populares tais como a banda Pink Floyd (que compôs músicas especialmente para o filme), Grateful Dead, e os Rolling Stones.

"Profissão: repórter" ("The Passenger", 1975), estrelado por Jack Nicholson, também não obteve sucesso.

Em 1985, um acidente vascular-cerebral deixou-o parcialmente paralítico e quase impossibilitado de falar. No entanto, não encerrou suas actividades e, ajudado por seu amigo Wim Wenders, realizou "Além das Nuvens" em 1995. Nesse mesmo ano, é premiado com um Óscar pelo conjunto da sua obra. O seu último filme "Eros", de 2004, foi realizado juntamente com Wong Kar-Wai e Steven Soderbergh, quando Antonioni tinha 92 anos.

Antonioni vem a falecer a 30 de Julho de 2007, aos 94 anos, no mesmo dia em que faleceu Ingmar Bergman. Encontra-se sepultado no Cimitero della Certosa, Ferrara, Emília-Romanha, em Itália.

Antonioni descrevia-se a sipróprio como um intelectual marxista, mas alguns autores colocam algumas dúvidas em relação à sua real adesão às ideias do Marxismo. Em contraste com os seus contemporâneos, incluindo os neo-realistas e também Federico Fellini, Ermanno Olmi e Pier Paolo Pasolini, cujas histórias geralmente tratavam da vida da classe trabalhadora e a rejeição e incompreensão da sociedade, os filmes mais notáveis de Antonioni mostravam a elite e a burguesia urbana. Porém, ao contrário do que alguns críticos dizem, os seus filmes descrevem os personagens ricos como pessoas vazias e sem alma, ao invés de romantizar esses personagens.

"La notte" descreve a desintegração de um casal rico que não consegue conviver em harmonia; "L'avventura" descreve a história de uma mulher que se perde durante uma luxuosa viagem de iate, e do seu noivo e da sua melhor amiga que mantêm uma relação sexual enquanto procuram por ela, mas são incapazes de se amar mutuamente; "Blowup" descreve o mundo superficial de um fotógrafo de moda dos anos 60, que, no final do filme, se mostra indiferente quando chamado a denunciar um possível crime. De um modo similar, "Zabriskie Point" é interpretado como a uma crítica do capitalismo americano, e, por outro lado, condescendente com os hippies, descrevendo de forma simpática o seu desejo de fuga.

Os filmes de Antonioni também mostram a beleza das paisagens, como no deserto da Califórnia em "Zabriskie Point", ou as ilhas rochosas em "L'avventura", mas o objectivo não é apenas impressionar o público com a qualidade visual do seu trabalho, mas também descrever a arrogância das "almas perdidas" que, em vão, tentam impor a sua finitude sobre uma natureza inflexível e sublime.

Apesar dos críticos, os filmes de Antonioni dissecam os ricos de forma cruel, com uma reprovação de fundo marxista, mesmo enquanto a sua câmara mostra uma certa fascinação pelas belas coisas da classe rica.

O realizador Ingmar Bergman revelou que admirava alguns dos filmes de Antonioni por serem desinteressados e, algumas vezes, visionários. Os seus filmes tendem a ter muito poucos planos e diálogos, sendo muito do tempo gasto em longas e lentas sequências, como uma sequência contínua de dez minutos em "Profissão: repórter" ("The Passenger"), ou muitas cenas em "La notte" que mostram uma mulher simplesmente vagueando, silenciosamente, pela cidade a observar outras pessoas. Apesar dos seus filmes serem repletos de beleza visual, e de terem uma captação perfeita da alienação dos personagens, o estilo com pouco movimento, e de ritmo lento, pode tornar-se cansativo para algumas pessoas.



Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia e na IMDB.


T O P    F I V E   (Recomendado)


A Aventura (1960)

A Noite (1961)

O Deserto Vermelho (1964)

História de Um Fotógrafo (1966)

Deserto de Almas (1970)



sexta-feira, 18 de abril de 2014

Joan Fontaine (1917–2013)





Joan Fontaine, nome artístico de Joan de Beauvoir de Havilland foi uma premiada actriz anglo-americana, nascida no Japão. É a única actriz que conseguiu ganhar um Óscar (o de melhor actriz principal) pela performance num filme de Alfred Hitchcock, o chamado mestre do suspense, que a dirigiu em "Rebecca" (1940) e "Suspeita" ("Suspicion", 1941), tendo sido este último o que lhe rendeu o prémio.

Joan nasceu em Tóquio, a 22 de Outubro de 1917, e morreu em Carmel-by-the-Sea (Califórnia), a 15 de Dezembro de 2013. Era a filha mais nova da também actriz Lillian Fontaine e irmã da duplamente premiada com Óscar e Globo de Ouro, Olivia de Havilland.

Baptizada como Joan de Beauvoir de Havilland, é a filha mais nova de Walter Augustus de Havilland (1872 - 1968), e de Lilian Augusta Ruse (1886 - 1975). O pai era um advoga do de patentes inglês que trabalhava no Japão, enquanto a mãe era uma actriz, também de nacionalidade inglesa, que actuava no teatro. Os seus pais casaram-se em 1914, tendo-se divorciado em 1919. A sua irmã mais velha é a também famosa actriz Olivia de Havilland (1916), uma das estrelas do filme "E tudo o vento levou" (1939). O seu primo paterno é Sir Geoffrey de Havilland (1882 - 1965), pioneiro da aviação britânica e projectista do famoso avião De Havilland Mosquito.

Quando era ainda bebê, Joan sofreu de uma anemia, pelo que, por indicação médica, a família acabou por se mudar para os Estados Unidos. Estabeleceram-se na cidade de Saratoga, estado da Califórnia. A saúde de Joan melhorou logo depois que a família emigrou. O pai voltou, passado algum tempo, para o Japão, e o casamento foi-se dissolvendo aos poucos.

Embora tivesse deixado a profissão de actriz para se dedicar à educação das crianças, a sua mãe, ainda assim, não deixou de valorizar as artes, pois nunca deixou de ler Shakespeare para as filhas, para além de lhes ensinar dicção e colocação de voz. Em 1925, as meninas "ganharam" um padrasto, pois a mãe casou novamente, desta vez com George M. Fontaine, dono de uma loja de departamentos. Foi do sobrenome dele que, anos mais tarde, Joan "se apossaria" para usar no nome artístico.

Joan e Olivia estudaram na Los Gatos High School e na Notre Dame Convent Roman Catholic Girls School em Belmont, Califórnia.
Aos quinze anos, Joan voltou ao Japão onde viveu com o pai durante dois anos. Quando voltou aos Estados Unidos, seguiu os passos de sua irmã e começou a aparecer em filmes.

Foi aparecendo, em pequenos papéis, numa dúzia de filmes, mas não conseguiu deixar uma forte impressão, e o seu contrato não foi renovado quando terminou, em 1939.

Mas a sua sorte mudou na noite de uma festa em casa de Charlie Chaplin, onde jantava sentada ao lado do produtor David O. Selznick. Começaram a discutir a novela de Daphne du Maurier "Rebecca", e Selzinick convidou-a para fazer um teste para a versão cinematográfica do romance, que marcaria a estreia americana do do realizador inglês Alfred Hitchcock. Joan enfrentou uma cansativa série de testes para o filme durante seis meses, junto a centenas de outras actrizes, entre elas Vivien Leigh e Anne Baxter, antes de finalmente ser escolhida para o papel. Em 1940, o filme foi lançado com críticas brilhantes, e, pela sua performance, Fontaine foi nomeada para o Óscar de melhor actriz, embora não tenha vencido (foi Ginger Rogers quem levou o prémio naquele ano pela sua actuação no filme "Kitty Foyle").

Depois de "Rebecca", Joan Fontaine voltou a ser dirigida por Hitchcock no filme "Suspeita" ("Suspicion", 1941), tornando-se, junto com Madeleine Carroll, Ingrid Bergman, Grace Kelly, Vera Miles e Tippi Hedren, uma das únicas artistas que "estrelaram" mais de um filme do "mestre do suspense". Pelo seu desempenho em "Suspeita", Fontaine foi novamente indicada para o Óscar de melhor actriz, concorrendo com outras actrizes como Bette Davis, e a sua irmã Olivia de Havilland, que foi nomeada pela actuação em "A porta de ouro ("Hold Back the Dawn", 1941). Olivia era a "preferida" dos jurados da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas; só que, na última hora, eles se convenceram de que seria Fontaine quem deveria levar a estatueta. O crítico brasileiro de cinema Rubens Ewald Filho explicou recentemente: "Joan Fontaine foi premiada com o Óscar pela sua actuação em "Suspeita", mas foi uma espécie de 'prémio de consolação' por ela não ter levado a estatueta pelo seu papel em "Rebecca", também do mesmo Alfred Hitchcock, que a tinha transformado em estrela. […] Mas ela realmente funciona em papéis de vítima, como a mulher apaixonada, frágil e desorientada que não sabe como lidar com a suspeita de que o marido (Cary Grant) seja um assassino […]".

Olivia de Havilland não escondeu a sua decepção em relação à perda. A vitória de Joan Fontaine deixou surpresos muitos que esperavam que a grande vencedora fosse De Havilland, e até mesmo a própria Fontaine confessou que não esperava que acabasse saindo vencedora. Dessa forma, a actriz tornou-se o único intérprete a ganhar um Óscar de actuação por um filme dirigido por Alfred Hitchcock. Em 1961, Janet Leigh, num filme de Hitchcock, seria nomeada ao Óscar de melhor actriz (coadjuvante/secundária) pela actuação no filme "Psico" ("Psycho", 1960), o famoso filme de suspense com a cena da rapariga esfaqueada durante o banho de chuveiro, mas não ganharia.

Joan continuou a fazer sucesso ao longo da década de 1940, destacando-se mais em filmes românticos. Entre os seus trabalhos memoráveis durante este período, também estão "De amor também se morre" ("The Constant Nymph", 1943, pelo qual recebeu a sua terceira e última nomeação ao Óscar), Jane Eyre (Idem, 1944), Ivy, a história de uma mulher ("Ivy", 1947), e Carta de uma desconhecida ("Letter from an Unknown Woman", 1948).

No cinema, a actriz contracenou com sua mãe, Lillian Fontaine, em duas ocasiões: em 1947, no filme "Ivy, a história de uma mulher", e em 1953, em "The Bigamist" ("O bígamo").

