segunda-feira, 19 de maio de 2014

Satyajit Ray (1921–1992)





Satyajit Ray - nascido a 2 de Maio de 1921, em Calcutá, e falecido a 23 de Abril de 1992, na mesma cidade -  foi um cineasta indiano que é lembrado por muitos como um dos grandes realizadores do cinema do século XX.

Ray nasceu na cidade de Calcutá, numa família bengali proeminente no mundo das artes e letras. Começou a sua carreira como artista comercial, Foi levado para o mundo do cinema após se encontrar com o cineasta francês Jean Renoir e assistir ao filme neorealista italiano "Ladrões de bicicletas" ("Ladri di biciclette"), de Vittorio de Sicca, durante uma visita a Londres.

Ray foi um cineasta prolífico e versátil, tendo realizado 37 filmes, incluindo obras de ficção,, documentários e curtas. O primeiro filme de Ray, "O Lamento da Vereda" ("Pather Panchali"), ganhou onze prémios internacionais, incluindo "Melhor documentário humano" no Festival de Cannes. Em conjunto com "Aparajito" e "Apur Sansar", o filme forma a "trilogia Apu", vista por muitos como o magnum opus de Ray. 

Ray trabalhou, extensivamente, em diversas funções, incluindo argumento, elenco, trilha sonora, fotografia, direcção de arte, edição e confecção do seu próprio material publicitário. Além de fazer filmes, foi também um autor de ficções, editor, ilustrador, designer gráfico e crítico de cinema. Ray recebeu muitos prémios importantes na sua carreira, incluindo 32 prémios nacionais de filmes da Índia, uma série de prémios em festivais internacionais de cinema e um Óscar em reconhecimento pelo seu trabalho, em 1992.

A ascendência de Satyajit Ray pode ser traçada por pelo menos por dez gerações. O seu avô, Upendrakishore Ray, foi um escritor, ilustrador, filósofo, editor, astrónomo amador e um líder da Brahmo Samaj, um movimento religioso e social em Bengala do século XIX. Sukumar Ray, filho de Upendrakishore, foi um pioneiro da escrita bengali de rima sem sentido e literatura infantil, um ilustrador e um crítico. 

Ray nasceu em Calcutá, filho de Sukumar e Suprabha Ray. Sukumar Ray morreu quando Satyajit tinha apenas três anos e a família sobreviveu com os parcos rendimentos de Suprabha Ray. Ray estudou na Ballygunge Government High School, em Calcutá, e depois completou o seu B.A. em economia no Presidency College da Universidade de Calcutá, embora o seu interesse tenha sido sempre por belas artes. 

Em 1940, a sua mãe insistiu para que ele fosse estudar na Universidade Visva-Bharati em Santiniketan, fundada por Rabindranath Tagore. Ray estava relutante devido ao seu amor por Calcutá, e devido à opinião geralmente negativa em relação à vida intelectual em Santiniketan. A persuasão de sua mãe e o seu respeito por Tagore acabaram, finalmente, por o convencer a tentar este caminho. Em Santiniketan, Ray passou a apreciar a arte oriental. Mais tarde, admitiu que aprendeu muito com os pintores famosos Nandalal Bose4 e Benode Behari Mukherjee, sobre os quais Ray produziu mais tarde um documentário, "The Inner Eye" ("O Olho Interior"). Após visitar as grutas de Grutas de Ajanta, Ellora e Elephanta, Ray desenvolveu uma admiração pela arte indiana.

Trabalhou como um "assistente de criação júnior", ganhando apenas oitenta rupias por mês. Embora, por um lado, design de comunicação fosse algo que Ray gostava , havia uma tensão palpável entre os empregados britânicos e os indianos da empresa (os primeiros eram muito melhor remunerados) e Ray sentia que "os clientes geralmente eram estúpidos". 

Por volta de 1943, Ray passou a trabalhar na Signet Press, uma nova editora criada por D. K. Gupta. Gupta pediu a Ray que criasse designs de capa para os livros publicados pela Signet Press e deu-lhe completa liberdade artística. Ray desenhou capas de vários livros, incluindo "Maneaters de Kumaon", de Jim Corbett, e "Discovery of India", de Jawaharlal Nehru. Trabalhou também na versão para crianças de "Pather Panchali", um romance bengali clássico de Bibhutibhushan Bandopadhyay, renomeado como "Am Antir Bhepu" ("O Assobio de Semente de Manga"). Ray foi profundamente influenciado por esta obra, que se tornou o assunto do seu primeiro filme. Além de projectar a capa, também ilustrou o livro. Muitas das suas ilustrações encontraram também o seu lugar como cenas do seu filme inovador.

Junto com Chidananda Dasgupta e outros, Ray fundou a Sociedade de Filmes de Calcutá em 1947, através da qual ele teve contacto com muitos filmes estrangeiros. Durante todo esse tempo, Ray continuou seriamente a observar e estudar filmes. Fez amizade com soldados americanos destacados para Calcutá durante a Segunda Guerra Mundial, que o foram informando sobre os mais recentes filmes americanos mostrados na cidade. Veio a conhecer um empregado da Força Aérea Real, Norman Clare, com quem compartilhava a paixão por filmes, xadrez e música clássica ocidental.

Em 1949, casou-se com Bijoya Das, sua prima e namorada de longa data. O casal teve um filho, Sandip, que, mais tarde, se tornou, também, num realizador de cinema. No mesmo ano, Jean Renoir veio para Calcutá filmar o seu filme "O Rio" ("The River"). Ray ajudou-o a encontrar locações na zona rural (rapperage). Foi então que Ray comentou com Renoir a sua idéia de filmar "Pather Panchali", que estava na sua mente há algum tempo, e Renoir encorajou-o a levar o projecto adiante.

Em 1950, Ray foi enviado a Londres por D. J. Keymer para trabalhar no escritório da empresa que tinham na capital inglesa. Durante os seus três meses em Londres, viu 99 filmes. Entre estes estava o já referido "Ladri di biciclette" [Ladrões de bicicleta] (1948), de Vittorio De Sica, que teve um profundo impacto sobre ele. Ray disse mais tarde que saiu da sala de projecção determinado a se tornar num cineasta.




Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia e na IMDB.


T O P    F I V E   (Recomendado)


O Lamento da Vereda (1955)

O Mundo de Apu (1959)

Charulata (1964)

O Jogador de Xadrez (1977)

Agantuk (1991)



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