sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Anne Bancroft (1931–2005)





Anne Bancroft, pseudónimo de Anna Maria Louisa Italiano, foi uma premiada actriz americana, um ícone de beleza e sensualidade, vencedora do Óscar de Melhor Actriz pela sua actuação no filme "O Milagre de Anne Sullivan" ("The Miracle Worker") , 

Anne Bancroft nasceu em Nova Iorque, a 17 de Setembro de 1931, e morreu em Nova Iorque, a 6 de Junho de 2005. Possui uma estrela no Passeio da Fama, localizada em  6368 Hollywood Boulevard.

Carreira
Logo na sua infância, recebeu as primeiras lições de interpretação e dança. Em 1950, estreou-se na televisão como Anne Marno. Em 1952, assinou contrato com os estúdios de cinema da Fox e foi obrigada a deixar o seu nome demasiado "étnico". De entre os vários propostos pelo estúdio, escolheu "Bancroft", porque "lhe pareceu digno". Iniciou a sua carreira com filmes que falharam em demonstrar as suas qualidades interpretativas. O primeiro foi "Os Meus Lábios Queimam", de Roy Ward Baker, que não é, também, certamente dos mais recordados protagonizados por Marilyn Monroe ou por Richard Widmark.

Em 1958, cansada de westerns de série B e filmes ainda menos memoráveis, regressou a Nova Iorque, e começou a estudar no Actors Studio, ao mesmo tempo que se vira para o teatro na Broadway, vindo a ser galardoada com um Tony (o prémio máximo da Broadway) na peça "Two for the Seesaw", com Henry Fonda, dirigida por Arthur Penn, provando, de forma convicta, as suas credenciais como actriz dramática. Em 1960, recebeu o segundo Tony pelo seu papel da professora Annie Sullivan, em "O Milagre de Anne Sullivan" ("The Miracle Worker"), que ensinou Helen Keller, que nasceu surda e cega, e onde também era dirigida por Penn.

Perdendo o papel na adaptação cinematográfica de "Two for the Seesaw" para Shirley MacLaine, Arthur Penn resistiu às pressões dos estúdios para contratar uma actriz mais com mais "glamour" para a adaptação de "The Miracle Worker". Em consequência dessa firme decisão, o orçamento para o filme foi muito mais pequeno. Mas Penn tinha razão: com "O Milagre de Ann Sullivan", Bancroft recebeu o Óscar de Melhor Atriz e Patty Duke, também repetindo a interpretação na peça como Keller, o de Actriz Secundária. A sua ausência na cerimónia contribuiu para mais um capítulo lendário da história de Hollywood, quando o seu prémio foi recebido por Joan Crawford, incendiando assim ainda mais a relação de ódio com Bette Davis, que estava nomeada esse ano pela 12.ª vez, por "O Que terá acontecido a Babby Jane", filme em que Crawford e Davis trabalharam juntas.

Costuma dizer-se que Anne Bancroft teve duas carreiras, uma nos anos 50, e outra nas décadas seguintes. 

Os anos 60 são de trabalhos para a imortalidade:
- "The Pumpkin Eater" (1964, 2.ª nomeação aos Óscares, e prémio no Festival de Cannes), de Jack Clayton, 
- "Chamada Para a Vida" (1965), de Sydney Pollack, 
- "Sete Mulheres" (1965), de John Ford. 

A popularidade de Bancroft atingiu o auge com um marcante filme "geracional": "A Primeira Noite" ("The graduate"), 1967, 3.ª nomeação aos óscares, de Mike Nichols, em que Bancroft interpretou a mãe da namorada de Benjamin Braddock (Dustin Hoffman), simplesmente conhecida como Mrs. Robinson. Foi um papel que ela, desaconselhada por várias pessoas, quase recusou: o da "mulher mais velha a fazer sexo com um jovem". Entre muitas frases famosas que ficaram, destaca-se naturalmente quando o confuso e inexperiente Benjamin se dirige a Mrs. Robinson e diz "Mrs. Robinson, está-me a tentar seduzir… não está?".
Embora a sua carreira tenha ficado definida por esse papel (mais do que aquele que lhe deu o Óscar) e nunca tenha sido tão popular como nesse momento, que a levou ao longo dos anos a proclamar o seu espanto por as pessoas nunca terem ultrapassado o seu impacto (o que não será difícil de explicar se pensarmos que, independentemente do filme, também está ligada à canção de Simon & Garfunkel), o estatuto como uma das actrizes mais respeitadas nos palcos, cinema e televisão manteve-se desde então.