Em meados dos anos 50, quando o seu sucesso no cinema diminuiu um pouco, passou a dar mais destaque ao teatro e também à televisão, onde participou em inúmeros episódios de séries de sucesso. Em 1954, actuou na Broadway, ao lado de Anthony Perkins, na peça "Chá e Simpatia", que foi um sucesso e lhe rendeu vários elogios.

Em 1956, ela apareceu com Eduard Franz na antológica série da NBC "The Joseph Cotten Show". Ela apareceu como ela mesma, em 1957, no sitcom da CBS "Mr. Adams and Eve", estrelado por Howard Duff e Ida Lupino.

Nos anos 60, continuou a fazer sucesso na Broadway com diversas peças, entre as quais "Dial M for Murder", "Private Lives", "Cactus Flower" e uma produção austríaca de "The Lion in Winter". Nessa mesma década, começou a investir em frutas cítricas, fazendas de gado, petróleo e imóveis. Tornou-se presidente da Oakhurst Enterprises, uma Corporação da Califórnia formada para gerir suas diversas empresas. Tirou brevet de piloto, foi campeã de "balonismo", fez decoração de interiores como profissional, ganhou prémios em torneios de pesca e ainda ganhou um título de Cordon Bleu em culinária.

O seu último trabalho ocorreu em 1994, no filme para a TV "Good King Wenceslas".

Possui uma estrela no Passeio da Fama de Hollywood, localizada em 1645 Vine Street.

Joan Fontaine casou-se e divorciou-se 4 vezes, com:
Brian Aherne (1939 - 1945), actor britânico;
William Dozier (1946 - 1951), actor e produtor de televisão, com quem teve 1 filha;
Collier Young (1952 - 1961), produtor cinematográfico, ex-marido de Ida Lupino;
Alfred Wright, Jr. (1964 - 1969), editor de uma revista.

Da união com William Dozier nasceu sua filha, Deborah 'Debbie' Leslie Dozier (nascida em 1948). Fontaine também adoptou uma garota peruana que havia fugido de casa, Martita.

Das duas irmãs, Olivia foi a primeira a se tornar actriz. Quando Joan tentou seguir a mesma profissão, sua mãe, que, supostamente, favorecia Olivia, recusou-se a deixá-la usar o nome da família. Assim, Joan viu-se obrigada a inventar um nome, tendo primeiro optado por Joan Burfield e, posteriormente, por Joan Fontaine. Segundo o que conta o biógrafo Charles Higham em sua obra "Sisters: The Story of Olivia De Haviland and Joan Fontaine", as irmãs sempre tiveram uma relação difícil, começando na infância, quando Olivia teria rasgado uma roupa de Joan, forçando-a a costurá-la novamente. A rivalidade e o ressentimento entre as irmãs também, alegadamente, resultava da percepção de Joan em relação ao facto de Olivia ser a filha favorita de sua mãe.

Joan Fontaine faleceu a 15 de Dezembro de 2013, aos 96 anos de idade. Conforme informou Susan Pfeiffer, assistente da actriz, Fontaine faleceu de causas naturais, enquanto dormia. Segundo a amiga Noel Beutel, Joan faleceu "tranquilamente", em sua casa, depois de algumas semanas em que a sua saúde se vinha deteriorando. Ela era uma mulher incrível, tinha um coração enorme, e fará falta, disse Beutel à Reuters, acrescentando que almoçara com a actriz uma semana antes de sua morte.

O seu corpo foi cremado e as cinzas espalhadas no Oceano Pacífico, em Carmel-by-the-Sea, Califórnia no Estados Unidos.



Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia e na IMDB.


T O P    F I V E   (Recomendado)


Rebecca (1940)

Suspeita (1941)

A Paixão de Jane Eyre (1943)

Carta de Uma Desconhecida (1948)

Ivanhoe (1952)



quinta-feira, 17 de abril de 2014

Gene Kelly (1912–1996)





Eugene "Gene" Curran Kelly - nascido em Pittsburgh (Pensilvânia), a 23 de Agosto de 1912, e falecido em Beverly Hills (Califórnia), a 2 de Fevereiro de 1996 - foi um bailarino, actor, cantor, realizador, produtor e coreógrafo norte-americano.

Gene iniciou bem cedo a sua carreira na Broadway, com uma aparição no espectáculo "Leave It To Me", de Cole Porter, fazendo o papel de um esquimó, ao lado de Mary Martin.

Ao lado de Fred Astaire, Kelly foi um dos expoentes enquanto os Musicais eram o estilo preferido de Hollywood. Foi actor, realizador, produtor e coreógrafo em várias peças e filmes, com passagem pela televisão norte-americana.

O seu trabalho mais conhecido, verdadeiro clássico dos musicais, é "Serenata à chuva" ("Singing in the rain"), onde acumulou funções de actor e reallizador.

Gene Kelly faleceu na sequência de um derrame cerebral, aos 83 anos de idade.




Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia e na IMDB.


T O P    F I V E   (Recomendado)


O Pirata dos Meus Sonhos (1948)

Um Dia em Nova Iorque (1949)

Um Americano em Paris (1951)

Serenata à Chuva (1952)

Hollywood, Hollywood! (1976)



quarta-feira, 16 de abril de 2014

Nicholas Ray (1911–1979)





Nicholas Ray, nome artístico de Raymond Nicholas Kienzle, foi um cineasta norte-americano que dirigiu vários clássicos de Hollywood, como "Rebel Without a Cause" ("Fúria de viver"), em 1955, e "Wind Across The Everglades" "A Floresta Interdita"), em 1958, entre muitos outros.

Nasceu em Galesville (Wisconsin), a 7 de Agosto de 1911, e morreu em Nova York, a 16 de Junho de 1979. 

Nicholas Ray estudou arquitectura com Frank Lloyd Wright e trabalhou no teatro, como actor, sob a direcção de Elia Kazan e John Houseman.

Começou a fazer cinema depois do término da Segunda Guerra Mundial. O seu primeiro filme data de 1948. Tornou-se, rapidamente, um realizador com marcas distintivas fortes: heróis frágeis, palpáveis, que tentam sobreviver num mundo cuja chave de decifração não detêm. Nesse mundo, a omnipresente violência física e mental convive com a possibilidade de uma paixão arrebatadora.

Os seus primeiros filmes, frequentemente, focalizavam tipos marginalizados como heróis. No seu primeiro filme como realizador, o lírico "Filhos da noite", de 1948, Farley Granger fazia o papel de uma assaltante de bancos indeciso na sua fuga com a namorada. Em "Matar ou não matar", de 1950, Humphrey Bogart era um argumentista auto-destrutivo acusado de assassinato. Em "Cega Paixão", de 1951, Robert Ryan era um policial amargo, e "Johnny Guitar", de 1954, trazia Joan Crawford como uma conivente dona de saloon.

Em "Matar ou não matar", a estrutura básica de "Fúria de viver" estava montada: um policia (Robert Ryan), nitidamente afectado pelo desencanto e pelo ambiente em que vive, passa a agredir violentamente os criminosos que persegue. Depois do enésimo caso de violência acima do aceitável, é conduzido a uma investigação no campo onde encontrará uma mulher cega (Ida Lupino), por quem se apaixonará, mesmo que isso implique reconsiderar a sua relação com a violência e o seu poder auto-destrutivo. O talento e a fluência de Nicholas Ray para filmar essas cenas extremas - tanto os arroubos de violência quanto os delicados momentos da paixão nascente - não fascinou, inicialmente, a crítica norte-americana, mas encantou os então jovens críticos da revista Cahiers du Cinéma, que o classificaram, desde logo, como o mais importante cineasta do pós-guerra (Éric Rohmer, na sua crítica sobre "Fúria de viver", Cahiers nº 59). Jean-Luc Godard acreditava mesmo que Ray era a expressão pura do cinema.

Em "Fúria de viver", Nicholas Ray encontrou um actor perfeito para designar todos os estados de espírito com os quais mais gostava de trabalhar: James Dean que é, ao mesmo tempo, um rosto de criança abandonado pela vida e, inversamente, a possibilidade de uma explosão de violência quando menos se espera. Mal ou bem, os protagonistas mais importantes de Nicholas Ray, de 1949 a 1955, são adultos abandonados, como Sterling Hayden, Humphrey Bogart ou Robert Ryan.

Os seus últimos filmes foram duas super-produções rodadas em Espanha, nos quais não teve total controle directo na realização, devido às imposições do produtor Samuel Bronston: "King of Kings" ("Rei dos Reis"), de 1961, é, no entanto, um belo filme sobre a vida de Cristo, cujo ponto marcante é a cena do Sermão da Montanha, que Ray dirigiu com muita competência, recorrendo, para além dos actores, a sete mil figurantes, além da bela trilha sonora de Miklos Rozsa, e "55 Dias em Pequim", de 1962, sobre a ocupação inglesa e norte-americana na China, na época dos boxers. Neste seu último filme, Ray sofreu, durante as filmagens, um enfarte.

Abandonando a realização e Hollywood, dedicou-se ao ensino universitário, leccionando Cinema e Realização até meados dos anos 70, quando descobriu que tinha cancro. Wim Wenders, que muito o admirava, colocou-o, como actor, no seu filme "O Amigo Americano", de 1977,  e co-realizou com ele o documentário "Lightning Over Water", editado em 1980, e que reflecte os últimos momentos de Nicholas Ray e sua luta contra o cancro, a que, finalmente, sucumbiu. Foi cremado e as suas cinzas enterradas no jazigo da sua mãe.

Curiosidades:

Nick Ray casou-se quatro vezes:
- Jean Evans foi a sua primeira esposa, de 1930 a 1940, e de quem se divorciou;
- Gloria Grahame, actriz, com quem foi casado entre 1948 a 1952, e de quem também se divorciou;
- Betty Utey, dançarina e coreógrafa, com quem casou em fins dos anos de 1950, e de quem também se divorciou;
- Susan Ray, com quem casou em 1969, e com quem viveu até seu falecimento, em 1979.

Teve quatro filhos:
- Anthony Ray, que se tornou produtor;
- Timothy Ray, que se tornou cameraman;
- Nica Ray, actriz;
- Julie Ray.

