sexta-feira, 16 de maio de 2014

Federico Fellini (1920–1993)





Federico Fellini - nascido em Rimini, a 20 de Janeiro de 1920, e falecido em Roma, a 31 de Outubro de 1993 - foi um dos mais importantes cineastas italianos de todos os tempos.

Fellini ficou eternizado pela poesia dos seus filmes, que, mesmo quando faziam sérias críticas à sociedade, não deixavam a magia do cinema desaparecer. Fellini ficou famoso pela estrutura cult dos seus filmes. Geralmente, criticava o totalitarismo, marxismo, Igreja Católica - Fellini, no entanto, chegou, às vezes, até a elogiá-la apesar das críticas que lhe fazia - capitalismo e a influência americana nos costumes de outros países, principalmente em Itália.

Trabalhou as suas trilhas sonoras, na grande maioria das vezes, com o grande compositor Nino Rota.

Federico Fellini, foi mesmo condecorado Cavaleiro da Grande Cruz (título de honra concedido pelo Governo Italiano.. Conhecido pelo estilo peculiar que funde fantasia e imagens barrocas, é considerado uma das maiores influências cinematográficas e um dos mais admirados realizadores do século XX.

Em Agostol de 1918, a sua mãe, Ida Barbiani (1896 - 1984), casou-se com um vendedor viajante chamado Urbano Fellini (1894 - 1956) numa cerimónia civil (com a cerimónia religiosa no mês de Janeiro seguinte). Federico Fellini era o mais velho de três filhos (depois vieram Riccardo e Maria Maddalena). Urbano Fellini era natural de Gambettola, onde, por muito tempo, Federico costumava passar as férias na casa dos avós.

Nascido e criado em Rimini, as experiências de sua infância vieram a constituir uma parte vital em muitos de seus filmes, em particular em "Os Inúteis", de 1953; "8½" (1963) e "Amarcord" (1973). Porém, é errado pensar que todos os seus filmes contêm autobiografias e fantasias implícitas. Amigos próximos, como os argumentistas de televisão Tulio Pinelli e Bernardino Zapponi, o cinematógrafo Giuseppe Rotunno e o designer de cenário Dante Ferretti, afirmam que Fellini "convidava as suas próprias memórias pelo simples prazer de as narrar nos seus filmes".

Durante o regime fascista de Mussolini, Fellini e seu irmão Riccardo fizeram parte de um grupo fascista que era obrigatório para todos os rapazes da Itália: o "Avanguardista". Ao se mudar para Roma, em 1939, conseguiu um trabalho bem remunerado escrevendo artigos num programa semanal satírico muito popular na época – o Marc’Aurelio. Foi nesse período que entrevistou o afamado actor Aldo Fabrizi, dando início a uma amizade que se estendeu para a colaboração profissional e um trabalho em rádio. Numa época de alistamento compulsivo, desde 1939, Fellini conseguiu evitar ser convocado usando de artifícios e truques de grande perspicácia. O biógrafo Tulio Kezich comenta que, apesar da época feliz do Marc’Aurelio, a felicidade mascarava uma época imoral de apatia política. Muitos que viveram os últimos anos sob o regime de ditadura de Mussolini, vivenciaram uma esquizofrênica imposição de lealdade ao regime fascista e uma liberdade pura no humor.

Fellini conheceu a sua esposa, a actriz Giulietta Masina, em 1942, casando-se no ano seguinte, a 30 de Outubro. Assim começa uma grande parceria criativa no mundo do cinema. Em 22 de Março de 1945, Giulietta caiu da escada e sofreu complicações na sua gravidez, resultando num parto prematuro e complicado de um menino que ganhou o nome de Pierfederico ou Federichino (Federiquinho), mas que faleceu com um mês e dois dias de vida. Tragédias familiares sempre os afectaram profundamente, como é percebido na concepção do clássico "A Estrada" de 1954.

Fellini foi também um cartunista talentoso. Produziu desenhos satíricos a lápis, aguarela, canetas hidrocor que percorreram a América do Norte e Europa, e hoje são de grande valia para coleccionadores (muitos de seus rascunhos foram inspirados durante a produção dos filmes, estimulando ideias de decoração, guarda-roupa, projecto do set de filmagens, etc.). 

