Abel Gance - nascido em Paris, a 25 de Outubro de 1889, e falecido, também em Paris, a 10 de Novembro de 1981 - foi um cineasta, produtor, editor de filmes, escritor e actor francês.
Gance era filho ilegítimo. Os seus pais queriam que ele se tornasse um advogado, mas desde a infância que Gance se sentia atraído pelo teatro. Fez a sua primeira apresentação como actor em Bruxelas, com a idade de 19 anos e actuou no seu primeiro filme em 1909 em "Molière".
Gance continuou actuando e escrevendo roteiros antes de formar a sua própria companhia de produção em 1911. No mesmo ano, realizou o seu primeiro filme, "La Digue", mas foi um fracasso. A produção que se seguiu, "Victoire de Samothrace", na qual aparece ao lado de Sarah Bernhardt, foi cancelada com a eclosão da Primeira Guerra Mundial.
Devido à sua frágil saúde, Gance conseguiu não participar na maior parte da guerra, tendo retornado para fazer filmes, agora com mais sucesso. Em 1919, obteve o reconhecimento internacional com o seu filme épico de três horas "J’Accuse", um filme contra a guerra que incluiu cenas de batalhas ao longo do fim da Primeira Guerra. O filme usou técnicas experimentais que Gance desenvolveria mais tarde no seu filme maior, "Napoléon" (1927). O sucesso desse filme foi prejudicado pela duração de seis horas e por necessitar de equipamentos de projecção de filmes especiais para a sua exibição., particularmente na sua parte final onde a tela triplica em tamanho para mostrar um panorama chocante de um campo de batalha.
Um filme debaixo orçamento, pois visava apenas ser um filme secundário, "Vénus aveugle" (1941) - sobre um casal, uma tragédia de barco e fantasia - mostra uma terrível tendência para os efeitos melodramáticos e o constante desejo para a criação de um poderoso imaginário poético. No entanto, o filme tem muitas "quebras de continuidade".
Gance não conseguiu fazer bem a transição do cinema mudo para o falado. Embora tenha continuado a fazer filmes por muitas décadas, nunca mais alcançou o reconhecimento e o sucesso que havia experimentado nos anos de 1920. Gance gastou muito do seu tempo modernizando os seus antigos filmes mudos, produzindo versões sonoras para as suas obras-primas anteriores, "J'Accuse" e "Napoléon".
Abel Gance foi um "gigante" que teve as sua ambições frustradas. Em "La Roue", empregou, pela primeira vez, a chamada "montagem acelerada", com o intuito de transmitir a ideia abstracta da velocidade. Um maquinista enlouquece e abandona o trem que, descontrolado, segue pelos carris fora em direcção à catástrofe. Os planos "decupados" mostram sucessivamente o trem, as rodas em movimento, o rosto calmo de uma passageira que ignora o seu destino. A cada momento, essas imagens são retomadas em planos cada vez mais curtos e gestos cada vez mais rápidos, fazendo o público acompanhar a marcha para o desastre.
Em "Napoléon" (1928), Gance introduziu as técnicas narrativas mais revolucionárias que o cinema conheceu até então: emprega câmaras em trenós, movidas por controle remoto, e objectivas envolvidas em espuma, para serem socadas, câmaras movidas a cilindros de ar comprimido e postas em dorsos de cavalos; tela dividida em nove imagens; câmara acoplada a um pêndulo; máquinas para fazer jorrar milhares de litro de água numa simulação de tempestade; e "poli-visão" com projecção de cenas em três telas justapostas. Na sua versão original, o filme durava 9 horas. Pouco sobrou desse monumento. A indústria cinematográfica era pequena demais para a visão de Gance. Lançado na transição do mundo para o sonoro, o filme foi mutilado de todas as formas pelos distribuidores, para viabilizar sua comercialização. Deve-se ao historiador Kewin Bownlow a mais completa reconstituição de "Napoléon", com pouco mais de cinco horas.
Abel Gance também sonhou, durante toda a sua vida, em materializar num épico a aventura de Cristóvão Colombo, num filme que deveria ser ainda mais grandioso. Sem obter apoio financeiro, o projecto de Gance modificou-se com o tempo, até se transformar num esboço de mini-série de televisão; mas nem assim conseguiu ser realizado; dele restou "apenas" um roteiro de quase mil páginas.
Em 1943, fugiu da França para escapar à ocupação nazi. Voltou a produzir filmes em 1960, com dramas históricos tais como "Austerlitz". Morreu em 1981, de tuberculose, antes que pudesse realizar o seu sonho de fazer o tal filme épico sobre Cristóvão Colombo.
Nota: o presente texto é uma adaptação de outros documentos constantes na Wikipedia e na IMDB.
T O P F I V E como realizador (Recomendado)
J’Accuse 81919)
Napoleão (1927)
Napoléon Bonaparte (1935)
Le capitaine Fracasse (1943)
Cyrano contra d'Artagnan (1964)
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