Em 1960, Gloria Grahame, ex-mulher de Nicholas Ray, casou-se com Anthony Ray, filho de Nick e seu ex-enteado, causando um grande escândalo em Hollywood.

Um dos filmes menores de Ray, "The True Story of Jesse James" ("A Justiça de Jesse James"), de 1957, trazia os dois jovens galãs da 20th Century Fox, Robert Wagner e Jeffrey Hunter, como os irmãos foras-da lei Frank e Jesse James. Sempre afeito aos problemas da delinquência juvenil e da adolescência desamparada, Ray queria dar um tratamento humano para Jesse James, mostrando-o como uma vítima da violência e das injustiças sociais, que agia movido pelas circunstâncias da Guerra Civil Americana. Os produtores não concordaram com tanta "generosidade" para com o personagem e alteraram a montagem original e, o filme que era para ser de 105 minutos, foi lançado com metragem de apenas 92 minutos.

Jeffrey Hunter foi sugestão do próprio Ray para interpretar Jesus Cristo no filme Rei dos Reis, seu penúltimo filme, embora não tivesse controle total na realização da película. Há quem diga que foi John Ford que sugeriu a Ray o jovem e belo actor de olhos azuis e triste destino, pois Hunter morreu aos 43 anos, em 1969, após cair de uma escada em sua casa. As principais cenas do filme, dirigidas por Ray, foram O Sermão da Montanha, A Última Ceia, A Dança de Salomé, e a Crucificação de Cristo.

Para a cena do Sermão da Montanha, o próprio Ray coordenou cerca de sete mil figurantes para acompanhar Jeffrey Hunter, o intérprete de Cristo, na descida da montanha, onde uma equipa de operadores construiu cerca de 60 metros de trilhos ao longo das encostas.
Foi o único filme religioso no currículo de Ray, que gostaria de ter dado um tratamento mais humano para o personagem de Jesus, mas submeteu-se às exigências do produtor Samuel Bronston. O filme foi rodado em Espanha e Ray visitou museus e catedrais locais, atento às pinturas de grandes artistas renascentistas, e obras de arte religiosa, como inspiração para a composição e filmagens das sequências da película sacra.

Ray sentiu muito a morte do actor James Dean, pois os dois tinham-se tornado muito bons amigos, inclusive planeavam trabalhar juntos novamente.

A bailarina Betty Utey, com quem foi casado, fez a coreografia da actriz Brigid Bazlen, para a sua personagem Salomé, que dança para o rei Herodes Antipas, pedindo a cabeça de São João Baptista, interpretado por Robert Ryan.

Humphrey Bogart e Robert Ryan foram os actores favoritos de Nicholas Ray.

Robert Ryan, um atcivista de Hollywood, e um actor que gostava de desafios, interpretando personagens que nada tinham a ver com sua personalidade, de início receou o convite de Ray para interpretar o profeta São João Baptista, no bíblico "King Of Kings". Por ser excelente a interpretar vilões, Ryan desejava interpretar Judas, mas Ray manteve a sua intenção em colocar o talentoso actor na pele do profeta do Novo Testamento.

O último filme de Ray, "55 Dias em Pequim", não obteve sucesso, nem de crítica, nem de público. A película, "estrelada" por Charlton Heston, Ava Gardner e David Niven, filmada como uma autêntica superprodução, ajudou a falir os estúdios de Samuel Bronston, em Espanha. Além disso, a película não era fiel aos eventos históricos sobre os boxers.

Quando Ray se retirou em definitivo de Hollywood, passou a dar aulas e a fazer palestras em universidades sobre a arte da realização, e realizou alguns filmes curta-metragens com os seus próprios alunos.




Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia e na IMDB.


T O P    F I V E   (Recomendado)



Matar ou Não Matar (1950)

Johnny Guitar (1954)

Fúria de Viver (1955)

Rei dos Reis (1961)

55 Dias em Pequim (1963)




Olivia de Havilland (1916 - ...)





Olivia "Livvie" Mary de Havilland - nascida em Tóquio, a 1 de Julho de 1916 - conhecida mundialmente como Olivia de Havilland, é uma premiada actriz anglo-americana, nascida no Japão. Tendo-se tornado numa das mais respeitadas estrelas da "Era de Ouro de Hollywood", ainda hoje é uma das poucas actrizes que foram contempladas, em mais de uma ocasião, com o Óscar de melhor actriz. Actualmente vive em Paris, para onde se mudou em 1953.

Livvie, como também é conhecida, é a filha mais velha da actriz Lillian Fontaine, e irmã da também actriz, e vencedora do Óscar, Joan Fontaine. A sua fama veio sobretudo pelas actuações em clássicos como "As aventuras de Robin Hood" ("The Adventures of Robin Hood", 1938) e o épico "E tudo o vento levou" ("Gone with the Wind", 1939); neste último interpretou a doce 'Melanie Hamilton Wilkes', papel foi considerado o mais marcante da sua carreira, por ela interpretado de forma magistral, tendo recebido por esta performance a primeira das suas cinco nomeações para o Óscar, sendo a única na categoria de melhor actriz coadjuvante/secundária. Posteriormente, ainda foi nomeada ao mesmo prémio, porém na categoria de melhor actriz principal, pelos filmes "A porta de ouro" (Hold Back the Dawn", 1941), "Só resta uma lágrima" ("To Each His Own", 1946), "O Fosso da serpente" ("The Snake Pit", 1948) e "Tarde demais" ("The Heiress", 1949), tendo vencido em 1947 e em 1950, por "Só resta uma lágrima" e "Tarde demais".

Das duas irmãs, Olivia foi a primeira a se tornar actriz. Quando Joan Fontaine tentou seguir a mesma profissão, a sua mãe, que supostamente favoreceu Olivia, recusou deixar que Joan usasse o nome da família. Assim, Joan viu-se obrigada a inventar um nome, tendo, inicialmente, optado por Joan Burfield e, posteriormente, por Joan Fontaine. Segundo o que conta o biógrafo Charles Higham, na sua obra "Sisters: The Story of Olivia De Haviland and Joan Fontaine", as irmãs sempre tiveram uma relação difícil, começada na infância, quando Olivia teria rasgado uma roupa de Joan, forçando-a a costurá-la novamente. A rivalidade e o ressentimento entre as irmãs também, alegadamente, resultaram da percepção de Joan em relação ao facto de Olivia ser a filha favorita da mãe de ambas.

Em 1942 as duas irmãs foram nomeadas para o Óscar de melhor actriz. Fontaine nomeada pela actuação no filme "Suspeita" ("Suspicion", 1941), de Alfred Hitchcock, e De Havilland nomeada pela actuação em "A porta de ouro" ("Hold Back the Dawn", 1941). Fontaine foi quem acabou levando a estatueta. O biógrafo Charles Higham descreveu os eventos da cerimónia de entrega dos prémios, afirmando que, como Joan avançou empolgada para receber o seu prémio, claramente, rejeitou as tentativas de Olivia em a cumprimentar, tendo Olivia ficado, naturalmente, ofendida com essa atitude. Higham também afirmou que, depois, Joan sentiu-se culpada pelo que ocorreu na cerimónia de entrega do prémio. Anos mais tarde, seria a vez de Olivia de Havilland ganhar o prémio, em 1947, pela actuação no filme "Só resta uma lágrima" ("To Each His Own", 1946). Segundo o biógrafo, na cerimónia Joan fez um comentário sobre o então marido de Olivia, que ficou ofendida e não quis receber os cumprimentos da sua irmã por este motivo.

A relação entre as irmãs continuou a deteriorar-se após os dois incidentes nas noites dos óscares. Em 1975, aconteceria algo que faria com que elas deixassem de se falar definitivamente: segundo Joan, Olivia não a convidou para um serviço memorial em homenagem a sua mãe, que havia morrido recentemente. Mais tarde, Olivia afirmou que tentou comunicar a Joan, mas que ela se encontrava muito ocupado para a atender.

Charles Higham também diz que Joan tem um relacionamento distante com suas próprias filhas, talvez porque tenha descoberto que elas estavam mantendo um relacionamento secreto com a tia Olivia.

Ambas as irmãs sempre se recusaram a comentar publicamente sobre a sua rivalidade e relacionamento familiar. Numa entrevista em 1978, no entanto, Fontaine disse: "Casei-me primeiro, ganhei um Óscar antes de Olivia e, se eu morresse primeiro, sem dúvida ela ficaria lívida porque eu também teria ganhado nisso!". Após a morte de Fontaine, De Havilland, na sua casa em Paris, divulgou um comunicado dizendo: Estou chocada e entristecida, e agradeço por todas as expressões de simpatia e gentileza dos fãs. Joan Fontaine faleceu no domingo 15 de Dezembro de 2013, aos 96 anos de idade - ironicamente a data em que "E o vento levou" ("Gone with the Wind", 1939), filme que imortalizou De Havilland no cinema americano, completou 74 anos de estreia.

De Havilland e Errol Flynn eram conhecidos como um dos mais empolgantes casais de Hollywood nas telas, aparecendo em nove filmes juntos como já visto, mas ao contrário dos boatos, nunca foram ligados romanticamente. Numa entrevista com Gregory Speck, De Havilland declarou: "Ele nunca adivinhou que eu tinha uma queda por ele. Na verdade, eu li em algo que ele escreveu que ele se apaixonou por mim enquanto filmamos "A carga da brigada ligeira". Fiquei espantada ao ler, porque nunca me ocorreu que ele fosse se apaixonar por mim." Noutra entrevista citada no Turner Classic Movies, De Havilland afirmou que Flynn lhe fez uma proposta de casamento, mas a actriz rejeitou porque Flynn era, na época, ainda casado com a actriz Lili Damita.

De Havilland casou-se com o escritor Marcus Goodrich, em 1946, mas divorciaram-se em 1953. Da união entre o casal nasceu o filho, Benjamin (nascido em 1949), que se tornou num matemático, tendo morrido em 1991 após uma longa batalha contra um linfoma de Hodgkin. Após se divorciar de Goodrich, em 1953, conheceu o jornalista francês e editor da Paris Match, Pierre Galante, com quem se casou em 1955 e de quem se divorciou em 1979. A filha do casal, Gisele, nasceu em Julho de 1956, quando De Havilland tinha 40 anos de idade. Após o divórcio, de Havilland e Galante continuaram bons amigos, e ela cuidou dele antes de ele morrer em Paris, vítima de cancro no pulmão, que foi o motivo declarado para a sua ausência no 70º aniversário do Óscar em 1998.