Com a queda do fascismo, a 25 de Julho de 1943, e a libertação de Roma pelas tropas aliadas,a 4 de Junho de 1944, num verão eufórico, Fellini e seu amigo De Seta inauguraram o Shopping das Caretas, desenhando caricaturas dos soldados aliados por dinheiro. Foi quando Roberto Rossellini tomou conhecimento do projecto intitulado "Roma, Cidade Aberta" (1945) de Fellini e foi ao seu encontro, pois queria ser apresentado a Aldo Fabrizi e colaborar no argumento do filme,  juntamente com Suso Cecchi D'Amato, Piero Tellini e Alberto Lattuada. Fellini aceitou. Em 1948, Fellini actuou, mais tarde, no filme de Roberto Rossellini "Il Miracolo", com Anna Magnani. Para actuar no papel de um vigarista que é confundido com um santo. Fellini teve de tingir o seu cabelo de loiro.

Fellini também escreveu textos para shows de rádio e textos para filmes, mais notavelmente para Rossellini, Pietro Germi, Eduardo De Filippo e Mario Monicelli. Também escreveu inúmeras anedotas, muitas vezes sem ser créeitado, para conhecidos comediantes como Aldo Fabrizi. Uma fotonovela de Fellini, chamada "Uma Viagem para Tulum", foi publicada na revista Crisis, com arte de Milo Manara, e publicada como gibi pela Catalan Communications, no mesmo ano.

Nos anos de 1991 e 1992 trabalhou junto com o realizador canadiano Damian Pettigrew para ter o que ficou conhecida como "a mais longa e detalhada conversa jamais vista sobre filmes", que depois serviu de base para um documentário e um livro lançados anos mais tarde: "Fellini: Eu sou um grande Mentiroso". Tullio Kezich, crítico de filme e biógrafo de Fellini descreveu esses trabalhos como sendo "O Testamento Espiritual do Maestro".

Em 1993, recebeu um Óscar de Honra em reconhecimento de suas obras que chocaram e divertiram audiências mundo afora. No mesmo ano, morreu de ataque cardíaco, em Roma, aos 73 anos (um dia depois de completar cinquenta anos de casado). A sua esposa, Giulietta, morreu seis meses depois, de cancro de pulmão, a 23 de Março de 1994. Giulietta, Fellini e Pierfederico estão enterrados no mesmo túmulo de bronze esculpido por Aldo Pomodoro. Em formato de barco, o túmulo está localizado na entrada do cemitério de Rimini – sua cidade natal.
O aeroporto da cidade de Rimini também recebeu seu nome.

"Mulheres e Luzes" ("Luci del varietà"), de 1950, foi o primeiro filme de Fellini co-dirigido pelo experiente drealizaor Alberto Lattuada. Era uma comédia charmosa sobre uma turma de saltimbancos itinerantes. O filme foi muito estimulante para Fellini, na época com trinta anos, mas a sua fraca distribuição e críticas fracas tornaram o filme um motivo de preocupação e um desastre que levou a produtora à falência, deixando Fellini e Lattuada com dívidas que se estenderam por uma década.

O primeiro filme que Fellini dirigiu sozinho foi "Abismo de um sonho" ("Lo sceicco bianco", (1952), "estrelado" por Alberto Sordi. O filme é uma "releitura" de uma fotonovela - comuns na Itália daquela época - de Michelangelo Antonioni, produzida em 1949. O produtor Carlo Parlo Ponti pagou a Fellini e Tullio Pinelli para desenvolverem a trama, mas achou o material muito complexo. Assim, o filme foi passado para Alberto Lattuada, que também recusou. Fellini resolveu então aceitar o desafio e dirigiu o filme sozinho.

Ennio Flaiano (que também co-escreveu "Mulheres e Luzes") trabalhava um novo texto com Fellini e Pinelli. Juntos moldaram um conto de um casal recém-casado cujas aparências de respeito são devastadas por fantasias da esposa inexperiente (papel muito bem retratado por Brunella Bovo). Pela primeira vez, Fellini e o compositor Nino Rota trabalharam juntos numa produção cinematográfica. Encontraram-se em Roma, em 1945, e a parceria durou com sucesso até a morte de Rota durante o making of do filme "Cidade das Mulheres", em 1980. Essa relação artística foi "memoravelmente" descrita como mágica, empática e irracional.

Em 1961, Fellini descobriu através de um psicanalista os livros de Carl Jung. As teorias de Jung de anima e animus, o papel dos arquétipos e do colectivo inconsciente foram vigorosamente explorados no filme "8½", "Julieta dos Espíritos", "Satyricon", "Casanova" e "Cidade das Mulheres".

O reconhecido e aclamado Fellini ganhou quatro Óscares na categoria de melhor filme estrangeiro,uma Palma de Ouro no Festival de Cannes com o filme "A Doce Vida", considerado um dos filmes mais importantes do cinema e dos anos 1960. Foi neste filme que surgiu o termo "Paparazzo", que era um fotógrafo amigo de Marcello Rubini, interpretado por Marcello Mastroianni.

