domingo, 26 de janeiro de 2014

Carl Theodor Dryer (1889 - 1968)






Carl Theodor Dreyer foi um cineasta dinamarquês, nascido em Copenhaga, a 3 de Fevereiro de 1889 e falecido, também em Copenhaga, a 20 de Março de 1968. Começou a filmar no final da década de 1910 e manteve-se no activo até os anos 60. É considerado um dos maiores cineastas de todos os tempos e o mais importante do cinema dinamarquês.

A infância de Dreyer teve grande influencia nos seus filmes. O cineasta nasceu como filho bastardo, com o nome de Karl Nielsen. A sua mãe biológica era uma empregada sueca, com quem viveu durante os primeiros dois anos de sua vida. Como a mãe não tinha condições para o criar, foi entregue para adopção ao casal Dreyer, sendo registado, posteriormente, com o nome do pai adoptivo: Carl Theodor Dreyer.

Dreyer foi criado com severidade, segundo os valores luteranos dos seus pais adoptivos. A sua educação foi baseada em rígidas interpretações da fé. Dreyer só soube de suas verdadeiras origens na idade adulta. Em entrevistas, Dreyer falava sempre da sua infância, mas frisava que a mesma não tinha qualquer influência nos seus filmes. Porém, é notável a presença de temas sobre a fé no seu cinema. Tal comprova como a infância de Dreyer lhe deixou marcas profundas.

Na escola foi considerado um aluno brilhante. Após o término dos estudos, afastou-se da família para realizar serviços burocráticos em escritórios. Anos mais tarde, tornou-se jornalista, fundando, em 1910, o jornal Riget. A experiência no jornal levou-o a ter relações amigáveis com uma empresa de aviação. Os conhecimentos técnicos que Dreyer adquiriu sobre o tema da aviação fizeram com que ele trabalhasse na Nordisk Film, como técnico para o uso de balão de ar quente. Foi aí que Dreyer se começou a interessar por cinema.

Começou escrevendo títulos e legendas: Porém, em 1913, assinou um contrato de exclusividade com a Nordisk Film, passando a escrever roteiros. Em 1914, o seu nome já aparecia nos créditos como argumentista, no filme "Abaixo as Armas", baseado numa novela de Bertha Von Suttner. Nesse período, o cinema dinamarquês atravessava uma acentuada queda de produção.

Um ano mais tarde, Dreyer tornou-se funcionário efectivo da empresa, mostrando grande habilidade na montagem de filmes. Em 1918 realizou o seu primeiro filme como realizador, intitulado "O presidente". Dreyer seguia o seu instinto para escolher o elenco, fazendo as suas escolhas conforme o perfil psicológico das personagens. Neste filme, o cineasta ousou, ao dispensar vários ornamentos do cenário e o uso de maquilhagens, buscando naturalidade e realidade.

Os seus filmes foram considerados muito sombrios para a época. Desde a sua primeira obra, que abordou temas difíceis como a responsabilidade da separação dos pais no amadurecimento dos filhos, a idealização do auto-sacrifício e a opressão da mulher. A Nordisk acabou, em consequência dessas polémicas, por desistir dos projectos de Dreyer.

O cineasta procurou então outras produtoras alemãs, suecas e dinamarquesas para os seus futuros filmes. Com a repercussão de "O amo da casa", o cineasta foi contratado por uma produtora francesa para dirigir "A paixão de Joana d'Arc", em 1928, que se veio a tornar como o seu filme mais conhecido, e uma das obras mais importantes do cinema mudo.

O filme sobre Joana d'Arc apresenta a personagem da "santa" francesa apenas na sua fase de martírio. Como era apaixonado pela expressão humana, filmou grande parte do filme em planos fechados e close-ups. Ainda hoje a actriz Maria Falconetti, a protagonista do filme, é vista como num ícone cinematográfico, apenas pela sua prestação - e fotogenia - neste filme.

Ainda em França, realizou o filme "O Vampiro", em 1932. De volta à Dinamarca, Dreyer deparou-se com uma série de projectos falidos, pelo que voltou para a Alemanha para produzir outros três filmes. Dreyer gostava muito da iluminação utilizada no expressionismo alemão. A fotografia extremamente contrastada dessa escola cinematográfica era a ideal para Dreyer, pois permitia-lhe conseguir "elementos climáticos" nos filmes, perfeitos para lhe permitir dissertar sobre o universo interior das suas personagens.
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Nas década de 30 e 40, Dreyer realizou uma série de curta-metragens. Nessa época, os dinamarqueses gostavam de ir ao cinema buscando entretenimento e diversão, características que os filmes de Dreyer não proporcionavam. Durante a segunda Guerra Mundial, Dreyer viu-se privado de poder realizar filmes. Teve mesmo que esperar dez anos para realizar uma nova longa-metragem. "A palavra" (Ordet), de 1955, foi mais um filme que o consagrou, sendo considerado por muitos como a sua obra prima. Tratava-se, mais uma vez, de um filme sobre fé e milagre, através de uma perspectiva muito peculiar. Neste filme,  Dreyer foi influenciado pelas teorias do filósofo dinamarquês Kierkegaard.

"Gertrud", de 1964, foi seu último filme. Retrata uma mulher vivendo um casamento sem perspectivas. Foi bastante criticado, mas hoje é considerado uma obra importante do cineasta.

É importante destacar em Dreyer o facto do cineasta tentar absorver o máximo possível do actor, tentando reproduzir o sentimento das personagens com vista a penetrar em profundos pensamentos por meio de expressões.

Antes de falecer, Dreyer revelou que gostaria de filmar "A paixão de Cristo". Hoje, o também cineasta dinamarquês Lars von Trier, assume-se como "discípulo" de Dreyer. 



Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia e IMDB.



T O P    F I V E   (Recomendado)



O Presidente (1919)

A Paixão de Joana d'Arc (1928) 

Vampiro (1932)

A Palavra (1955)

Gertrudes (1964)





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