Residente em Paris desde 1955, De Havilland, apenas ocasionalmente, faz aparições públicas.
Nestes últimos anos, tornou-se mais próxima da amiga Gloria Stuart, que também foi uma das poucas actrizes dos anos 30 ainda vivas durante a década de 2000. Stuart faleceu no dia 26 de Setembro de 2010, aos 100 anos de idade.

Em 2004, por ocasião do 65º aniversário do lançamento original do filme "E tudo o vento levou", o Turner Classic Movies realizou um documentário chamado "Melanie Remembers", no qual De Havilland, que é a única viva dentre os quatro actores que protagonizaram o filme, relembra cada momento das filmagens. O documentário de 40 minutos pode ser visto na Edição especial para coleccionadores do filme, que vem com 4 DVDs: dois discos para o filme e os outros dois com bónus extra.

Em junho de 2006, apareceu, em homenagem ao seu 90º aniversário, na Academy of Motion Pictures Arts & Sciences e no Los Angeles County Museum de Arte.

Em Abril de 2008, compareceu ao funeral de Charlton Heston. No mesmo ano, também compareceu no Tributo ao Centenário da actriz Bette Davis. De Havilland foi uma das poucas estrelas com quem Bette manteve uma boa amizade. Bette, como se sabe, não era de grandes amizades, principalmente se fosse com actrizes concorrentes. Mas com Olivia sempre se entendeu muito bem, e sempre se referia à De Havilland como "sweet Olivia"/ (doce Olivia). Apareceram em cinco filmes juntas.

Ainda em 2008, aos 92 anos, De Havilland foi agraciada pelo então presidente norte-americano George W. Bush com a Medalha nacional das artes. No ano seguinte (2009), narrou o documentário "I Remember Better When I Paint".

De acordo com John Lichfield, em 14 de Julho de 2009, numa entrevista publicada no The Independent, Olivia estava trabalhando numa autobiografia.

Em 9 de Setembro de 2010, aos 94 anos de idade, recebeu a Legião de Honra, que é uma ordem de decoração de Cavalaria entregue pelo Presidente da República Francesa.

A sua estrela no Passeio da Fama de Hollywood está localizada na Hollywood Boulevard número 6764.




Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia a e IMDB.


T O P    F I V E   (Recomendado)



O Capitão Blood (1935)

As Aventuras de Robin dos Bosques (1938)

E Tudo o Vento Levou (1939)

O Fosso das Víboras (1948)

A Herdeira (1949)




segunda-feira, 14 de abril de 2014

Cantinflas (aka Mario Moreno) - (1911–1993)





Cantinflas, nome artístico de Fortino Mario Alfonso Moreno Reyes, foi um premiado actor e humorista mexicano. Nasceu na Cidade do México, a \12 de Agosto de 1911, e morreu a 20 de Abril de 1993.

Moreno nasceu numa família muito humilde e tinha 12 irmãos. Teve uma adolescência marcada pela pobreza o que o levou a começar a trabalhar muito cedo, primeiro como engraxador e depois como aprendiz de toureiro, motorista de táxi e pugilista.

A sua vida mudou quando, aos vinte anos, trabalhando como empregado num teatro popular, teve a oportunidade de substituir o apresentador do espectáculo que adoeceu. Ao inverter frases, trocar palavras e abusar do improviso, Cantinflas, conquistou o público hispânico.

As suas origens inspiraram mesmo várias personagens, entre as quais o famoso "El Peladito". No entanto, a sua maneira de falar acabou por prejudicar a sua carreira internacional. Dos mais de 40 filmes que fez, a maior parte foi produzida pela sua própria companhia.

Em Hollywood, fez apenas dois filmes: "A Volta ao Mundo em 80 Dias", um sucesso de bilheteira e vencedor do Óscar de Melhor Filme em 1956, e "Pepe", um fracasso de público e crítica. A sua carreira durou até à década de 80. A crítica, porém, destaca que os melhores filmes do comediante foram feitos nos anos 40 e 50. Entre os seus trabalhos mais elogiados deste período estão, "Os Três Mosqueteiros" (1942), "O Circo" (1943), "El Supersabio", "O Mágico" (1948), "O Bombeiro Atômico" (1950) e "Se Eu Fosse Deputado". Todos estes filmes com argumentos escritos para si pelo seu amigo Jaime Salvador.

Recebeu o Golden Globe Award para Melhor Actor (comédia ou musical) em cinema por "A Volta ao Mundo em 80 Dias", em 1957.



Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia a e IMDB.


T O P    F I V E   (Recomendado)


A Volta ao Mundo em Oitenta Dias (1956)

O Bolero de Raquel (1957)

Pepe (1960)

Sua excelência (1967)

O Varredor (1982)



domingo, 13 de abril de 2014

Akira Kurosawa (1910–1998)





Akira Kurosawa - nascido em Tóquio, a 23 de Março de 1910, e falecido em Setagaya, a 6 de Setembro de 1998 - foi um dos cineastas mais importantes do Japão, sendo os seus filmes uma fonte de inspiração e influência junto de uma grande geração de realizadores em todo o mundo.

Com uma carreira de cinquenta anos, Kurosawa dirigiu 30 filmes. É amplamente considerado como um dos cineastas mais importantes e influentes da história do cinema. Em 1989, foi premiado com o Óscar pelo conjunto de sua obra, "pelas realizações cinematográficas que têm inspirado, encantado, enriquecido e entretido o público e influenciado cineastas de todo o mundo."

Akira, o mais novo de oito filhos de Shima e Isamu Kurosawa, nasceu num subúrbio de Tóquio a 23 de Março de 1910. Shima Kurosawa tinha 40 anos de idade na época do nascimento de Akira e o seu pai, Isamu, tinha 45. Cresceu numa família com três irmãos mais velhos e quatro irmãs mais velhas. Dos seus três irmãos mais velhos, um morreu antes de Akira nascer e um, o mais velho, já vivia fora do lar. Uma das suas quatro irmãs mais velhas também já havia deixado a casa para formar a sua própria família, antes de Kurosawa nascer. A irmã que nascera logo antes de Kurosawa, a quem ele chamava de "Pequena Grande Irmã", também morreu repentinamente após uma curta doença quando ele tinha 10 anos de idade.

O pai de Kurosawa trabalhava como director de uma escola secundária, dirigida por militares japoneses.A família Kurosawa descendia de uma linhagem de antigos samurais. Financeiramente, a família estava acima da média. Isamu Kurosawa gostava da cultura ocidental, dirigindo programas atléticos e levando a família ao cinema para ver filmes ocidentais, que , naquela época, começavam a aparecer nos cinemas japoneses. Mais tarde, quando a cultura japonesa se afastou dos filmes ocidentais, Isamu Kurosawa continuou a acreditar que os filmes foram uma experiência positiva de ensino.

Inicialmente, Kurosawa tentou ser pintor. Após se formar no Ginásio Keika, frequentou o Centro de Pesquisas de Arte Proletária no ano de 1928, com 18 anos. Essa investida pela pintura não teve sucesso, devido à falta de dinheiro, mas as suas características artísticas viriam a acompanhá-lo vida fora, durante toda a sua trajectória no cinema. Kurosawa pintava quadros como "storyboards" dos seus filmes. Mesmo assim, continuou fiel à sua paixão pelas artes, principalmente a literatura; de onde tirou inspiração para a grande maioria de suas obras.

Sofreu também grande influência do irmão, Heigo, quatro anos mais velho, na sua paixão pelo cinema. Heigo trabalhava como Benshi, uma espécie de "narrador de filmes" do início do século no Japão. Infelizmente, com o advento dos filmes sonoros a profissão de narrador tornou-se obsoleta, e Heigo viu-se sem emprego. Tal facto deprimiu tanto o irmão de Kurosawa que ele acabou por se suicidar com um tiro no peito esquerdo aos 22 anos de idade. Kurosawa demorou a aceitar o ocorrido, mas recuperou, alguns anos depois, ingressando de vez na carreira cinematográfica, quando,em 1936, viu um anúncio no jornal para um teste de assistente de realizador. Desde aí, não parou mais de trabalhar na sétima arte: entre 1943 a 1965 realizou vinte e quatro filmes.

O seu primeiro trabalho foi "Sugata Sanshiro" (1943) e o último foi "Depois da Chuva" (Ame agaru) ([1999) concretizado, postumamente, por Takashi Koizumi, um seu discípulo. Foi o introdutor do género "chambara" (samurai) no cinema, com temas como "a honra acima de tudo". 

Em 1971, sofrendo de fadiga mental, tentou, em vão, suicidar-se cortando os pulsos por mais de trinta vezes. Em 1985, o Festival de Cinema de Cannes homenageou-o pelo seu filme "Ran, os senhores da Guerra" que ele próprio considerava ser a "obra de sua vida". "Ran" foi baseado em adaptações da peça "Rei Lear", de William Shakespeare. Kurosawa também adaptou obras do russo Dostoiévski. Muitos dos seus filmes vieram a ser alvo de "remakes", quer na Europa, quer nos Estados Unidos.

Começou a sua carreira como assistente de realização. Durante cinco anos, trabalhou com inúmeros realizadores, mas a figura que foi mais importante para o seu desenvolvimento, de longe, foi Kajiro Yamamoto. Dos seus 24 filmes como assistente de realização, 17 deles foram sob a supervisão de Yamamoto. Muitos deles eram comédias encenadas pelo popular actor Kenichi Enomoto, conhecido como "Enoken." Yamamoto cultivou o talento de Kurosawa, promovendo-o directamente de terceiro assistente de realização para director assistente chefe, logo após um ano. A responsabilidade de Kurosawa aumentou, passando kurosawa a trabalhar em tarefas variadas como construção de cenários e desenvolvimento de filmes, locação de cenários, revisão de argumento, direcção de ensaios, iluminação, dobragem, edição, montagem e sub-realização. No último filme de Kurosawa como realizador assistente, "Horse", Kurosawa cuidou da maior parte da produção, visto que Yamamoto estava ocupado com as filmagens de outro filme.

