Sir Alfred Joseph Hitchcock - nascido em Leytonstone (Londres), a 13 de Agosto de 1899 e falecido em Bel Air (Los Angeles), a 29 de Abril de 1980 - foi um cineasta inglês, considerado o "Mestre dos filmes de suspense". Fica para a história da sétima arte como um dos mais conhecidos e populares realizadores de todos os tempos.
A sua infância foi disciplinada, embora um pouco excêntrica. Solitário, estava sempre isolado mas atento ao que se passava à sua volta. O seu pai era um comerciante autoritário da região de East End. Aqui começa o interesse de Hitch - nick-name porque ficou conhecido - pela questão da transgressão, presente em todos os seus filmes. Curiosamente - ou talvez não - Hitchcock raramente falava de sua mãe.
O impacto do catolicismo na sua vida ocorre durante os seus anos escolares, no Convento Howrah, em Poplar. A família tinha-se mudado em 1906 para esta localidade para abrir um novo negócio. Dois anos depois, Alfred saiu do convento pois a família mudou-se novamente, desta vez para Stepney. Aí, Hitch passou a estudar no St. Ignatius College - colégio fundado por jesuítas em 1894 - que era especialmente conhecido por seu rigor educacional.
Este centro jesuíta marcou uma profunda impressão em Hitchcock. Aí permaneceu até aos 14 anos. No seu primeiro ano escolar destacou-se pela sua aplicação e recebeu uma das seis menções honrosas concedidas pela instituição. Obteve a classificação "excelente" em Latim, Francês, Inglês e Educação Religiosa, as matérias consideradas de maior importância à luz do critério definido pelos professores da instituição.
No último ano que passou no colégio jesuíta destacou-se pelo seu lado brincalhão, travesso e mesmo infractor. Ficou conhecido pelo apelido Cocky (arrogante) entre os seus colegas. Roubava os ovos do galinheiro dos jesuítas para os atirar nas janelas dos quartos dos sacerdotes e, auxiliado por colegas, colocava bombinhas acesas próximo das casas. Esta vertente, por um lado irónica, por outro travessa, infratcora da lei aparece, mais tarde, como marca típica de seus filmes.
Dessa época Hitch recorda as suas visitas ao Museu da Scotland Yard para contemplar a sua colecção de relíquias criminosas - bem como ao Tribunal Criminal de Londres, onde assistia aos julgamentos de assassinatos, e tirando notas, à maneira de Dickens, um de seus escritores favoritos, bem como Walter Scott e Shakespeare.
Em 1913, começou a estudar engenharia na School of Engineering and Navigation e fez cursos de desenho no departamento de Belas Artes da Universidade de Londres. Foi então que descobriu um novo hobby para o seu tempo de lazer: o cinema, que estava começando a estabelecer-se como uma das mais importantes actividades recreativas em Londres que tinha mais de quatrocentos dispositivos de projecção, instalados no em redor das pistas de patinagem.
Em Dezembro de 1914, morre o seu pai. Alfred foi profundamente afectado por esta perda e teve que reconstruir a sua vida, junto com sua mãe. Neste época, os irmãos mais velhos já não viviam em casa e a primeira guerra mundial já havia começado.
Em 1920, aos vinte e um anos, Hitch leu numa revista que uma empresa de cinema dos Estados Unidos, a Famous Players-Lasky Company, ia criar um estúdio em Londres. Hitchcock apresentou-se nos escritórios da Famous levando consigo alguns esboços de letreiros para filmes mudos que tinha projectado com a ajuda de seu chefe no departamento de publicidade onde entretanto tinha vindo a trabalhar. Foi imediatamente contratado como "desenhista de letreiros". No primeiro ano trabalhou como letrista em vários filmes, mas no ano seguinte passou a ser responsável por cenários e pequenos diálogos em novos filmes. Escrevia sob a direcção de George Fitzmaurice, que também lhe ensinou as primeiras técnicas de filmagem.
Em 1923, o escritor, actor e produtor Seymour Hicks ofereceu a Hitchcock a co-direçcão de um filme menor, "Always Tell Your Wife", dado o realizador original do filme ter ficado doente. Colaborou em em seguida num filme que ficou inacabado por falta de verba, "Mrs. Peabody", naquela que foi a sua primeira experiência verdadeiramente cinematográfica.
