quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Silvana Mangano (1930–1989)





Silvana Mangano - nascida em Roma, a 23 de Abril de 1930, e falecida em Madrid, a 16 de Dezembro de 1989 - foi uma actriz italiana.

Após o casamento com o produtor Dino De Laurentiis, trabalhou com os nomes mais importantes do cinema italiano: Federico Fellini, Vittorio De Sica, Alberto Lattuada, Marco Ferreri, Pier Paolo Pasolini, Franco Zeffirelli, Tinto Brass e Luchino Visconti.

Filha de um ferroviário e de uma inglesa, começou a seguir os cursos de dança clássica em Milão, ministrados por Jia Ruskaya onde foi "descoberta" pelo famoso estilista francês Georges Armenkov, Silvana, após alguma hesitação, decidiu partir para França, indo trabalhar como modelo para a Maison Mascetti. Foi precisamente em França que Silvana despontou, em 1945, como figurante no seu primeiro filme: "Le jugement dernier".

Retornando à Itália, graças à sua beleza escultural, participou no concurso "Miss Itália 1947" que foi ganho por Lúcia Bosé; nesta edição participaram também Gianna Maria Canale (segunda), Gina Lollobrigida (terceira) e Eleonora Rossi Drago (depois excluída) que se tornaram amigas de Silvana ao longo de  toda sua vida.

Foi então que Silvana foi "vista" pelo realizador Mário Costa, Silvana começa a trabalhar na figuração em alguns filmes como "Il delitto di Giovanni Episcopo" em 1947, de Alberto Lattuada, ao lado de Gina Lollobrigida. Foi aí que achou melhor frequentar um curso de declamação teatral, onde conheceu Marcelo Mastroianni, o seu primeiro namorado.

Com apenas 19 anos, Silvana Mangano foi escolhida por Giuseppe De Santis para o filme "Arroz Amargo" (1949) onde contracenou com Vittorio Gassman, Silvana tinha dezanove anos e apresentou-se ao teste no meio de uma grande quantidade de jovens candidatas, mas o realizador não escolheu nenhuma delas: nem mesmo Silvana, que estava vestida de uma maneira muito vistosa, para alémde estar muito maquilhada. Algum tempo depois, passeando pela Via Veneto em Roma, Silvana cruzou-se com o o realizador debaixo de chuva, sem maquilhagem, com os cabelos molhados e com um aspecto simples. Tudo isto impressionou De Santis que a convidou para fazer um segundo teste, conseguindo assim o papel da protagonista Silvana. No set, conheceu o seu futuro marido, o produtor cinematográfico Dino De Laurentiis.

O filme obteve um sucesso extraordinário e Silvana, graças a sua beleza também, alcançou o sucesso no mundo do cinema, lançada como sex symbol italiano no pós- guerra. A sua imagem altiva e indolente de camponesa, com a camisa elegante e com as meias pretas até a metade das coxas, tornaram-se uma imagem símbolo do cinema italiano.

Ainda em 1949 trabalhou em "Cagliostro" e novamente com Vittorio Gassman em "Il lupo della Sila", Por essa altura, corriam boatos de que a queriam como noiva do actor. No ano seguinte, filmou com Amedeo Nazzari, "Il brigante Musolino".

Foi então que chegou o sucesso a nível internacional: os críticos americanos comparavam-na a Rita Hayworth. Acabou por receber várias propostas de Hollywood e do realizador Alexander Korda, mas recusou todas. Nesse mesmo ano, casou com Dino De Laurentiis, com quem teve quatro filhos: Veronica, Raffaella (futura produtora), Federico e Francesca.

Os anos 1950
Após o casamento, De Laurentiis passou a gerir a sua carreira de maneira prudente e cuidadosa, sabendo escolher roteiros adequados e com personagens psicologicamente mais complexos, como a dançarina de night-club que se torna freira no filme "Anna", de Alberto Lattuada (1951) e "O Ouro de Nápoles" (1954), de Vittorio De Sica, onde interpreta a prostituta no episódio de Teresa e de novo ao lado de Vittorio Gassman em "Mambo" (1954). Neste período, aumentou o gradual afastamento de interpretar personagens apenas relacionadas com a sua beleza, optando antes por interpretações mais complexas e com mais nuances psicológicas.

No seu primeiro trabalho internacional, "Ulisses" (1954) de Mario Camerini, ao lado de Kirk Douglas e Anthony Quinn, a actriz interpretou duas personagens: Penelope e feiticeira Circe. Por essa altura, Silvana era uma diva do cinema. Convidada a trabalhar com Marcello Mastroianni, por mais de uma vez recusou, concordando, apenas em 1958, em trabalhar com o antigo namorado no filme "La tempesta" (1958).