Um importante conselho que Yamamoto deu a Kurosawa foi que um bom realizador precisava dominar a prática de escrever roteiros. Kurosawa logo percebeu que os ganhos potenciais dos seus roteiros (argumentos) eram muito mais altos do que ganhava como realizador assistente. Kurosawa, mais tarde, viria a  escrever ou co-escrever todos os seus filmes. Também, frequentemente, escreveu roteiros para outros realizadores. Esses roteiros extras serviriam para Kurosawa como uma alternativa lucrativa que durou bem até a década de 1960, época em que se tornou mundialmente famoso.

O reconhecimento internacional chegou em 1950, com o filme "Rashomon - Às Portas do Inferno", cujas filmagens começaram a 7 de Julho de 1950. Após extensos trabalhos em cenários naturais - florestas primitivas de Nara - as filmagens foram concluídas a 17 de Agosto. Apenas uma semana foi gasta com a pós-produção, prejudicada por um incêndio no estúdio. O filme foi, apesar de tudo, concluído, tendo estreado no Teatro Imperial de Tóquio a 25 de Agosto, passando a ser exibido em rede nacional no dia seguinte. Inicialmente, o filme recebeu críticas "mornas", com muitos críticos perplexos pelo seu tema e  tratamento único, mas tornou-se, no entanto, um sucesso financeiro moderado para a Daiei.

O filme seguinte de Kurosawa, produzido para a Shochiku, foi "Hakuchi" ("O Idiota"), uma adaptação do romance do seu escritor favorito, Fiódor Dostoiévski. O cineasta mudou o local da história da Rússia para Hokkaido, mas, apesar disso, é muito fiel à versão original, facto visto por muitos críticos como prejudicial para a obra. Uma edição imposta peloo estúdio encurtou a versão original de Kurosawa de 265 minutos (quase quatro horas e meia) para apenas 166 minutos, tornando a narrativa extremamente difícil de seguir. É considerado actualmente um dos trabalhos de menos sucesso de Kurosawa.. As críticas da época foram muito negativas, mas o filme teve um relativo sucesso nas bilheteiras, em grande parte devido à popularidade de uma de suas estrelas, Setsuko Hara.

Enquanto isso, sem o consentimento de Kurosawa, "Rashomon" foi inscrito no prestigioso Festival de Veneza, devido aos esforços de Giuliana Stramigioli, uma representante de uma empresa cinematográfica italiana no Japão, que viu e admirou o filme, convencendo a Daiei a apresentá-lo. A 10 de Setembro de 1951, "Rashomon" foi premiado com o mais alto prémio do festival, o Leão de Ouro, chocando não somente a Daiei mas também o mundo cinematográfico internacional, que, nesse período, não conhecia a tradição dos filmes japoneses de época.

Depois que a Daiei, embora por pouco tempo, exibiu uma versão legendada do filme em Los Angeles, a RKO Pictures comprou os direitos de distribuição de "Rashomon" nos Estados Unidos. A empresa fez uma aposta ambiciosa. Tinha lançado apenas um filme legendado no mercado americano e o único filme falado japonês lançado comercialmente em Nova Iorque foi a comédia de Mikio Naruse, "Tsuma yo bara no yo ni", em 1937: um fracasso de crítica e de público. Entretanto, a execução comercial de Rashomon, muito ajudada por boas resenhas de críticos e até mesmo do colunista Ed Sullivan, teve muito sucesso. Gerou 35 mil dólares nas primeiras três semanas num único cinema em Nova Iorque, um valor quase inédito na época. Esse sucesso, por sua vez, lançou a moda, nos Estados Unidos, da exibição de filmes japoneses, ao longo de toda a década de 1950, substituindo o entusiasmo então reinante pelo cinema neo realista italiano.

O filme foi também lançado por outras distribuidoras em França, Alemanha Ocidental, Dinamarca, Suécia e Finlândia. Entre os cineastas japoneses cujos trabalhos começaram a ganhar prémios em festivais e distribuição comercial no Ocidente estavam Kenji Mizoguchi (Saikaku ichidai onna, Ugetsu monogatari, Sansho dayu) e, um pouco mais tarde, Yasujiro Ozu (Tokyo monogatari, Sanma no aji) – artistas altamente respeitados no Japão, mas, antes desse período, quase totalmente desconhecidos no Ocidente. Gerações posteriores de cineastas japoneses que conseguiram a aclamação fora do Japão – de Nagisa Oshima e Shohei Imamura a Juzo Itami, Takeshi Kitano e Takashi Miike – foram capazes de passar pela porta a que Kurosawa foi o primeiro a abrir.

Em Dezembro de 1952, Kurosawa levou os seus roteiristas de Ikiru, Shinobu Hashimoto e Hideo Oguni, para morarem, durante quarenta e cinco dias, numa pousada a fim de criar o roteiro de seu novo filme, "Os Sete Samurais". Essa obra foi o primeiro filme de samurais propriamente dito, o género pelo qual ele se tornaria mais famoso. À simples história, sobre uma vila de fazendeiros pobres no período Sengoku, que contrata um grupo de samurais para os defender de um ataque iminente de "bandoleiros", foi dado um completo tratamento épico, com um grande elenco (consistindo na maioria por veteranos das produções anteriores de Kurosawa) e acção meticulosamente detalhada, estendendo-se por quase três horas e meia de duração.

Três meses foram gastos na pré-produção e um mês nos ensaios. As filmagens levaram 148 dias espalhados por quase um ano, interrompida por problemas de produção e financeiros e de saúde de Kurosawa. O filme finalmente foi lançado em Abril de 1954, meio ano depois da data de estreia original e quase três vezes acima de seu orçamento, tornando-o, na época, o filme japonês mais caro até então feito (no entanto, pelos padrões de Hollywood, era uma produção de orçamento modesto, mesmo para aquela época). 

O filme recebeu uma reacção positiva dos críticos e tornou-se um grande sucesso, rapidamente recuperando o dinheiro nele investido e "fornecendo" ao estúdio um produto que poderiam, e fizeram, lançar internacionalmente. Com o passar do tempo – e com os lançamentos nos cinemas e em vídeo da versão sem cortes – a reputação de Kurosawa cresceu continuamente, sendo hoje considerado, por alguns críticos, como o melhor filme japonês de todos os tempos. Em 1979, uma pesquisa junto críticos de filmes chegou à mesma conclusão.

Os três filmes que Akira Kurosawa gravou depois de "Os Sete Samurais" não conseguiram cativar o público japonês do mesmo modo que aquele filme conseguiu. O clima das obras do cineasta foi se tornando pessimista e obscuro, com a possibilidade de redenção através da responsabilidade pessoal, agora, muito questionada. Kurosawa reconheceu esse facto e, deliberadamente, optou por realizar, em seguida, um filme mais leve e divertido, enquanto se adaptava para o novo formato widescreen que estava ganhando popularidade no Japão. O resultado, "Kakushi toride no san akunin" ("A Fortaleza Escondida"), é um filme de comédia e aventura sobre uma princesa medieval, o seu leal general e dois camponeses que precisavam de viajar através das linhas inimigas a fim de voltarem para a sua região de origem. Lançado em Dezembro de 1958, "Kakushi toride no san akunin" tornou-se um enorme sucesso de bilheteira no Japão, para além de ter sido bem recebido pelos críticos. Hoje, é considerado uma das obras de menos peso de Kurosawa, embora permaneça popular, sobretudo porque é uma das grandes influências (como o próprio George Lucas confessou) da space opera, de 1977, imensamente popular, "Star Wars".

A 6 de Setembro de 1998, Kurosawa morreu de um derrame, em Setagaya, Tóquio, com 88 anos de idade. Foi sepultado no Anyo-jy Temple Cemetery, Kamakura, Kanagawa no Japão.




Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia a e IMDB.


T O P    F I V E   (Recomendado)



Rashomon - Às Portas do Inferno (1950)

Os Sete Samurais (1954)

Yojimbo, o Invencível (1961)

Kagemusha - A Sombra do Guerreiro  (1980)

Os Senhores da Guerra (1985)



sexta-feira, 11 de abril de 2014

Ingrid Bergman (1915–1982)





Ingrid Bergman - nascida em Estocolmo, a 29 de Agosto de 1915, e falecida em Chelsea (Londres), a 29 de Agosto de 1982 - foi uma premiada actriz sueca, considerada por muitos como uma das maiores estrelas do cinema de todos os tempos. Ganhou dois Oscares de Melhor Atriz principal e um de Melhor Actriz secundária.

Ingrid nasceu na capital sueca, às 3: 30 da madrugada do dia 29 de Agosto de 1915, filha de mãe alemã e pai sueco. A sua mãe morreu quando ela tinha dois anos e pai, Justus Bergman, era um fotógrafo boémio que lhe transmitiu o amor pelo teatro.

Ingrid entrou para a Real Escola de Arte Dramática de Estocolmo e, antes de terminar o curso, estreou-se no cinema, levada por um caçador de talentos. Em dois anos, participou em nove filmes, ainda na Suécia.

Já famosa no seu país, Ingrid foi levada para Hollywood, em 1939, para "estrelar" a versão de um dos seus mais bem sucedidos filmes suecos, "Intermezzo". A partir daí, o mundo inteiro rendeu-se a uma grande actriz que tinha um estilo próprio que em Hollywood alguns realizadores e produtores definiam com um "glamour ao ar livre", que fazia com que ela interpretasse da mesma maneira vibrante tanto uma camponesa como uma princesa.

Bergman foi três vezes premiada com o Óscar, sendo duas como Melhor Actriz (principal) e uma como Melhor Actriz (secundária). O primeiro Óscar veio em 1944 com "À Meia-Luz", o segundo em 1956 com "Anastácia, a Princesa Esquecida", e o terceiro, em 1974, como uma solteirona retraída em "Crime no Expresso do Oriente". Participou em numerosos filmes, incluindo clássicos do cinema americano, como "Casablanca", ou do italiano, como "Stromboli".

Casou-se em 1937 com Petter Lindström, com quem teve uma filha, Pia. Em 1949, divorciou-se e casou com o realizador italiano Roberto Rossellini, uma união que causou muita polémica, pois ambos eram casados quando se apaixonaram, tendo abandonado as respectivas famílias para viverem juntos. Essa paixão fez com que Ingrid fosse acusada de adultério e de ser um mau exemplo para as mulheres americanas, o que levou a ficar muitos anos sem filmar nos Estados Unidos. Com Rossellini teve três filhos: Roberto e as gémeas Isotta Ingrid e Isabella, hoje a actriz Isabella Rossellini. Esse casamento durou até 1957, quando se divorciaram. Foi ainda casada com Lars Schmidt, de 1958 até 1975, quando também se divorciou.

