domingo, 10 de abril de 2016

Peter Bogdanovich (1939 - ...)






Peter Bogdanovich - nascido a 30 de Julho de 1939, em Kingston (EUA) - é um cineasta norte-americano.

Faz parte da geração de realizadores designada por "Nova Hollywood" ou ainda, movie brats, (na qual estão incluídos William Friedkin, Brian DePalma, George Lucas, Martin Scorsese, Steven Spielberg, Michael Cimino e Francis Ford Coppola, entre outros). O seu filme mais conhecido é "The Last Picture Show" ("A Última Sessão")
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Trabalha como crítico e historiador de cinema desde a década de 1960, tendo entrevistado muitos cineastas/realizadores do meio, bem como actores e actrizes, entre os quais Alfred Hitchcock, Allan Dwan, John Ford, Howard Hawks, e muitos outros. Estas entrevistas renderam-lhe vários livros e documentários (ver lista de livros abaixo). Foi amigo pessoal de muitos destes profissionais, inclusive de Orson Welles, o qual lhe concedeu várias entrevistas que foram reunidas no livro "Este é Orson Welles" ("This is Orson Welles").


Origens

Peter Bogdanovich é filho de imigrantes fugitivos da Europa dominada pelo nazismo: seu pai, Borislav Bogdanovich (1899-1970) era pintor e pianista sérvio, e a sua mãe, Herma Robinson Bogdanovich (1918-1979), era filha de uma família rica de judeus austríacos.

Estudou representação com a professora e actriz Stella Adler, por volta de 1955. No início dos anos 60, Bogdanovich começou a programar festivais de cinema para o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque. É um espectador obsessivo de filmes: quando jovem, chegou a assistir a mais de 400 filmes num ano. Bogdanovich tirou do esquecimento e revalorizou o trabalho de cineastas americanos como John Ford, sobre quem escreveu um livro, baseado nas suas notas tomadas enquanto produzia a retrospectiva sobre o diretor no MoMa; ou sobre o subestimado Howard Hawks. Também deu atenção aos pioneiros do cinema americano, até então ignorados, como Allan Dwan.


Crítica e primeiros filmes

Bogdanovich foi influenciado pelos críticos franceses dos anos 50 da revista Cahiers du Cinéma, especialmente pelo diretor, actuando especialmente como crítico, François Truffaut. Antes de Bogdanovich se ter tornado ele mesmo um realizador, construiu uma séria reputação como crítico de cinema na revista Esquire. 

Em 1968, seguindo os exemplo dos críticos do Cahiers du Cinéma como Truffaut, Jean-Luc Godard, Claude Chabrol, e Éric Rohmer, os criadores da Nouvelle Vague("Nova Onda"), que faziam os seus próprios filmes, Bogdanovich decidiu tornar-se, também, um realizador. Ele e a sua esposa Polly Platt fizeram as malas e partiram para Los Angeles. Pretendendo penetrar na indústria do cinema, a persistência de Bogdanovich foi recompensada quando passou a ser convidado para as festas e premiéres de filmes da indústria cinematográfica. Durante uma exibição, Bogdanovich conseguiu conversar com o realizador Roger Corman. Corman declarou que tinha gostado de um artigo que Bogdanovich havia escrito para a revista Esquire. Durante a conversa, Corman ofereceu-lhe emprego como realizador, que foi, naturalmente, aceite. Trabalhou com Corman em "Na Mira da Morte" e "Voyage to the Planet of Prehistoric Women". Bogdanovich, mais tarde, disse sobre o estilo de realizar de Corman: "Eu fui da lavandaria até à realização do filme em três semanas. Ao todo, trabalhei vinte e duas semanas - pré-produção, filmagem, segunda unidade, corte, dublagem - nunca havia aprendido tanto até então".

Retornando ao jornalismo, Bogdanovich iniciou uma amizade de muitos anos com Orson Welles, ao entrevistá-lo no set de filmagem do filme de Mike Nichols, "Artigo 22". Bogdanovich desempenhou um papel crucial em enaltecer Welles e a a sua carreira de argumentista e actor-realizador, no seu livro "Este é Orson Welles" ("This is Orson Welles"), de 1992. No início dos anos 70, quando Welles teve problemas financeiros, Bogdanovich acolheu-o na sua mansão em Bel Air durante um período de dois anos.