Os filmes de Fellini renderam-lhe muitos prémios, dentre eles: quatro Oscars, dois Leões de Prata, uma Palma de Ouro, o prémio do Festival Internacional de Filmes de Moscovo e, em 1990, o prestigiado Prémio Imperial, concedido pela Associação de Arte do Japão, que é considerado como um Prémio Nobel. Este prémio, abrange cinco disciplinas: pintura, escultura, arquitectura, música e teatro/filme. Com este prémio, Fellini juntou-se a nomes como Akira Kurosawa, David Hockney, Balthus, Pina Bausch, e Maurice Béjart.

Com uma combinação única de memória, sonhos, fantasia e desejo, os filmes de Fellini têm uma profunda visão pessoal da sociedade, não raramente colocando as pessoas em situações bizarras. Existe um termo "Felliniesco" que é empregado para descrever qualquer cena que tenha imagens alucinogénas que invadam uma situação comum.

Grandes cineastas contemporâneos como Woody Allen, David Lynch, Girish Kasaravalli, David Cronenberg, Stanley Kubrick, Martin Scorsese, Tim Burton, Pedro Almodóvar, Terry Gilliam e Emir Kusturica já disseram ter grandes influências de Fellini nos seus trabalhos. Woody Allen, em particular, já usou o imaginário e temas de Fellini em vários de seus filmes: "Memórias" evoca "8½", e "Os Dias da Rádio" é remanescente de "Amarcord", enquanto "Broadway Danny Rose" e "A Rosa Púrpura do Cairo" inspirados em "Mulheres e Luzes" e "Abismo de um Sonho" respectivamente.

O cineasta polaco Wojciech Has, autor dos filmes "O manuscrito encontrado em Saragoça" (1965) e "Sanatorium Pod Klepsydrą" (The Hour-Glass Sanatorium - 1973), são notáveis exemplos de fantasia modernista, tendo sido comparado a Fellini pela "Luxúria pura de suas imagens".

O cantor escocês de rock progressivo Fish lançou em 2001 um álbum de nome "Fellini Days", com letras e músicas totalmente inspiradas nos filmes de Fellini.
O trabalho de Fellini inspirou fortemente musical e visualmente a banda "B-52’s", que revelaram que o estilo de cabelos bufantes e de roupas futuristas e retro que adoptaram vem de filmes como "8½", por exemplo. A inspiração em Fellini sente-se também no último álbum da banda, intitulado "Funplex", (2008) com uma música que leva o nome de um de seus filmes "Juliet of the Spirits", ou, "Julieta dos Espíritos" ("Giulietta Degli Spiriti, 1965)".


Prémios e nomeações

Óscares

1993 - Oscar Honorário

Nomeações:

Melhor Realizador
1960 - A Doce Vida
1963 - 8½
1969 - Satyricon
1974 - Amarcord

Melhor Argumento Original

1946 - Roma, Cidade Aberta, Paisá
1953 - Os Inúteis
1954 - La Strada
1960 - A Doce Vida
1963 - 8½
1974 - Amarcord

Melhor Argumento Adaptado

1976 - Casanova


Golden Globe Awards Globos de Ouro

Melhor Filme em Língua Estrangeira

1963 - 8½


Prêmio Bodil

Melhor Filme Estrangeiro

1954 - A esttrada
1963 - 8½
1974 - Amarcord


BAFTA

Melhor Filme

1960 - A Doce Vida

Nomeações 

Melhor Filme Estrangeiro
1986 - Ginger e Fred

Melhor Direção de Arte
1976 - Amarcord


Prêmio César

Nomeações
1987 - Entrevista


Prêmio David di Donatello

Medalha Cidade de Rome e Prêmio René Clair
1986 - Ginger e Fred

Melhor Argumento e Prêmio Luchino Visconti
1983 - O Navio


Festival de Cannes

Palma de Ouro
1960 - A Doce Vida

Prémio de 40º Aniversário do Festival de Cannes
1987 - Entrevista

Grande Prémio Técnico
1972 - Roma de Fellini

Prémio OCIC - Menção Especial
1957 - Noites de Cabíria


Festival de Veneza

Leão de Prata
1953 - Os Inúteis
1954 - A Estrada

Carreira Leão de Ouro (1985)


Prêmios do Cinema Europeu
Prêmio pelo Conjunto da Obra


Festival Internacional de Moscovo

Prêmio Grand Prix
1963 - 8½




Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia e na IMDB.


T O P    F I V E   (Recomendado)


A Estrada (1954)

A Doce Vida (1960)

Fellini Oito e Meio (1963)

Julieta dos Espíritos (1965)

Amarcord (1973)



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