Morreu no dia do seu aniversário, com 67 anos, depois de lutar seis anos contra um cancro nos seios e de fazer duas mastectomias. Numa entrevista, um ano antes de falecer, Ingrid disse que recusava render-se à doença e que, por isso, continuava a fumar e a beber vinho e champagne. Está sepultada no Norra begravningsplatsen, Estocolmo, na Suécia.




Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia a e IMDB.


T O P    F I V E   (Recomendado)



Casablanca (1942)

A Casa Encantada (1945)

Difamação (1946)

Stromboli (1950)

Sonata de Outono (1978)



quinta-feira, 10 de abril de 2014

David Niven (1910–1983)





James David Graham Niven, mais conhecido apenas como David Niven, foi um actor britânico nascido na Inglaterra, que ficou famoso pelos filmes que interpretou nos Estados Unidos da América e na Europa. Nasceu em Londres, a 1 de Março de 1910, e morreu em Château-d'Oex (Suiça), a 29 de Julho de 1983.

Inicialmente, David seguiu carreira militar, conforme tradição deixada pelo seu pai, soldado que faleceu na Batalha de Galípoli, em 1915. Nos anos 1930, mudou-se para Hollywood, onde trabalhou bastante tempo como figurante. Contratado por Samuel Goldwin, começou a ficar conhecido pelas suas participações nos filmes do astro Errol Flynn. Só conseguiu um papel principal em 1939, actuando ao lado de Ginger Rogers, no filme "Bachelor Mother". 

Com a entrada da Inglaterra na segunda guerra mundial, retomou a sua carreira militar, vindo depois a ser condecorado. Acabada a guerra, voltou ao cinema, alcançado o estrelato com o filme "A volta ao mundo em oitenta dias",ao  interpretar a célebre personagem (protagonista) Phileas Fogg, numa adaptação cinematográfica da homónima obra de Julio Verne. Ganhou, depois, um Óscar em 1958, pelo filme "Vidas Separadas" ("Separate Tables"), apesar de actua por apenas quinze minutos, tornando-se o actor com menor tempo de actuação a ganhar o Óscar de Melhor Actor.

Nos anos 1960 participou no clássico "Os Canhões de Navarone" ("The Guns of Navarone"),em 1961. Esteve na calha para para interpretar James Bond, papel que acabou por ser entregue a Sean Connery. Mais tarde, interpretou mesmo esse agente secreto no filme "Casino Royale" de 1967, com produtores diferentes dos da série de Connery. "Estrelou" também o primeiro filme da saga "A Pantera Cor-de-Rosa", de 1963.

Em 1971, lançou sua autobiografia "The Moon's a Balloon" ("A Lua é um Balão"), que viria a ter uma sequência em 1975. 

Casou duas vezes e deixou quatro filhos. O seu primeiro casamento foi com Priula Rollo, filha do Lord e de Lady Rollo, depois de um encontro casual durante a segunda guerra mundial. O casamento acabou com a morte da esposa, que sofreu uma queda durante uma festa em casa de Tyrone Power. Viúvo, casou-se, anos depois, com a modelo sueca Hjordis Tersdemen.

Faleceu no seu castelo suíço, vítima de esclerose lateral amiotrófica. Encontra-se sepultado no Chateau D'Oex Cemetery, Chateau D'Oex, Vaud, na Suíça.




Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia a e IMDB.


T O P    F I V E   (Recomendado)



Caso de Vida ou Morte (1946)

)A Volta ao Mundo em Oitenta Dias (1956)      

 Os Canhões de Navarone (1961)

55 Dias em Pequim (1963)

A Pantera Cor-de-Rosa (1963)  



quarta-feira, 9 de abril de 2014

Elia Kazan (1909–2003)





Ilías Kazantzóglu, nome de baptismo de Elia Kazan,foi um talentoso r polémico cineasta greco-americano. Nasceu em Constantinopla, a 7 de Setembro de 1909, e morreu em Manathan (Nova Iorque), a 28 de Setembro de 2003. 

Filho de gregos de Constantinopla, a capital do então Império Otomano (antecessor da actual Turquia), Elia Kazan foi um notório director do teatro da Broadway, na década de 1940.. Mais tarde, desenvolveu, também, uma bem sucedida carreira no cinema.

Como ex-membro do Partido Comunista dos Estados Unidos, denunciou colegas do antigo partido ao Comité de Investigações de Actividades Anti-Americanas. Por este motivo, deixou de ser aplaudido por Ed Harris, Nick Nolte, Holly Hunter, Ian McKellen e Ed Begley Jr. durante a cerimónia em que recebeu um Óscar honorário pelo conjunto da sua obra, a todos os títulos notável. Outros artistas, como Sean Penn (cujo pai foi vítima do macartismo), Richard Dreyfuss e Rod Steiger vieram a público declarar a sua oposição à decisão da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Sobre o seu testemunho no Comitê, Orson Welles teria dito: "Kazan trocou a alma por uma piscina".

Os defensores de Kazan consideram absurdo dizer que ele, pessoalmente, tenha destruído as carreiras de inúmeros colegas, pois os nomes que forneceu já estavam na lista negra do Comité. Mas outros "colegas" acreditam que, ao dar as informações, tacitamente, deu o  seu apoio ao Macartismo.

Elia Kazan que, polémicas à parte realizou alguns dos melhores filmes da história do cinema, tem o seu nome no Passeio da Fama, no número 6800 do Hollywood Boulevard.




Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia a e IMDB.


T O P    F I V E   (Recomendado)


A Luz é Para Todos (1947)

 Um Eléctrico Chamado Desejo (1951)

Há Lodo no Cais (1954)      

A Leste do Paraíso (1955)

Esplendor na Relva (1961)



terça-feira, 8 de abril de 2014

Jane Wyman (1917–2007)





Jane Wyman - nascida em Saint Joseph (Missouri), a 5 de Janeiro de 1917, e  falecida em Palm Springs (Califórnia), a 10 de Setembro de 2007 - foi uma actriz norte-americana.

Nascida Sarah Jane Mayfield, filha de um ex-presidente da câmara da cidade de St. Joseph, Jane foi incentivada pela mãe, que a queria tornar uma criança-prodígio. Após muitas tentativas infrutíferas de ingressar na carreira artística, vivendo vários meses em Hollywood, desistiu da ideia.

Ingressou na Universidade do Missouri, ganhando a vida como manicure e telefonista, até que, em 1932, Jane começou a cantar no rádio. Em 1936, assinou o seu primeiro contrato, com a Warner Bros. Pictures. O primeiro filme foi "Gold Diggers of 1937" (“Revista maravilhosa de 1937”), feito em 1936. Ela "estrelou" dois filmes do estúdio com o então futuro marido, que foram "Brother Rat", em 1938, e a sequela, "Brother Rat and a Baby", em 1940.

Durante dez anos, a actriz desempenhou pequenos papéis em filmes sem importância na Warner. Até que Billy Wilder, a pediu "emprestada" para "The Lost Weekend (“Farrapo Humano”), em 1945, filme vencedor do Óscar. A partir de então, foi reconhecido o seu talento e "estrelou", para a MGM The Yearling (“Virtude Selvagem”), em 1946, que lhe valeu uma nomeação ao Óscar, e para a RKO Magic Town (“Cidade Mágica”), em 1947.

A Warner, finalmente, decidiu "aproveitá-la", oferecendo-lhe o papel de uma jovem surda-muda, vítima de violação, em Johnny Belinda (“Belinda”), em 1948, que lhe valeu o Óscar de melhor atcriz. Teve mais duas nomeações ao Óscar, em 1951, por "The Blue Veil (“O Véu Azul”), e, em 1954,, em Magnificent Obsession (“Sublime Obsessão”).

Jane foi a primeira mulher do ex-presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, com quem esteve casada de 1940 a 1948. Ronald Reagan foi o seu terceiro marido, e o único com o qual teve filhos, dois biológicos e um adoptivo. A filha Maureen Reagan é cantora e actriz de TV.

Wyman, que nos anos 80 participou da popular série de TV "Falcon Crest", casou-se cinco vezes, chegando a declarar em certa ocasião: "Acho que não tenho talento para isto, algumas mulheres não são do tipo casamenteiro, ou, pelo menos, não do estilo para ficar casadas permanentemente, e eu sou uma delas"
.
A actriz afastou-se do cinema desde 1993, e faleceu aos 90 anos, vitimada por uma artrite e diabetes.




Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia a e IMDB.


T O P    F I V E   (Recomendado)



Farrapo Humano (1945)

Belinda (1948)

Pânico nos Bastidores (1950)

Sublime Obsessão (1954)

O Que o Céu Permite (1955)




segunda-feira, 7 de abril de 2014

James Mason (1909–1984)





James Mason foi um carismático actor britânico nascido em Yorkshire (Inglaterra), a 15 de Maio de 1909, e falecido, de ataque cardíaco, em Lausana (Suiça), a  27 de Julho de 1984.

James Mason foi aluno do Colégio Marborough, tendo, depois, obtido a sua formação em arquitectura na Universidade de Cambridge, antes de decidir que tinha uma melhor oportunidade em ganhar a vida num palco do que projectando casas e prédios.

Mason tornou-se actor teatral em 1930. Chamou a atenção do realizador Al Parker, em 1935, para quem fez o primeiro de mais de 140 filmes, "Late Extra".

Transformou-se rapidamente numa estrela de nível internacional. Em 1954, interpretou um dos seus melhores papéis em "Nasce uma estrela", ao lado de Judy Garland, tendo obtido, pelo seu desempenho, a sua primeira nomeação para o Óscar.

Voltou a ser candidato ao Óscar por mais duas vezes: em 1966, por "Georgy Girl", e,, em 1982, por "Veredicto", mas não venceu em nenhuma das vezes.

Mason - que ao longo da maior parte da sua vida, residiu na Inglaterra e nos Estados Unidos da América - mudou-se para a Suíça, em 1982, para morar em Vevey, uma pequena cidade junto ao lago de Genebra com a esposa, Clarissa Mason. Morreu, de colapso cardíaco, aos 75 anos. Encontra-se sepultado no cemitério comunal de Corsier-sur-Vevey, Vaud (Suíça).

