domingo, 6 de julho de 2014

Marcello Mastroianni (1924–1996)





Marcello Vincenzo Domenico Mastrojanni - nascido em Fontana Liri (Lazio), a 28 de Setembro de 1924, e falecido em Paris, a 19 de Dezembro de 1996 - foi um actor de cinema italiano. É considerado o maior actor da Itália e um dos melhores actores de todos os tempos.

Marcello nasceu na pequena Fontana Liri, em Ciociaria, filho de Ottone e Ida Irolle. Era sobrinho do célebre escultor Umberto Mastroianni, irmão de Ottone. A sua família era originaria de Arpino. Mastroianni passou a infância na  sua cidade natal, tendo, depois, seguido com a família para Turim e Roma.

Em 1945, começou a trabalhar para uma empresa de cinema, como figurante, em "Marionette" de Carmine Gallone, em "La corona di ferro" de Alessandro Blasetti, em "Una storia d'amore" de Mario Camerini, e em "I bambini ci guardano" de Vittorio De Sica.

Em 1943, obteve o diploma de empreiteiro no Instituto Técnico-industrial Carlo Grella (actualmente Galileo Galilei).

Em 1945, começou a ter as primeiras aulas de teatro e, novamente, bateu à porta do cinema. Nesta época, partilhou as suas aspirações como actor com uma jovem então desconhecida, Silvana Mangano, com quem viveu um breve romance.

A sua verdadeira estreia no cinema ocorreu em 1948, com "I miserabili", filme de Riccardo Freda, uma adaptação cinematográfica do livro homónimo "Os Miseráveis", de Victor Hugo. Nesta mesma época, começou a fazer pequenas participações no teatro, primeiro em companhias amadoras. Foi notado por Luchino Visconti, que lhe ofereceu o seu primeiro personagem como actor profissional, em "As You Like It", de William Shakespeare - em 1948, no Teatro Eliseo - Roma - e, depois, em "Um Eléctrico Chamado Desejo", de Tennessee Williams (1949, Teatro Eliseo - Roma), onde interpretou Mitch. Nesta ocasião, conheceu Flora Carabella, sua primeira esposa, que interpretava um papel menor. Casaram em 1950 e tiveram uma filha, Barbara.

Depois de ter interpretado, sob a direcção de Luciano Emmer, diversos papéis em comédias neo-realistas ("Domenica d'agosto", "Parigi è sempre Parigi", "Le ragazze di Piazza di Spagna"), chegaram os primeiros papéis dramáticos em "Febbre di vivere" de Claudio Gora, "Cronache di poveri amanti" de Carlo Lizzani, "Le notti bianche" de Luchino Visconti e "Peccato che sia una canaglia", filme de 1954, com direcção do cineasta Alessandro Blasetti.

A afirmação definitiva chegou em 1958, com "I soliti ignoti", "Adua e le compagne" (1960) e "Il bell'Antonio" (1961).

Com "Divórcio à Italiana" (1961) ganhou o Nastro d'Argento, o prêmio BAFTA e uma nomeação ao Óscar como melhor actor.

As duas obras-primas de Federico Fellini, "A Doce Vida" (1960) e "8½" (1963), proporcionaram-lhe o sucesso internacional e a fama de latin lover, da qual iria defender-se, mais ou menos inutilmente, quando se tornou mais velho. Esta foi a razão pela qual, logo após o sucesso de "A Doce Vida", e para se afastar do mito de sex symbol, ter aceitado interpretar o papel de um impotente no filme "Il bell'Antonio", adaptação cinematográfica do livro homónimo de Vitaliano Brancati.

Em 1962, a revista norte-americana TIME dedicou-lhe um artigo, designando-o como "o actor estrangeiro mais admirado nos Estados Unidos".

O seu fascínio como actor não vinha apenas da sua beleza e da interpretação sempre de altíssimo nível, mas também de um certo "descaso", às vezes escondido, em que parecia revelar uma melancolia e, por vezes, mesmo uma certa timidez.

Em 1963, interpretou em "Os Companheiros", de Mario Monicelli, uma peculiar personagem: um intelectual comunista que fomenta a revolta numa fábrica.