Entre os filmes e trabalhos em televisão que merecem destaque contam-se "O Jovem Leão" (1972), de Richard Attenborough, "A Última Loucura de Mel Brooks" (1976), como ela própria, "Jesus de Nazaré" (1977), de Franco Zeffirelli (televisão), "A Grande Decisão" (1977, 4.ª nomeação), de Herbert Ross, ao lado de Shirley MacLaine. 
Novamente inesquecível em "O Homem-Elefante" (1980), também ele um trabalho inesquecível de David Lynch, produzido por Mel Brooks, "Ser ou Não Ser" (1983), de Alan Johnson (ao lado do seu marido), "Garbo e Eu" (1984), de Sidney Lumet, "Agnes de Deus" (1985, 5.ª nomeação aos óscares), num confronto memorável com Jane Fonda, "A Rua do Adeus", de David Hugh Jones (com Anthony Hopkins e Matthew Broderick).

Nos anos 90, para além de vários papéis em telefilmes, destacam-se presenças secundárias, mas marcantes, nos filmes "A Assassina" (1993), de John Badham, "Onde Reside o Amor" (1995), de Jocelyn Moorhouse, "Fim-de-Semana em Família" (1995), de Jodie Foster, "Espírito do Sol" (1996), um filme injustamente esquecido de Michael Cimino, "G.I. Jane" (1997), de Ridley Scott, "Grandes Esperanças" (1998), questionável experiência na língua inglesa por parte de Alfonso Cuarón, no filme protagonizado por Ethan Hawke e Gwyneth Paltrow, "Antz - A Formiga Z" (1998), de Eric Darnell e Tim Johnson. 

Em 2000, foi a mãe de Ben Stiller em "Sedutora Tentação". Ainda em 2000, "Paixão em Florença" que antecedeu o seu último filme, onde teve um pequeno, mas delicioso papel, "Matadoras" (2001).

Em 2002,  ainda regressou ao teatro, após uma ausência de 21 anos, com a peça off-Broadway "Occupant", de Edward Albee. Em 2003, fez o seu último trabalho à frente das câmaras, no telefilme "The Roman Spring of Mrs. Stone", pelo qual foi nomeada para um Emmy. Terá feito ainda a voz no filme de animação Delgo, de Marc F. Adler e Jason Maurer, ainda por estrear.

Uma ironia, já que em "A Grande Decisão", interpretara uma bailarina que abdicara da vida pessoal para prosseguir a sua carreira. Em 2000, reflectiu sobre o que pensou quando conheceu Brooks: "Este tipo parece-se com o meu pai e age como a minha mãe. É o indicado para mim." No dia seguinte a tê-lo conhecido, disse à sua psiquiatra: "Vamos despachar este processo, conheci o homem certo". Foi ela que o convenceu a fazer a adaptação musical do seu filme "O Falhado Amoroso", onde, após ver os ensaios com Nathan Lane e Matthew Broderick, percebeu a falta que o teatro lhe fazia, daí ter feito o citado regresso após tantos anos. Aliás, uma das suas últimas presenças foi com o marido na série da HBO "Curb Your Entusiasm", de Larry David, interpretando uma paródia a uma cena de "The Producers".

Em 1980, Bancroft teve a única experiência em que acumulou funções como actriz, argumentista e realizadora, com "Água na Boca". Já na cerimónia dos Óscares de 1993, ela e Dustin Hoffman fizeram uma rábula à volta da famosa pergunta sobre a sedução de "A Primeira Noite". Mas, desta vez, a resposta foi "agora já não"…

Vida pessoal
Foi casada duas vezes; o primeiro casamento foi com Martin May, tendo a união durado de 1 de Julho de 1953 até 13 de Fevereiro de 1957, não tendo tido filhos deste casamento. Em 1961, Bancroft conheceu Mel Brooks num ensaio para o show de variedades de Perry Como. Bancroft e Brooks acabaram por se casar a 5 de Agosto de 1964, e ficaram juntos até à sua morte. Tiveram um filho, Maximillian, nascido em 1972.

Morte
Anne Bancroft morreu, aos 73 anos, de cancro no útero, a 6 de Junho de 2005, no Mount Sinai Hospital, em Nova York. A sua morte surpreendeu muitos, até mesmo alguns dos seus amigos. Foi enterrada no Cemitério Kensico em Valhalla (Nova York), perto dos seus pais, Mildred e Michael Italiano. Um monumento de mármore branco, com um anjo chorando, adorna o seu túmulo.





Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia e na IMDB.


T O P    F I V E   (Recomendado)


O Milagre de Anne Sullivan (1962)

A Primeira Noite (1967)

A Grande Decisão (1977)

O Homem Elefante (1980)

Agnes de Deus (1985)




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