Como curiosidade final, registe-se o facto de que, para além do seu inquestionável talento, Mason fica na história do cinema como uma das vozes mais características da sétima arte.



Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia a e IMDB.


T O P    F I V E   (Recomendado)



Rommel, a Raposa do Deserto  (1951)

Assim Nasce Uma Estrela (1954)

Vinte Mil Léguas Submarinas (1954)

Intriga Internacional (1959)

Lolita (1962)




domingo, 6 de abril de 2014

David Lean (1908–1991)





Sir David Lean - nascido em (Croydon, Surrey, a 25 de Março de 1908, e falecido em Londres, a 16 de Abril de 1991) foi um conhecido cineasta britânico.

Lean era oriundo de uma família muito tradicional que o proibia de ir ao cinema quando criança. Seguiu a carreira de contabilista, mas, aos 20 anos, largou tudo e entrou para o mundo do cinema. Começou servindo chá e carregando latas de negativos nos estúdios Lime Grove, em Londres. Em pouco tempo, passou a editor e, em 1942, chegou à co-direção do filme "Nosso Barco, Nossa Alma" em parceria com Noel Coward.

No entanto, foi com a adaptação para o cinema das obras de Charles Dickens, "Grandes Esperanças", em 1946, e "Oliver Twist", em 1948, que Lean chamou a atenção dos críticos e do público

Muito detalhado e apaixonado por realizar épicos espectaculares, dirigiu obras inesquecíveis para os amantes do cinema a partir de "A Ponte do Rio Kwai", que venceu o Óscar de melhor filme em 1957. Os seus filmes conquistaram ao todo 28 óscares e renderam muitos milhões de dólares nas bilheteiras. Os recordistas foram "Lawrence da Arábia" e "Dr. Jivago", ambos da década de 1960.

Em 1984, recebeu o título de Cavaleiro do Império Britânico e morreu sem realizar um sonho: levar para as telas o romance "Nostromo" de Joseph Conrad, a história de uma república às voltas com uma revolução.

Teve como principal colaborador nos seus filmes o compositor francês Maurice Jarre, responsável pela trilha sonora dos seus filmes mais conhecidos como "Lawrence da Arábia", "Dr. Jivago" e "Passagem para a Índia", todas vencedoras do Óscar.




Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia a e IMDB.


T O P    F I V E   (Recomendado)



A Ponte do Rio Kwai (1957)

Lawrence da Arábia (1962)

Doutor Jivago (1965)

A Filha de Ryan (1970)

 Passagem Para a Índia (1984)




sábado, 5 de abril de 2014

Carmen Miranda (1909–1955)





Maria do Carmo Miranda da Cunha - nascida em Marco de Canaveses (Portugal), a 9 de Fevereiro de 1909, e falecida em Los Angeles (Califórnia), a 5 de Agosto de 1955 - mais conhecida como Carmen Miranda -  foi uma popular cantora e actriz luso-brasileira.

A sua carreira artística ocorreu no Brasil e nos Estados Unidos, entre as décadas de 1930 e 1950. Trabalhou também na rádio, teatro de revista, cinema e televisão, chegando a receber o maior salário até então pago a uma mulher nos Estados Unidos. Muito "avançada" para o seu tempo, Carmen Miranda - cuja imagem ficou para sempre associada aos "penduricalhos" ao pescoço e às frutas tropicais que lhe ornamentavam a cabeça - é considerada a pioneira do "tropicalismo", movimento cultural brasileiro dos anos 60. 

Carmen Miranda foi baptizada com o nome de Maria do Carmo Miranda da Cunha na igreja da freguesia de Várzea da Ovelha e Aliviada, concelho de Marco de Canaveses. Era a segunda filha do barbeiro José Maria Pinto da Cunha e de sua mulher, Maria Emília Miranda.. Passou a ser tratada por Carmen, já no Brasil, graças ao gosto que o seu tio Amaro tinha por ópera.

A emigração da família para o Brasil já estava marcada. Entretanto, ao ver-se grávida, a mãe de Carmen preferiu aguardar. Pouco depois do seu nascimento, o seu pai, José Maria, emigrou para o Brasil, tendo-se instalado no Rio de Janeiro. Em 1910, a sua mãe, Maria Emília, seguiu o marido, acompanhada da filha mais velha, Olinda, e de Carmen, que tinha menos de um ano de idade. Carmen nunca voltou ao país onde nasceu. no entanto,\a câmara municipal de Marco de Canaveses deu o seu nome ao museu municipal da terra.

No Rio de Janeiro, o seu pai abriu um salão de barbeiro na rua da Misericórdia, número 70, em sociedade com um conterrâneo. A família estabeleceu-se no andar por cima do salão. Mais tarde, mudaram-se para a rua Joaquim Silva, número 53, na Lapa.
No Brasil, nasceram os outros quatro filhos do casal: Amaro (1911), Cecília (1913-2011), Aurora (1915 - 2005) e Oscar (1916).

Carmen estudou na escola de freiras Santa Teresa, na rua da Lapa, número 24. Teve o seu primeiro emprego aos 14 anos numa loja de gravatas, e, mais tarde, numa chapelaria. Contam que foi despedida por passar o tempo cantando, mas o seu biógrafo Ruy Castro diz que ela cantava por influência da sua irmã mais velha, Olinda, e que assim até atraía mais clientes.

Nesta época, a sua família deixou a Lapa e passou a residir num andar na Travessa do Comércio, número 13. Em 1925, Olinda, acometida de tuberculose, voltou para Portugal para tratamento da doença, onde permaneceu até sua morte em 1931. Para complementar o rendimento familiar, a sua mãe passou a administrar uma pensão doméstica que servia refeições para empregados de comércio.

Em 1926, Carmen, que tentava ser artista, apareceu incógnita numa fotografia na secção de cinema do jornalista Pedro Lima, na revista Selecta. Em 1929, foi apresentada ao compositor Josué de Barros, que, encantado com seu talento, passou a promovê-la em editoras e teatros. No mesmo ano, gravou na editora alemã Brunswick, os seus primeiros discos como o samba "Não Vá Sim'bora" e o choro "Se o Samba é Moda". Pela editora Victor, gravou "Triste Jandaya" (grafia original) e "Dona Balbina" ou "Buenas Tardes muchachos".

No início, a sua carreira foi marcada por uma tímida actuação a solo e algumas interpretações em dueto com astros do porte de Chico Alves, Mário Reis e Sylvio Caldas. Mais tarde veio o cinema, que em 1933 leva a sua imagem e o seu "jeitinho esperto" de olhar para todo o país com "Luz do Carnaval", o primeiro de uma série de 19 filmes que marcaram a sua carreira.
Em 1926, apareceu como figurante no filme "A Esposa do Solteiro", e, quatro anos depois, assinou contrato para "Degraus da Vida", que não chegou a ser rodado.
Em 1932, fez parte do elenco de artistas de um documentário: "Carnaval Cantado", de 1932, no Rio"
Em 1933, canta as marchas "Good-Bye Boy" e "Moleque Indigesto", documentário nos moldes de "Carnaval Cantado".
Em 1934, canta duas músicas no filme "Alô, Alô, Brasil", tendo-lhe sido concedida a última apresentação do filme, geralmente dada ao artista principal.
Em 1935, recebe o epíteto de "A Pequena Notável", dado pelo célebre cantor-apresentador César Ladeira, com quem trabalhou na Rádio Mayrink Veiga.
Com o sucesso do filme, foi convidada para participar, em 1935, no filme "Estudantes", pela primeira vez como protagonista. O êxito do filme levou a Cinédia a convidá-la para um novo filme: "Bonequinha de Seda". Carmen, por algum motivo não elucidado - provavelmente viagem à Argentina - acabou por não aceitar o papel, que foi depois oferecido a Gilda de Abreu.
Em 20 de janeiro de 1936, estreou o filme "Alô, Alô Carnaval" com a famosa cena em que Carmen e Aurora Miranda cantam "Cantoras do Rádio". Neste mesmo filme, canta uma música a solo no palco. No mesmo ano, as duas irmãs passaram a integrar o elenco do Casino da Urca, propriedade de Joaquim Rolla. A partir de então, as duas irmãs dividiram-se entre o palco do casino e digressões frequentes pelo Brasil e Argentina.
Quase todos os musicais tiveram como tema o Brasil e o carnaval, mas foi o filme "Banana da Terra", de 1939, que instaurou o estilo que consagrou Carmen Miranda no mundo todo. Carmen apareceu interpretando "O que é que a Baiana Tem?", de Dorival Caymmi, usando as famosas roupas de baiana, turbantes, as altíssimas sandálias de plataforma e os inúmeros colares e pulseiras
Depois de uma apresentação para a estrela de Hollywood Tyrone Power, em 1938, aventou-se a possibilidade de Carmen vir a fazer uma carreira nos Estados Unidos. Carmen, que recebia o fabuloso salário de 30 contos de réis mensais no Casino da Urca, não se mostrou muito interessada na ideia.
Só que, em 1939, o empresário norte.americano Lee Shubert e a atriz Sonja Henie assistiram ao espectáculo de Carmen no Casino da Urca. Depois de um outro espectáculo no transatlântico Normandie, Carmen acabou por assinar contrato com o empresário. A execução do contrato não foi imediata, pois a cantora fazia questão de levar o grupo musical Bando da Lua para a acompanhar, mas o empresário estava apenas interessado em Carmen. O impasse foi resolvido graças à intervenção de Alzira Vargas, que garantiu o embarque dos integrantes do Bando da Lua. Carmen partiu então para os E.U.A., no navio SS Uruguay, a 4 de Maio de 1939, nas vésperas da Segunda Guerra Mundial..

Protagonista de uma carreira meteórica, Carmen conseguiu uma projecção internacional como nenhuma outra artista luso-brasileiro logrou antes alcançar, primeiro na Argentina e noutros países da América Latina, para depois "conquistar" os Estados Unidos, Europa e o resto do o mundo.