Sob a direcção de Vittorio De Sica, com Sophia Loren como protagonista feminina, actuou em "Ontem, Hoje e Amanhã" (1963), "Matrimonio all'italiana" (1964) e "I girasoli" (1969). O casal que formou com Sophia Loren foi uma das parcerias artísticas mais bem sucedidas do cinema italiano, que se desdobrou com episódios memoráveis ao longo da carreira de ambos.

Em 1966, estreou-se na comédia musical, interpretando, durante cerca de três meses, o papel de Rodolfo Valentino em "Ciao Rudy de Garinei e Giovannini", cantando e dançando todas as noites e tentando alcançar uma reputação diferente da que tinha sido criada a seu respeito. um eterno preguiçoso. A crítica não foi terna com ele, e, mesmo com os ingressos constantemente esgotados, Mastroianni saiu de cena e pagou uma multa de 100 milhões de liras para filmar "Il viaggio di G. Mastorna, detto Fernet" de Federico Fellini, projecto que o realizador nunca conseguiu levar a bom porto porque não conseguiu angariar o dinheiro suficiente para o produzir.

Em 1968, filmou "Um Lugar para os Amantes" sob a direcção de Vittorio De Sica. A protagonista feminina era Faye Dunaway, com quem teve um breve, mas muito comentado, romance. Neste mesma época fez alguns filmes em língua inglesa, mas, ao contrário de Sophia Loren, que falava um inglês perfeito, Marcello tinha dificuldades com a língua.

Em 1971, trabalhou com Marco Ferreri em "Liza", onde conheceu Catherine Deneuve, com a qual teve um longo relacionamento, e do qual nasceu a também actriz Chiara. No ano seguinte, transferiu-se para Paris e teve oportunidade, entre 1972 e 1974, de trabalhar em muitos filmes franceses.

Retornando à Itália, voltou a interpretar papéis em comédias leves ("Culastrisce, nobile veneziano", "La pupa del gangster"), filmes de autor ("Juízo Final", "Una giornata particolare"), dramas fortes ("Esposamante", "Per le antiche scale") e filmes grotescos ("Ciao maschio", "Fatto di sangue fra due uomini per causa di una vedova, si sospettano moventi politici").

Em 1978, estreou-se num filme de drama para a televisão: "Le mani sporche", de Elio Petri, baseado em Jean Paul Sartre. Antes disso, Mastroianni nunca havia trabalhado na televisão, com excepção de algumas aparições como anfitrião em "Studio Uno", ao lado de Mina Mazzini e de Sandra Milo.

Em 1980, foi chamado por Federico Fellini, que, dezoito anos após 8½, o escolheu novamente como protagonista em "A Cidade das Mulheres". Voltaram a trabalhar, de novo juntos, em 1985, em "Ginger e Fred", ao lado de Giulietta Masina e, em 1987, em "Intervista".

Em 1988, foi protagonista, juntamente com Massimo Troisi, em "Splendor" e "Che ora è?", ambos dirigidos por Ettore Scola. Por este último filme, os dois protagonistas recebem a Coppa Volpi na Mostra de Veneza.

Nos anos 1990, Marcello Mastroianni filmou sobretudo no exterior, com grandes realizadores do cinema internacional.

Em 1996, descobriu que tinha um cancro no pâncreas, mas, mesmo assim, continuou a trabalhar no que seria o seu último filme, "Viagem ao Princípio do Mundo", de Manoel de Oliveira. Nos intervalos deste filme gravou uma longa conversa sobre a sua vida ("Mi ricordo, sì… mi ricordo"), sob direcção de Annamaria Tatò, a sua última companheira, que é considerada por muitos como o seu "testamento espiritual".

Marcello morreu aos 72 anos, no seu apartamento em Paris, tendo Catherine Deneuve ao seu lado, juntamente com a filha de ambos, Chiara. 

Marcello entrou em mais de 140 filmes em 49 anos de carreira.

Foi enterrado no cemitério Campo di Verano, em Roma.

Mastroianni e Jack Lemmon são os únicos actores, até hoje, a ganhar duas vezes o prémio de melhor actor no Festival de Cannes. Mastroianni ganhou, em 1970, por "Dramma della gelosia (tutti i particolari in cronaca" e, em 1987, por "Olhos Negros".





Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia e na IMDB.


T O P    F I V E   (Recomendado)


A Doce Vida (1960)

Divórcio à Italiana (1961)

A Noite (1961)

Fellini Oito e Meio (1963)

Olhos Negros (1987)



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