Em 1970, Bogdanovich foi contratado pelo American Film Institute para dirigir um documentário-tributo a John Ford, "Directed by John Ford" (1971). O resultado foi um registro considerado clássico sobre Hollywood, que inclui entrevistas com John Wayne, James Stewart, Henry Fonda, narrado por Orson Welles. Fora de circulação por muitos anos, Bogdanovich e TCM lançaram em 2006 uma nova versão, com novas cenas de filmes do realizador, e entrevistas adicionais com Clint Eastwood, Walter Hill, Harry Carey, Jr., Martin Scorsese, Steven Spielberg e outros.


Primeiros êxitos

O cineasta, então com 32 anos, foi aclamado pelos críticos como um garoto-prodígio, nos moldes de Orson Welles, ao realizar o seu filme mais conhecido, "The Last Picture Show", em 1971. O filme recebeu oito nomeações ao Óscar, incluindo Melhor Realizador para Bogdanovich e Melhor Filme. Ganhou duas estatuetas: Cloris Leachman e Ben Johnson nas categorias de Melhor Actriz Secundária e Melhor Actor Secundário. Cybill Shepherd, que interpretou o papel de Jacy Farrow, e Bogdanovich, apaixonaram-se durante as filmagens. O caso ocasionou o seu divórcio com Polly Platt, colaboradora de longa data e mãe dos seus dois filhos.

O filme seguinte de Bogdanovich, outro sucesso, foi "Que se passa, Doutor?" (1972), estrelando Barbra Streisand e Ryan O'Neal, numa "comédia louca" (screwball comedy) que deve muito a "Duas Feras" (1937) e "Bola de Fogo" (1941), ambos dirigidos por Howard Hawks. Apesar da sua "dívida" com os grandes cineastas do passado, Bogdanovich solidificou o seu status como um dos grandes realizadores do cinema, como os premiados Francis Ford Coppola e William Friedkin, com os quais formou "The Directors Company", um contrato de produção vantajoso com a Paramount Pictures, que deu aos realizadores carta branca, se eles se mantivessem dentro das limitações do orçamento combinado. Foi por meio deste contrato que Bogdanovich dirigiu "Lua de Papel" (1973).

"Lua de Papel", uma comédia ambientada na era da Depressão americana, era estrelada por Ryan O'Neal, cuja filha Tatum O'Neal, então com 10 anos de idade, integrante do elenco, ganhou o Óscar de Melhor Actriz Secundária. Este filme marcou um dos melhores momentos da carreira de Bogdanovich.

Forçado a dividir os ganhos com os seus amigos realizadores, Bogdanovich ficou insatisfeito com o arranjo. "The Directors Company" produziu somente mais dois filmes, "The Conversation" (1974), de Coppola, e "Daisy Miller", de Bogdanovich, que teve uma recepção fria da crítica.


Fracassos

Uma adaptação do romance de Henry James, "Daisy Miller - Uma Mulher às Direitas" (1974), marcou o início do fim da carreira de Bogdanovich como um realizador popular. O filme, cuja personagem-título foi interpretado por Cybill Shepherd, noiva do realizador, foi rejeitado pelos críticos e tornou-se um fracasso de bilheteira
.
O filme seguinte de Bogdanovich's, um roteiro original, cujo título foi retirado de uma canção de Cole Porter, "Amor Eterno" ("At Long Last Love"), de 1975, protagonizado por Shepherd seria, na opinião dos críticos da época, um dos piores filmes já realizados. Esta película também foi um fracasso junto do público, apesar de contar com Burt Reynolds, um astro do cinema na década de 1970.

Tentando, novamente, reviver técnicas antigas do cinema, Bogdanovich insistiu em filmar os números musicais de "At Long Last Love" ao vivo/em directo, um processo que não era utilizado desde os primeiros dias dos filmes falados. A decisão foi muito ridicularizada já que ninguém no elenco era conhecido propriamente pelas suas habilidades musicais. (Bogdanovich também produziu um disco, em 1974, mal-recebido pela crítica, no qual Cibyll Shepherd cantava canções de Porter).