Nos estúdios, Hitchcock conheceu Alma Reville, uma rapariga da mesma idade, nascida em Nottingham. Extremamente pequena e magra, grande fã de cinema. Alma trabalhava nos estúdios de uma empresa londrina desde os 16 anos, a Film Company, passando depois a trabalhar na Famous. Alma e Hitchcock colaboraram em vários filmes dirigidos por Graham e Cutts, e, em 1923 viajaram para a Alemanha para produzir um filme cujo roteiro ele mesmo havia escrito, "The prude's fall". No navio de retorno a Inglaterra, Hitchcock declarou-se a Alma e iniciaram um longo noivado.
Nos primeiros anos trabalharam juntos em filmes da produtora de Michael Balcon, a Gainsbouroug Pictures Ltda., como por exemplo "The blackguard", um filme para o qual ele teve que viajar diversas vezes para a Alemanha, circunstância quelhe permitiu aproveitar para conhecer a obra dos grandes realizadores alemães da época, como Fritz Lang e Erich von Stronheim.
Em 1925, Balcon propôs-lhe dirigir uma co-produção anglo-alemã intitulada "The Pleasure Garden". Era a sua primeira oportunidade como realizador. O resultado, agradou aos dirigentes do estúdio pelo que, naquele mesmo ano, realizou outros dois filmes "The mountain eagle" e "The Lodger".
"A Story of the London Fog", marca o seu início no suspense, ao narrar a história de uma família que desconfia que o seu inquilino seja Jack, o Estripador. Os três filmes estrearam em 1927.
Em 2 de dezembro de 1926 casou-se com Alma de acordo com rituais católicos e estabeleceram-se em Cromwell Road, em Londres. Na estreia, os filmes foram bem recebidos pelo público e crítica. Neles, Hitch inicia aquela que viria a ser a sua "imagem de marca" no cinema, ao aparecer "discretamente" como figurante no filme, sem ser incluído no elenco ou roteiro, Assim criou a sua peculiar maneira de "assinar" os seus filmes, que mais tarde se tornaria tão popular.
Aproveitando o sucesso, mudou de produtora, e no final de 1927, filmou "The Ring", produzido pela British International Pictures. Com este filme tornou-se um dos realizadores ingleses mais conhecidos, abrindo caminho para a sua posterior fama internacional.
Depois do sucesso de filmes como "Blackmail" (1929), "O homem que sabia demais" (1934) e "Os 39 degraus" (1935) e "The lady vanishes" (1938), David O. Selznick - rendido à sua "habilidade" em usar o suspense, a partir de enredos plausíveis em que explorava psicologicamente os temores humanos - ofereceu-lhe a hipótese de ir filmar para os E.U.A., o que veio a lançar definitivamente a sua carreira internacional.
Hitchcock mudou-se para os Estados Unidos em 1939 e tornou-se cidadão norte-americano em 1955.A estreia de Alfred Hitchcock em Hollywood deu-se com "Rebecca" (1940), que veio a vencer o Óscar de melhor filme.
Nas três décadas seguintes, Hitchcock realizou praticamente um filme por ano em Hollywood.
Para concluir este resumo fica uma breve enumeração das principais características do seu cinema:
- "O vilão inocente", um cidadão é erroneamente acusado ou condenado por um crime que não cometeu. Para ser inocentado, acaba assumindo a missão de perseguir e encontrar o verdadeiro culpado.
- "O espectador como participante", a personagem age como se soubesse que o telespectador está observando a sua vida.
- "Revelação da identidade do assassino", revelada ao longo da acção, e não apenas no final.
- "Aparições do próprio Hitchcock, por norma no início, nos seus filmes", técnica hoje designada por "cameo", desafiando os espectadores a tentar descobri-lo ao longo do filme, o que nem sempre era fácil.
- "MacGuffin", conceito original nos filmes de Hitchcock, que consistia no cineasta inserir, na trama, algo que serve de pretexto para avançar na história sem que o mesmo tenha muita importância no conteúdo da mesma. Um exemplo: o MacGuffin de Psycho é o dinheiro roubado ao patrão. O dinheiro só serve para conduzir a personagem Marion Crane até ao Motel Bates. Chegada ao motel o dinheiro perde a importância no desenrolar da história.
Alfred Hitchcock recebeu o Prêmio Irving Thalberg da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood pelo conjunto de sua obra. No entanto, apesar de nomeado por seis vezes para o Óscar - cinco vezes como melhor realizador e uma como melhor produtor - nunca recebeu a cobiçada estatueta.
Foi considerado pelo "The Screen Directory", uma publicação sobre cinema, como o "maior realizador de todos os tempos".
Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia e IMDB.
T O P F I V E (Recomendado)
A Janela Indiscreta (1954)
A Mulher Que Viveu Duas Vezes (1958)
Intriga Internacional (1959)
Psico (1960)
Os Pássaros (1963)