Silvana Mangano continuou a seleccionar, criteriosamente, as propostas recebidas, fazendo apenas filmes famosos como "La diga del Pacifico" (1958), realizado por René Clément, uma adaptação de um romance de Marguerite Duras, trabalhando com Anthony Perkins e Alida Valli como "co-stars". No fim dos anos 1950, apesar da sua personalidade reservada, Silvana Mangano fez sucesso ao desempenhar papéis em comédias, provando a sua versatilidade no papel de prostituta em "A Grande Guerra" (1959) de Mario Monicelli, com Alberto Sordi e Vittorio Gassman, ou de pessoas comuns em "Crimen" (1961) de Mario Camerini.

Os anos 1960: as comédias e os filmes de autor
Em 1960, Federico Fellini propôs-lhe actuar ao lado de Marcello Mastroianni em "La Dolce Vita", mas De Laurentiis, por causa dos seus ciúmes, levou-a a recusar a personagem que foi desempenhada por Anouk Aimée.

Silvana Mangano interpretou uma mulher que luta contra a força nazi em "Jovanka e as Outras" (1960) de Martin Ritt, concordando em rapar o seu longo cabelo pela personagem, acabando por ser capa da revista americana Life. Enquanto isso, filmou "Una vita difficile" (1961) e "O Juízo Universal" (1961), afirmando a amizade com Alberto Sordi, que se tornou um dos seus amigos mais queridos. Com a notável interpretação de Edda Ciano no filme "Il processo di Verona" de Carlo Lizzani, Silvana Mangano começou a lidar com personagens cada vez mais atormentadas, introspectivas e refinadas.

Faz par romântico com Alberto Sordi, numa comédia do cineasta Tinto Brass, e em "La mia signora" (1964) e no "Il disco volante" (1964), com Alessandro Blasetti em "Eu... Eu... Eu... E os Outros" (1965) onde reencontrou Marcello Mastroianni e foi dirigida por Alberto Sordi na sátira "Como casar a nossa filha?"(1966).

Pasolini e Visconti
De 1967 à 1974, Silvana Mangano teve a oportunidade de mostrar o seu talento de maneira definitiva, dirigida por dois mestres como Pier Paolo Pasolini e Luchino Visconti, que compreenderam a sua maneira de actuar. Foi uma esplêndida Jocasta no filme "Rei Édipo" (1967) e trabalhou em outros dois filmes "Capriccio all'italiana" (1967) e "As Bruxas" (1967) ao lado de Totò.

Interpretou, depois, uma mãe desnaturada e hipócrita em "Teorema" (1968) com Massimo Girotti e Terence Stamp. Após "Decameron" (1971) abandonou Pasolini e actuou na comédia "Semeando a Ilusão" (1972), considerada por alguns a obra-prima de Luigi Comencini, ao lado de Alberto Sordi, Bette Davis e Joseph Cotten.

Visconti contratou-a para vários filmes seus: "Morte em Veneza" (1971), ao lado de Romy Schneider, em "Ludwig" (1973), e, no ano seguinte, num elenco repleto de estrelas em "Violência e Paixão" (1974) com Burt Lancaster e Helmut Berger.

Os Últimos Anos
Em contraste ao sucesso profissional, Silvana passou por dificuldades na sua vida privada. Cada vez mais isolada do seu marido e filhos - para testemunhar esse seu desconforto, existem muitas entrevistas no qual ela declarou o seu desgosto com a sua aparência física, nas quais também falou da sua persistente insónia. A morte do seu filho Frederico - aos vinte e cinco anos, a 15 de Julho de 1981, num acidente de avião no Alasca -ainda agravou mais a sua depressão.

Silvana Mangano, já divorciada de Dino De Laurentiis, vê ser-lhe diagnosticada um cancro de estômago. Com este problema de saúde, retirou-se da vida pública, participando apenas no filme "Duna" (1984) de David Lynch, a pedido da sua filha Raffaella, produtora do filme. Sentindo a aproximação do final, tornou-se amiga do ex-marido De Laurentiis e trabalhou com Marcello Mastroianni na obra-prima de Nikita Mikhalkov, "Olhos Negros" (1987).

Morreu de cancro, dois anos depois, em Madrid, onde vivia com a sua filha Francesca, a 16 de Dezembro de 1989, deixando na memória do público italiano o retrato de uma grande actriz e intérprete respeitada.



Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia e na IMDB.


T O P    F I V E   (Recomendado)



Arroz Amargo (1949)

Rei Édipo (1967)

Teorema (1968)

Morte em Veneza (1971)

Olhos Negros (1987).






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