Bogdanovich voltou aos velhos triunfos e tradições do cinema com "O Vendedor de Sonhos" ("Nickelodeon"), em 1976, uma comédia que reconta os primeiros dias da indústria cinematográfica, que reuniu novamente no mesmo elenco Ryan e Tatum O'Neal, além de Burt Reynolds. Aconselhado a não utilizar a impopular Shepherd no filme, Bogdanovich deu uma chance à novata Jane Hitchcock, no papel da "mocinha ingénua". Infelizmente, a magia de "Paper Moon" não se repetiu e o filme foi outro fiasco.


O caso Dorothy Stratten

Depois de uma pausa de três anos, Bogdanovich voltou à cena com o filme "Noites de Singapura" ("Saint Jack"), de 1979, realizado para a Playboy Productions, de Hugh Hefner. O relacionamento de Bogdanovich e Shepherd havia terminado em 1978, mas a produção do filme era parte de um acordo judicial que Shepherd tinha ganho contra Heffner, que havia publicado fotos da actriz nua, "pirateadas" do filme "The Last Picture Show", na revista Playboy.

Bogdanovich lançou-se, então, no filme que seria o Waterloo da sua carreira, "Romance em Nova Iorque" ("They All Laughed"), de 1981, uma comédia de baixo custo, estrelada por Audrey Hepburn e a Miss Playboy de vinte anos Dorothy Stratten. Durante as filmagens, Bogdanovich apaixonou-se por Stratten, que era casada com o salva-vidas Paul Snider. Stratten decidiu abandonar Snider e juntar-se a Bogdanovich. Quando revelou essa determinação a Snider, este matou-a e, em seguida, suicidou-se.

"They All Laughed" teve a distribuição comprometida devido à publicidade negativa causada pela morte trágica de Stratten, apesar de ser um dos poucos filmes em que Audrey Hepburn actuou depois da sua "aposentadoria provisória" em 1967 (seria mesmo o último filme em que a actriz actuaria no papel principal). Bogdanovich comprou os direitos sobre o negativo do filme, para que ninguém o visse, embora a produção tenha sido vista num lançamento limitado e despertado uma reação fraca da crítica. O episódio fez com que Bogdanovich perdesse milhões de dólares, levando-o à falência. ONo entanto, o cineasta Quentin Tarantino listou-o como um dos "Dez Melhores Filmes de Todos os Tempos", em 2002.


Factos e trabalhos mais recentes

O cineasta voltou à escrita, dado ter a carreira no cinema em crise, e começa pelas memórias de Dorothy, "The Killing of the Unicorn: Dorothy Stratten (1960-1980)", publicadas em 1984. O artigo sobre o assassinato de Stratten, escrito por Teresa Carpenter, "Death of a Playmate" ("Morte de uma Playmate"), foi publicado na revista The Village Voice e ganhou o Prêmio Pulitzer em 1981. Embora Bogdanovich não tenha criticado o artigo de Carpenter, no seu livro, a autora levantou a sua voz contra ele e Hefner, alegando que Stratten era uma vítima dos dois tanto quanto fora de Snider. Em particular, criticou Bogdanovich por cultivar, em relação à Stratten, "uma preferência infantil por personagens ingenuas". O artigo de Carpenter serviu como base para o filme de Bob Fosse "Star 80" (1983), no qual Bogdanovich foi retratado como um cineasta fictício, uma pessoa bondosa, mas um tanto desorientada e ingénua.

Apesar de ter conseguido um sucesso moderado com "Máscara" ("Mask") de 1985. Já a sua sequência de "The Last Picture Show", "Texasville", de 1990, foi um fracasso de público e de crítica. Ambos os filmes foram objetos de disputa pois Bogdanovich ainda exigia maior controle sobre os seus filmes, mas os estúdios mantiveram nas suas mãos o orçamento e a montagem de ambos.