Nos Estados Unidos, a carreira de Carmen Miranda e a sua imagem ganharam novas conotações. Carmen foi inicialmente contratada para trabalhar na Broadway, fazendo performances musicais em grandes teatros e casas de entretenimento, mas, em 1940, começou a actuar também na indústria cinematográfica, sempre acompanhada, nos palcos e nos filmes, pelo Bando da Lua. Com os filmes de Hollywood, Carmen sedimentou sua popularidade no país e se tornou uma estrela internacional.

Em 29 de Maio de 1939, "estrelou" a revista musical "The Streets of Paris" com a dupla de comediantes Abbott & Costello ,primeiro em Boston e em seguida na Broadway, com êxito estrondoso de público e crítica. As suas participações teatrais tornaram-se também cada vez mais famosas.

A 5 de Março de 1940, actuou perante o presidente Franklin D. Roosevelt durante um banquete na Casa Branca. Neste mesmo ano, fez a sua primeira aparição no cinema norte-americano em "Serenata Tropical" ("Down Argentine Way"), da 20th Century-Fox, em que Carmen apenas canta. O filme estreou em Outubro e bateu recordes de bilheteira.

Em pouco tempo, teve participações em programas de grande audiência, cantando músicas como "Mamãe Eu Quero", "Tico-tico no Fubá", "O que é que a Baiana Tem?" e "South American Way", tornando-sen um fenómeno também nos EUA. Em 1945, tinha mesmo o maior salário de Hollywood, acima de nomes como Cary Grant e Humphrey Bogart. O figurino extravagante e peculiar, inspirado nas roupas das tradicionais baianas, ganhou o apelido de "Miranda Look" em Hollywood, na década de 40. Os seus turbantes e balangandãs foram copiados e expostos nas vitrinas de lojas. Como cantora, vendeu mais de 10 milhões de discos no mundo todo, ficando conhecida como "The Brazilian Bombshell" ("A Explosão Brasileira"), numa alusão ao frenesi que causava com as suas apresentações.

A exótica baiana agradou imenso aos norte-americanos, mas despertou polémica entre os brasileiros,, pois achavam que as suas vestes estilizadas e o arranjo de frutas tropicais que carregava na cabeça – marcas definitivas de sua imagem – acabavam por expor ao mundo uma visão caricata e estereotipada do Brasil. No auge da “política da boa vizinhança” entre os Estados Unidos e a América do Sul, a sua imagem latina era explorada pelos estúdios até à exaustão. Tal exposição internacional fez despertar na intelectualidade brasileira um certo sentimento de desprezo pela sua figura.

Numa apresentação no Casino da Urca, com a presença de políticos importantes do Estado Novo, foi apupada pelos que a consideravam "americanizada". No entanto, entre os seus críticos havia muitos que eram simpatizantes de correntes políticas contrárias aos Estados Unidos.~

Dois meses depois, Carmen voltaria ao mesmo palco e foi fartamente aplaudida por uma plateia mais afeita ao seu repertório, então já actualizado com respostas como "Disseram que Voltei Americanizada", especialmente composta por Vicente Paiva e Luiz Peixoto, com quem, no mesmo mês, gravou os seus últimos discos no Brasil.

Fabricada pelos filmes da 20th Century Fox, a sua imagem acabou por se tornar num inconveniente para si própria. Carmen percebeu que estaria aprisionada a imagem da “Garota Latina” para sempre. Como contratada da Fox, Carmen era uma mina de ouro para a companhia, que a obrigava a forçar um sotaque latino caricato, mesmo falando inglês perfeitamente. Nos filmes - grandes musicais luxuosos em Tecnicolor – tão estonteantes quanto o seu figurino – Carmen tanto podia interpretar uma brasileira, quanto uma mexicana, cubana, porto-riquenha ou até uma cigana. Mas ela era sempre a garota latina. 

Entre os actores com quem contracenou, estão nomes importantes da antiga Hollywood, como Alice Faye, Betty Grable, Jane Powell, Elizabeth Taylor, Vivian Blaine, Don Ameche, Dean Martin, John Payne e Cesar Romero.

De 1940 à 1953 actuou em 14 filmes em Hollywood e nos mais importantes programas de rádio, televisão, casas nocturnas, casinos e teatros norte-americanos. A "Política de Boa Vizinhança", implementada pelos Estados Unidos para buscar aliados na Segunda Guerra Mundial, incentivou a imigração de artistas latino-americanos. Apesar de Carmen ter obtido o sucesso nos EUA muito antes da implantação desta política (o personagem Zé Carioca de Walt Disney esta muito mais associado a isto), acabou por se tornando o modelo mais bem sucedido do projecto. .

No fim dos anos 40, Carmen fez uma digressão por toda a Europa: fez uma longa temporada no Teatro London Palladium em Londres, batendo recordes de público, e até chegou a receber simbolicamente as chaves da cidade de Estocolmo, capital da Suécia.

A consagração chegou em 1941, ao ser a primeira e única luso-brasileira até hoje, a gravar as mãos e "plataformas" no cimento do passeio da fama do Teatro Chinês, em Los Angeles. Em 8 de Fevereiro de 1960, ganhou uma estrela póstuma no Passeio da Fama da Hollywood Boulevard. Carmen era a principal atracção do Copacabana Night Club, famosa boate nova-iorquina, fundada em 1940 e que existe ainda hoje em Manhattan. O cartaz do "The Copa" é, desde aquela época, uma gravura estilizada de Carmen, em homenagem a cantora.

Carmen Miranda tornou-se um "hit" nos EUA. Apareceu em desenhos animados Tom & Jerry, Popeye e Looney Tunes37 . Foi imitada e caricaturada por Lucille Ball, Bob Hope, Jerry Lewis, Mickey Rooney e Dean Martin. A imagem de Carmen era muito forte, cómica, engraçada, caricata. 
Acabou por um\criando um verdadeiro estereótipo, o que nem sempre é positivo. Mesmo assim, foi sem dúvidas foi a artista latina mais bem sucedida nos EUA em Hollywood, e lá sua imagem ainda hoje é mais forte do que no Brasil.

Em 1945, Carmen era a artista mais bem paga de Hollywood e a mulher que mais pagava imposto de renda nos EUA. Em 17 de Março de 1947, casou-se com o americano David Alfred Sebastian, nascido em Detroit a 23 de Novembro de 1908. Antes, Carmen namorou vários astros de Hollywood e também o músico brasileiro Aloysio de Oliveira, integrante do Bando da Lua.

Antes de partir para os Estados Unidos e antes de conhecer o marido, Carmen namorou o jovem Mário Cunha e o bon vivant Carlos da Rocha Faria, filho de uma tradicional família do Rio de Janeiro. Já nos EUA, Carmen manteve casos com os actores John Wayne e Dana Andrews.

Em 1945, Carmen teve um breve relacionamento com o piloto da FAB Carlos Niemeyer. Conheceram-se por acaso em Los Angeles, Niemeyer tinha ido aos Estados Unidos com um grupo de oito soldados levar aviões da FAB para concertos, o romance durou cerca de um mês, até Carlos voltar ao Brasil.

O casamento é apontado, por todos os biógrafos e estudiosos de Carmen Miranda como o começo de sua decadência moral e física. Seu marido, David, antes um simples empregado de produtora de cinema, tornou-se "empresário" de Carmen Miranda e conduzia mal os seus negócios e contratos. Também era alcoólico e pode ter estimulado Carmen Miranda a consumir bebidas alcoólicas, das quais ela logo se tornaria dependente. O casamento tinha entrado em crise já nos primeiros meses, por conta de ciúmes excessivos, brigas violentas e traições de David, mas Carmen Miranda não aceitava o divórcio, pois era uma católica convicta. Engravidou em 1948, mas sofreu um aborto espontâneo depois de uma actuação e não conseguiu mais engravidar, o que agravou as suas crises depressivas e o abuso de bebidas e remédios sedativos.

Desde o início da sua carreira americana, que Carmen fez uso de barbitúricos para poder dar conta de uma agenda extenuante. Adquiria as drogas com receitas médicas pois, na época, podiam ser legalmente ser receitadas pelos médicos, sem muitas preocupações com efeitos colaterais. Nos Estados Unidos, tornou-se dependente de vários outros remédios, tanto estimulantes quanto calmantes. Por conta do uso cada vez mais frequente, Carmen desenvolveu uma série de sintomas característicos do uso de drogas, mas não percebia os efeitos devastadores, que foram erroneamente diagnosticados como estafa (cansaço) por médicos americanos.

A 3 de Dezembro de 1954, Carmen regressou ao Brasil, após uma ausência de 14 anos, viajando e fazendo shows pelo mundo, para além de ter vivido nos EUA. Continuava casada e sofrendo com o comportamento do marido, cada vez mais alcoólico e violento. O seu médico brasileiro constatou a sua dependência química e tentou desintoxicá-la. Carmen ficou quatro meses internada em tratamento numa suíte do hotel Copacabana Palace. Melhorou, embora não tenha abandonado completamente os remédios. Os exames realizados no Brasil não constataram alterações de frequência cardíaca.

Ligeiramente recuperada, regressou para os Estados Unidos em 4 de Abril de 1955. Imediatamente, começou a fazer inúmeras\apresentações. Fez uma tournée por Cuba e Las Vegas, entre os meses de Maio e Agosto, e voltou a usar barbitúricos, além de fumar e beber mais do que antes.

No início de Agosto de 1955, Carmen gravou uma participação especial no programa televisivo do comediante Jimmy Durante. Durante um número de dança, sofreu um ligeiro desmaio, desequilibrou-se e foi amparada por Durante. Recuperou e terminou o número. Na mesma noite, recebeu amigos na sua residência em Beverly Hills (Bedford Drive, 616). Por volta das duas da manhã, após beber e cantar algumas canções para os amigos presentes, Carmen subiu para o seu quarto para dormir. Acendeu um cigarro, vestiu um robe, retirou a maquilhagem e caminhou em direcção à cama com um pequeno espelho na mão. Um colapso cardíaco fulminante derrubou-a, tendo sido encontrada morta, pela mãe, no chão do quarto,  no dia 5 de Agosto. O seu corpo foi encontrado pela mãe. Eram 10h 30 da manhã. Tinha 46 anos.




Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia a e IMDB.


T O P    F I V E   (Recomendado)



Sinfonia dos Trópicos (1940)

Uma Noite no Rio (1941)

Férias em Havana (1941)

Sinfonia de Estrelas (1943)

Copacabana (1947)