"Mask" contou com trilha sonora de Bob Seger, contra o desejo do cineasta que queria Bruce Springsteen. Quanto a "Texasville", Bogdanovich, frequentemente, queixava-se que a versão exibida não era a que pretendia fazer. Uma versão de realizador de "Mask", ligeiramente mais longa e com as canções de Springteen, foi lançada em DVD em 2006. Outra, de "Texasville", foi lançada em laserdisc mas nunca em DVD. Na época das filmagens de "Texasville", Bogdanovich também revisitou o seu primeiro sucesso, "The Last Picture Show", e acabou produzindo uma versão de realizador ligeiramente modificada. Desde esta época, que esta versão é a única disponível do filme.

Bogdanovich dirigiu outros dois filmes de seguida:"Apanhados no Acto" ("Noises Off…"), de 1992, que se tornou, anos depois, um cult movie, enquanto que o outro, "O Grande Sonho" ("The Thing Called Love"), de 1993, ficou conhecido, erroneamente, como a última vez em que o actor River Phoenix actuou no cinema.


Livros´

The Killing Of The Unicorn - Dorothy Stratten 1960-1980, William Morrow and Company 1984, ISBN 0-688-01611-1.
This Is Orson Welles, HarperPerennial 1992, ISBN 0-06-092439-X
Peter Bogdanovich's Movie of the Week
Afinal, quem faz os filmes?
Who the Hell's in It: Conversations with Hollywood's Legendary Actors


Prémios e nomeações

Recebeu uma nomeação ao Óscar de Melhor Realizador, por "The last picture show" (1971).

Recebeu uma nomeação ao Óscar de Melhor Argumento Adaptado, por "The last picture show" (1971).

Recebeu duas nomeações ao Globo de Ouro de Melhor Realizador, por "The last picture show" (1971) e "Paper Moon" (1973).

Recebeu uma nomeação ao BAFTA de Melhor Realizador, por "The last picture show" (1971).

Ganhou o BAFTA de Melhor Argumento, por "The last picture show" (1971).

Ganhou o Prémio FIPRESCI no Festival de Locarno, por "The Cat's Meow" (2001).


FILMOGRAFIA (como realizador)

  One Lucky Moon (pre-production) 
 2014 Ela é Mesmo... o Máximo 
 2007 Tom Petty and the Heartbreakers: Runnin' Down a Dream (Documentary) 
 2004 Hustle (TV Movie) 
 2004 Os Sopranos (TV Series) (1 episode) 
- Sentimental Education (2004)
 2004 The Mystery of Natalie Wood (TV Movie) 
 2001 O Miar do Gato 
 1999 Santa Balbúrdia (TV Movie) 
 1998 Cidade Nua: Suspeitas Fatais (TV Movie) 
 1997 Rescuers: Stories of Courage: Two Women (TV Movie) 
 1997 The Price of Heaven (TV Movie) 
 1996 To Sir, with Love II (TV Movie) 
 1995 24 Horas para a Morte (TV Series) (1 episode) 
- A Dime a Dance (1995)
 1995 Never Say Goodbye AIDS Benefit by Yoko Ono (Video short) 
 1994 Picture Windows (TV Series) (1 episode) 
- Song of Songs (1994)
 1993 O Grande Sonho 
 1992 Apanhados no Acto 
 1990 Texasville 
 1988 Ilegalmente Tua 
 1985 Máscara 
 1981 Romance em Nova Iorque 
 1979 Noites de Singapura 
 1976 O Vendedor de Sonhos 
 1975 Amor eterno 
 1974 Uma Mulher às Direitas 
 1973 Lua de Papel 
 1972 Que Se Passa Doutor? 
 1971 Directed by John Ford (Documentary) 
 1971 A Última Sessão 
 1968 Voyage to the Planet of Prehistoric Women (as Derek Thomas) 
 1968 Targets 
 1967 The Great Professional: Howard Hawks (TV Movie documentary) (interview) 




Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia e na IMDB.


T O P    F I V E  (Recomendado)


A Última Sessão (1971)

Lua de Papel (1973)

Daisy Miller - Uma Mulher às Direitas (1974)

O Vendedor de Sonhos (1976)

A Máscara (1985)





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